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REGINA LÚCIA GONÇALVES PEREIRA SILVESTRINI Da paixão ao ...

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Na vinheta que também ilustra a primeira Carta, Anexo K,<br />

Matisse criou uma ilustração peculiar, estilizada e de difícil<br />

interpretação. De acordo com Borrela (2007) a figura se assemelha<br />

a uma pinha com folhas aguçadas. Lurker (1997) explica que o<br />

fruto da pinha, formado em escamas, simboliza a fertilidade e a<br />

vida.<br />

O narrador, ansiava que esse amor que fosse eterno, mas a<br />

traição do mais puro sentimento e de seus sonhos despertou o sentimento de frustração e de<br />

desistência da vida.<br />

Essa vinheta permite <strong>ao</strong> leitor outras leituras, dentre elas a possibilidade de referir-<br />

se a uma mariposa, ou a uma borboleta. De acordo com a narrativa mitológica, a mariposa<br />

(negra e noturna) significa para a civilização asteca o sopro vital que saía da boca do morto.<br />

Esse simbolismo está relacionado à sua metamorfose que, metaforicamente, expressa a<br />

saída do túmulo (casulo) para o renascimento – passagem do mundo dos mortos para o dos<br />

vivos. Diferentemente, as borboletas, coloridas e diurnas, prenunciam acontecimentos<br />

alegres. No imaginário humano, ambas estão relacionadas à alma.<br />

A borboleta significa transparência e transformação que leva à consciência e<br />

compreensão dos sonhos, inspiração para a transformação dos momentos difíceis em<br />

momentos de crescimento e evolução. Evocada para contribuir no desenvolvimento<br />

espiritual, na busca da transcendência, a borboleta, segundo a mitologia, é considerada o<br />

símbolo da libertinagem sexual, de acordo com Lurker (1997). Os sentimentos <strong>paixão</strong> e<br />

ciúme são frutos da rejeição sofrida por Mariana e estão expressos pelo narrador também na<br />

primeira carta:<br />

[...] cessa de te mortificar em vão, e de procurar um amante que não<br />

voltarás a ver, que atravessou mares para te fugir, que está em França<br />

rodeado de prazeres, que não pensa um só instante nas tuas mágoas, que<br />

dispensa todo este arrebatamento e nem sequer sabe agradecer-to.<br />

(ANEXO A)<br />

Talvez encontrasses mais beleza (houve um tempo, no entanto, em que me<br />

dizias que eu era muito bonita), mas não encontrarias nunca tanto amor, e<br />

tudo o mais não é nada. (ANEXO A)<br />

Nessas palavras, o narrador refere-se não só à <strong>paixão</strong> desmedida que castigava<br />

Mariana, bem como <strong>ao</strong>s momentos que, possivelmente, Chamilly tenha elogiado a sua<br />

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