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REGINA LÚCIA GONÇALVES PEREIRA SILVESTRINI Da paixão ao ...

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prazer. O sublime não é conciliável com clareza das idéias, com<br />

sofrimento a „representação clara‟ da natureza: o sublime exige<br />

obscuridade, o terror, o sofrimento, a grandeza.<br />

Depreende-se que a linguagem verbal, a poesia e a eloqüência podem gerar a<br />

experiência sublime, porque só elas podem despertar e agitar poderosamente as paixões. A<br />

pintura é admirada e amada com frieza, em contraste com o calor e a força arrebatadora das<br />

paixões que a poesia desencadeia.<br />

Aguiar Silva (1990) explica que Lessing defende a diferença entre a poesia e a<br />

pintura através dos símbolos usados pela pintura, figuras existentes no espaço, e os<br />

símbolos usados pela poesia como sons articulados no tempo. Os símbolos da pintura são<br />

naturais, enquanto os utilizados pela poesia são arbitrários. Sendo assim, a pintura pode<br />

representar objetos que existem simultaneamente no espaço, <strong>ao</strong> passo que a poesia pode<br />

representar objetos que se sucedem no tempo. A pintura, em contraste com a poesia, é<br />

incapaz de contar histórias e de articular e exprimir idéias universais. Resumindo, a poesia<br />

é uma arte do tempo, do movimento e da ação, e a pintura é uma arte do espaço, da ação<br />

imobilizada, da statis.<br />

.2.1.1 A leitura do texto não verbal<br />

De acordo com Manguel (2001), Flaubert opunha-se à idéia das imagens<br />

acompanharem as palavras. “[...] Recusou-se a admitir que qualquer ilustração<br />

acompanhasse sua obra, porque as achava pictóricas e reduziam o universal <strong>ao</strong> singular.”<br />

(p.20)<br />

Justifica Flaubert (apud Manguel, 2001):<br />

“Ninguém jamais vai me ilustrar enquanto estiver vivo, porque a<br />

descrição literária mais bela é a devorada pelo mais rele desenho. Assim<br />

que um personagem é definido pelo lápis, perde seu caráter geral, aquela<br />

concordância com milhares de outros objetos conhecidos que leva o leitor<br />

a dizer „eu já vi isto‟, ou „deve ser assim ou assado‟. Uma mulher<br />

desenhada a lápis parece uma mulher, e só isso. A idéia, portanto, está<br />

encerrada, completa, e todas as palavras, então, se tornam inúteis, <strong>ao</strong><br />

passo que uma mulher apresentada por escrito evoca milhares de mulheres<br />

diferentes. Por conseguinte, uma vez que se trata de uma questão de<br />

estética, eu formalmente rejeito todo tipo de ilustração.” (p.20)<br />

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