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REGINA LÚCIA GONÇALVES PEREIRA SILVESTRINI Da paixão ao ...

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com que o leitor se coloque no texto e imagine sua atuação dentro daquela “reformulação<br />

de uma realidade já formulada” (ISER, 1999, p. 16).<br />

A formação da imagem constitui-se importante estudo para a Estética de Recepção,<br />

pois o sentido não é uma idéia expressa discursivamente, por meio de uma linguagem<br />

referencial, mas tem caráter de imagem. O texto traz lugares vazios (blanks) que deverão<br />

ser preenchidos pelo leitor com sua imaginação, de forma que o seu sentido é apreendido<br />

como imagem, algo não expresso verbalmente, mas que concretiza aquilo que não existia.<br />

Iser (1999, p. 33) define que: “O sentido é o objeto, a que o sujeito se dirige e que tenta<br />

definir guiado por um quadro de referência”. A imagem promove o sentido e é resultado<br />

dos processos de combinação e apreensão do leitor, frente à matéria textual:<br />

Se a princípio é a imagem que estimula o sentido que não se encontra<br />

formulado nas páginas impressas do texto, então ela se mostra como o<br />

produto que resulta do complexo de signos do texto e dos atos de<br />

apreensão do leitor. O leitor não consegue mais se distanciar dessa<br />

interação. Ao contrário, ele relaciona o texto a uma situação pela atividade<br />

nele despertada; assim estabelece as condições necessárias para que o<br />

texto seja eficaz. Se o leitor realiza os atos de apreensão exigidos, produz<br />

uma situação para o texto e sua relação com ele não pode ser mais<br />

realizada por meio da divisão discursiva entre Sujeito [leitor] e Objeto<br />

[sentido]. Por conseguinte, o sentido não é mais algo a ser explicado, mas<br />

sim um efeito a ser experimentado (ISER, 1999, p. 33-34).<br />

Depreende-se que o sentido não consegue ser explicado, apenas percebido como<br />

efeito, a partir da participação do leitor na leitura. Isso acontece porque, <strong>ao</strong> explicar o<br />

sentido de um texto, o leitor utiliza como referência a realidade e coloca no mesmo nível o<br />

que surgiu por meio do texto ficcional e a realidade extra-textual, segundo o autor.<br />

As sínteses também acontecem em forma de imagem. Iser (1999) explica que<br />

representações são criadas no decorrer da leitura do texto ficcional, porque os signos do<br />

texto se limitam a orientar o leitor como o objeto deve ser construído. Esclarece ainda que:<br />

a “imagem é, portanto, a categoria básica da representação. Ela se refere<br />

<strong>ao</strong> não-dado ou ausente, dando-lhe presença. Mas a imagem possibilita<br />

também a representação de inovações que se constituem quando o saber<br />

previamente estabelecido é desmentido, ou seja, quando Determinadas<br />

combinações de signos não são familiares” (p. 58-59).<br />

Exemplifica o autor com a construção da personagem, justificando que não se pode<br />

imaginar uma personagem na sua totalidade, porque ela se constitui das várias facetas que<br />

vão sendo descobertas <strong>ao</strong> longo da leitura, modificando-as, diferentemente do cinema, onde<br />

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