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REGINA LÚCIA GONÇALVES PEREIRA SILVESTRINI Da paixão ao ...

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melhor. Na interpretação de Matisse, as flores da romã sinalizam o desabrochar de uma<br />

nova fase de Mariana, <strong>ao</strong> celebrar o seu rompimento com Chamilly. As palavras que<br />

acompanham a vinheta configuram essa leitura: Je vous escris pour la dernièri fois, et<br />

j’espère vous faire connoistre par la différence dês termes, et de la manièri de cette lettre,<br />

que vouz m’avez enfin 27 . Complementam a leitura os excertos abaixo:<br />

Escrevo-lhe pela última vez e espero fazer-lhe sentir, na diferença de<br />

termos e modos desta carta, que finalmente acabou por me convencer de<br />

que já me não ama e que devo, portanto, deixar de o amar.<br />

[D. Brites] tomará as precauções necessárias para que eu fique com a<br />

certeza de que recebeu o retrato e as pulseiras que me deu. Quero, porém,<br />

dizer-lhe que me encontro, há alguns dias, na disposição de me desfazer e<br />

queimar essas lembranças do seu amor, que tão preciosas me foram. Mas<br />

tanta fraqueza lhe tenho mostrado que nunca acreditaria que eu fosse<br />

capaz de chegar a tal extremo. Quero sentir até <strong>ao</strong> fim a pena que tenho<br />

em separar-me delas, e causar-lhe <strong>ao</strong> menos algum despeito.<br />

Uma segunda leitura da vinheta é possível, segundo Borrela (2007). As flores em<br />

questão lembram cravos que, nos esponsais eram colocados na bebida do casal de noivos.<br />

Expressam amor, fascinação e distinção, por isso, a flor é usada na lapela. Pela forma dos<br />

seus frutos, que lembram pequenos pregos, o cravo tornou-se símbolo da <strong>paixão</strong> de Cristo.<br />

Representa o amor puro e inocente daquele que nasceu para ajudar o próximo. Ligado<br />

também à política e à religião, representa uma pessoa que luta pela igualdade social, capaz<br />

de colocar os interesses da sociedade, do grupo e da família à frente das suas aspirações<br />

particulares.<br />

Pickles (1992) em Linguagem das Flores explica que a simbologia do cravo muda<br />

de acordo com sua cor:<br />

Os atenienses reverenciavam os cravos, chamando-os Dianthos, flor de<br />

Júpiter, e com eles faziam coroas e grinaldas, durante os festivais, dando<br />

origem à palavra “coroação”. Devido <strong>ao</strong> aroma semelhante a do cravo-daíndia,<br />

em inglês são, muitas vezes, chamados de glillyflowers, apelido<br />

originário da palavra francesa “giroflier” e também dado <strong>ao</strong>s goivos. Às<br />

vezes, os cravos eram adicionados <strong>ao</strong> vinho e à cerveja para dar-lhes<br />

sabor. Mesmo hoje em dia, ainda são conhecidas na zona rural inglesa<br />

como flores embebidas no vinho. (p.19)<br />

27 Tradução segundo Eugênio de Andrade: Escrevo-lhe pela última vez e espero fazer-lhe sentir, na diferença<br />

de termos e modos desta carta, que finalmente acabou.<br />

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