Automotiva Usiminas. Fazer melhor sempre. - Automotive Business
Automotiva Usiminas. Fazer melhor sempre. - Automotive Business
Automotiva Usiminas. Fazer melhor sempre. - Automotive Business
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ESPECIAL | TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />
no Brasil, além de lento, também<br />
apresenta baixa relevância.<br />
“O Brasil evoluiu, mas quanto da<br />
atual tecnologia foi desenvolvida<br />
aqui?”. Quem pergunta é Rogelio<br />
Golfarb, diretor de assuntos corporativos<br />
da Ford América do Sul. “Temos<br />
de usar o que já está pronto sem<br />
preconceito, e rápido, mas se apenas<br />
copiarmos o que já existe lá fora, seremos<br />
iguais ou piores do que outros<br />
países. Inovação e engenharia nacional<br />
são ferramentas fundamentais<br />
para enfrentar os desafios da competitividade<br />
global”, analisa.<br />
FOCO ESTRATÉGICO<br />
Para Alberto Rejman, diretor de engenharia<br />
da GM e membro da SAE<br />
Brasil, a engenharia automotiva nacional<br />
precisa continuar a aproveitar<br />
suas principais potencialidades: “Temos<br />
vocação para o desenvolvimento<br />
de produtos destinados a países<br />
emergentes, com excelente conhecimento<br />
em otimização do sistema<br />
trem-de-força, de massa, redução<br />
de perdas mecânicas e de consumo<br />
elétrico, além da aplicação de<br />
arquiteturas elétricas flexíveis”. Mas<br />
ele também ressalta a necessidade<br />
de não parar por aí: “É preciso evoluir<br />
para alcançar autonomia plena<br />
nos desenvolvimentos futuros, que<br />
serão muito mais complexos, pois<br />
envolverão tecnologias hoje ainda pouco conhecidas em<br />
nossa indústria, tais como os veículos híbridos”.<br />
Flávio Campos, diretor de engenharia da Delphi, indica<br />
que existem três grandes áreas de ataque para a engenharia<br />
automotiva brasileira nos próximos anos: sistemas<br />
de powertrain, eletroeletrônica veicular e novos materiais.<br />
“Temos muito a evoluir para <strong>melhor</strong>ar a eficiência dos<br />
motores flex. Precisamos investir muito mais em sistemas<br />
eletrônicos drive by wire, que mudam tudo na concepção<br />
de um veículo. E temos de pensar em nanotecnologia<br />
e compostos alternativos para substituir commodities,<br />
como o plástico, que não para de subir de preço.”<br />
46BUSINESS<br />
Mas não será nada fácil ter inovação e<br />
engenharia sem pesquisadores nem engenheiros.<br />
O baixo nível de investimento<br />
em educação hoje cobra um alto preço.<br />
Faltam ao País profissionais dedicados<br />
aos avanços tecnológicos. Segundo<br />
registros do Ministério da Ciência e Tecnologia<br />
(MCT), existem 1,4 pesquisador<br />
e 2,6 pessoas ocupadas em tempo<br />
integral com atividades de pesquisa e<br />
desenvolvimento a cada mil habitantes<br />
no Brasil, enquanto na Alemanha, por<br />
exemplo, esses índices são de 7,5 e 13,<br />
respectivamente; na vizinha Argentina,<br />
2,9 e 3,9; e na China, 2,1 e 2,5.<br />
Rejman, que também é diretor<br />
executivo de engenharia de produtos<br />
da General Motors América do<br />
Sul, diz que a falta de mão de obra<br />
qualificada é uma das principais<br />
fraquezas do setor no Brasil. “Estamos<br />
muito atrás dos outros países.<br />
Hoje formamos 30 mil engenheiros<br />
por ano, em média, ao passo que<br />
a China forma 400 mil, a Índia 250<br />
mil e a Coreia 80 mil. Não há expansão<br />
dos centros de formação<br />
técnica proporcional ao nível de<br />
crescimento econômico do País.<br />
E a situação fica ainda mais críti-<br />
“A indústria está convidada a fazer<br />
desenvolvimento tecnológico aqui”,<br />
afirma Besaliel Botelho, vice-presidente<br />
da Bosch. “Já existem para<br />
isso incentivos do governo, como a<br />
Lei do Bem, mas precisamos usar<br />
mais. Temos apoio para inovar, o<br />
que falta é apoio para produzir”,<br />
diz, citando os já conhecidos gargalos<br />
competitivos do Brasil, como<br />
impostos altos e infraestrutura deficiente.<br />
Essa, aliás, é outra equação<br />
a ser resolvida, pois de nada adiantará<br />
implementar avanços sem a<br />
respectiva produção. Por isso Botelho<br />
avalia que o desenvolvimento<br />
tecnológico ajuda, mas não elimina<br />
todas as deficiências do País.<br />
Nesse sentido, o setor automotivo vem sendo tratado<br />
como uma das prioridades no novo pacote de competitividade<br />
que até o fim de abril estava em gestação em Brasília,<br />
segundo Paulo Bedran, diretor do Departamento de<br />
Indústrias de Equipamento de Transporte, do Ministério<br />
do Desenvolvimento. Desta vez, o governo parece estar<br />
disposto a trocar incentivos, como redução de impostos,<br />
por maior desenvolvimento tecnológico local. Estava no<br />
radar, por exemplo, a taxação de veículos por eficiência<br />
energética, e não por tamanho do motor, como ocorre<br />
hoje. Dessa forma, evoluir não será uma escolha, mas<br />
uma obrigação de sobrevivência.