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REGINA LÚCIA GONÇALVES PEREIRA SILVESTRINI Da paixão ao ...

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De acordo com Ribeiro (2004) Matisse expressou seu desejo a Louis Aragon,<br />

explicando que “Agora sei o que é um J, ele confessou-me orgulhosamente; e um A, é<br />

difícil um A, um A...bem ver-se-á”, acrescentando ainda que passava as noites a desenhar<br />

as suas letras, as suas folhas, as suas iluminuras.(p.5). Nas litografias procurou retratar os<br />

desejos de corpo e alma de Mariana, configurando a profundidade da leitura e a perfeita<br />

criatividade das ilustrações.<br />

Quanto à experiência de leitura, os pressupostos de Iser (1999) contribuíram na<br />

tarefa de combinar os elementos ditos e os não ditos no texto, considerando que a ausência<br />

significa presença. Os espaços vazios do texto constituíram-se a possibilidade real de<br />

interpretação e de constituição do significado tanto do conteúdo das Cartas quanto da<br />

leitura das litografias e das vinhetas de Matisse. Confirmou-se o que Iser (1996) ressalta<br />

que não há uma única maneira de interpretar corretamente uma obra e esgotar o seu<br />

potencial semântico, uma vez que “a obra não oferece uma mensagem dela separável; o<br />

sentido não é redutível a um significado referencial e o significado não se deixa reduzir a<br />

uma coisa”. (p.29)<br />

A noção de expectativa na recepção de uma mensagem foi absolutamente capital,<br />

concretizando-se na ligação com o contexto. Ambos condicionaram a interpretação da<br />

mensagem e completaram as noções de instruções de leitura.<br />

Na leitura das imagens, a noção de que uma mensagem visual deve ser<br />

compreendida entre expressão e comunicação, de acordo com Joly (1996), conduziu a<br />

leitura analítica em função da mensagem, de seu horizonte de expectativa e dos diversos<br />

tipos de contexto encontrados nas ilustrações selecionadas.<br />

Concluiu-se que o texto literário não é um objeto fechado às informações que o<br />

leitor busca. Ele é um espaço, uma possibilidade de comunicação e de construção dessa<br />

busca do leitor que será mais ou menos construída, dependendo da eficiência do leitor na<br />

realização de seu trabalho de leitura. Os textos em questão, as Cartas e as ilustrações de<br />

Matisse forneceram índices que puderam ser desenvolvidos, mas não apresentaram<br />

nenhuma resposta pronta. O sentido foi atribuído depois de inúmeras leituras e reflexões,<br />

seguidas de intensas pesquisas.<br />

Resta acrescentar que a viagem a Portugal realizada em setembro de 2007 e a visita<br />

à Beja foram primordiais para o desenvolvimento desta dissertação. A experiência obtida<br />

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