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As Coisas Têm <strong>de</strong> Mudar — Mas Como? /165<br />
Se me perguntasse qual era a religião <strong>de</strong>ste homem, eu dir-lhe-ia:<br />
a mesma <strong>que</strong> muita gente tem! Ele acreditava no «bom Senhor» ou<br />
talvez mesmo em vários «bons senhores». Nessa altura, todos os<br />
súbditos do Império Romano tinham algum tipo <strong>de</strong> religião, mas<br />
ninguém se preocupava muito com isso. Acontece o mesmo, hoje.<br />
Será <strong>que</strong> se i<strong>de</strong>ntifica com este homem?<br />
De súbito, algo <strong>de</strong> estranho aconteceu; algo <strong>que</strong> jamais<br />
conseguiremos explicar perfeitamente. Primeiro, <strong>por</strong> volta da meia<br />
noite, Paulo pôs-se a cantar um hino <strong>de</strong> louvor em honra <strong>de</strong> Jesus,<br />
talvez ele tivesse precisado <strong>de</strong>sse tempo para aceitar o injusto<br />
tratamento <strong>de</strong> <strong>que</strong> fora alvo: as chicotadas, a prisão, o tronco. Esse tipo<br />
<strong>de</strong> tratamento é muito difícil <strong>de</strong> aguentar. Mas veio-lhe então um<br />
pensamento: «O Senhor Jesus, o Filho <strong>de</strong> Deus, remiu-me com o seu<br />
sangue. Eu sou um filho <strong>de</strong> Deus. Tenho paz com ele. Mesmo aqui na<br />
prisão, Deus segura-me com a sua mão.» Assim, Paulo irrompeu num<br />
canto <strong>de</strong> louvor e Silas juntou-se-lhe, cantando o contralto ou o baixo.<br />
Era maravilhoso! Os outros presos ouviam-nos cheios <strong>de</strong> espanto,<br />
pois nunca antes se tinham ouvido tais sons na prisão. E com muita<br />
razão!<br />
Nos períodos em <strong>que</strong> estive <strong>de</strong>tido, vim a saber como são as prisões<br />
da polícia do Estado. A única coisa <strong>que</strong> se ouve são pragas, gritos e<br />
palavras <strong>de</strong> revolta dos presos, juntamente com os gritos dos guardas.<br />
Quando um dia comecei a cantar um hino, eles vieram imediatamente<br />
or<strong>de</strong>nar-me <strong>que</strong> me calasse. No nosso tempo, eles já compreen<strong>de</strong>m<br />
<strong>que</strong> é perigoso <strong>de</strong>ixar <strong>que</strong> alguém cante louvores a Deus, mas na altura<br />
não era assim.<br />
Paulo e Silas continuaram a cantar. É claro <strong>que</strong> o carcereiro ficou<br />
muito surpreendido. «Por Júpiter!» — pensou ele consigo — «<strong>que</strong> é<br />
<strong>que</strong> eles estão a cantar?» Apurou o ouvido. «Olha, são cânticos<br />
religiosos...» — exclamou — «e aqui na prisão! Na<strong>que</strong>la cela lá em<br />
baixo há boas razões para o moral dos presos baixar bastante. E estes<br />
presos estão a cantar em honra do seu Deus!» O carcereiro voltou para<br />
a cama. Mal se tinha <strong>de</strong>itado outra vez, quando sentiu o abalo dum<br />
violento terramoto. Fora Deus <strong>que</strong> o provocara. Todas as <strong>por</strong>tas da<br />
prisão se abriram. As ca<strong>de</strong>ias dos presos rebentaram. O carcereiro<br />
saltou da cama, vestiu-se o mais <strong>de</strong>pressa <strong>que</strong> pô<strong>de</strong> e <strong>de</strong>scobriu <strong>que</strong><br />
as <strong>por</strong>tas estavam abertas. «Céus! Os presos escaparam-se.»—gritou<br />
ele. «Estou <strong>de</strong>sgraçado. Estou liquidado!» Estava prestes a cometer<br />
suicídio, quando ouviu a voz <strong>de</strong> Paulo, vinda lá <strong>de</strong> baixo: «Não faças<br />
mal a ti mesmo. Nós estamos todos aqui!»