Automotiva Usiminas. Fazer melhor sempre. - Automotive Business
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do BNDES, que financia máquinas e<br />
equipamentos nacionais, mão de obra,<br />
testes e ensaios, registros de patentes<br />
no Brasil e no exterior, obras e softwares.<br />
Esse programa já desembolsou<br />
mais de R$ 2 bilhões nos últimos anos,<br />
financiando o desenvolvimento da engenharia<br />
no País.<br />
O automóvel no Brasil é tributado como<br />
supérfluo e sofre a mais alta taxação<br />
do mundo. Isso é um obstáculo<br />
para o maior desenvolvimento tecnológico<br />
dos produtos fabricados aqui?<br />
JORGE – A carga tributária embutida<br />
nos produtos é um empecilho ao crescimento<br />
do mercado de maneira geral.<br />
O governo estuda formas de redução<br />
dessa carga, em troca da adição de<br />
tecnologia nos veículos e do aumento<br />
da capacidade instalada das fábricas<br />
brasileiras.<br />
A legislação brasileira não exige ainda<br />
para todos os carros novos equipamentos<br />
como airbag e ABS, nem<br />
limita emissões de CO 2 ou consumo<br />
de combustível. O aperto na legislação<br />
é solução para incentivar o maior<br />
avanço tecnológico?<br />
JORGE – A legislação tem sido um<br />
dos instrumentos mais eficientes para<br />
promover a inovação nessa indústria<br />
no mundo. Isso fica evidente quando se<br />
olha o caso da Europa e até de alguns<br />
países emergentes, como a China. Mas<br />
a legislação é apenas um dos componentes.<br />
Deve-se atentar para o custo<br />
atrelado à adição de tecnologia, que<br />
deve ser partilhado entre a indústria,<br />
o governo e a sociedade, sem que os<br />
preços finais sejam duramente impactados.<br />
O setor automotivo é um dos<br />
que mais recebem recursos do governo,<br />
seja na forma de financiamento ou<br />
desoneração tributária, como aconteceu<br />
no caso da redução do IPI em 2008<br />
e 2009, sem que necessariamente seja<br />
obrigado a incorporar aos veículos produzidos<br />
aqui tecnologias disponíveis<br />
BRUNO JORGE: dedicação a<br />
projetos automotivos na ABDI<br />
globalmente. A existência de uma legislação<br />
de eficiência energética/emissões<br />
de CO ² é necessária e estratégica. Servirá,<br />
portanto, como mais um elemento<br />
de contrapartida para esses incentivos.<br />
Especialistas defendem que a indústria<br />
automotiva nacional deve concentrar<br />
P&D em nichos menos explorados<br />
em outras partes do mundo,<br />
para assim ganhar relevância. Quais<br />
poderiam ser esses nichos?<br />
JORGE – Uma das questões mais estratégicas<br />
para um país diz respeito à<br />
definição de sua matriz energética. A<br />
França, por exemplo, tem apostado fortemente<br />
nos veículos elétricos, pois sua<br />
matriz energética nuclear – a despeito<br />
de todos os riscos – possibilita essa<br />
aposta. O Brasil, por sua vez, também<br />
detém uma matriz limpa, graças às nossas<br />
hidrelétricas, o que também possibilitaria<br />
uma aposta nos veículos elétricos.<br />
Entretanto, temos também uma opção<br />
energética para o transporte que nos<br />
torna muito competitivos: os biocombustíveis.<br />
Por isso o desenvolvimento de<br />
motores flex de segunda geração, com<br />
mais eficiência energética, é um nicho<br />
claro para nossa indústria. Além disso,<br />
deve-se reconhecer que boa parte da<br />
nossa competência em engenharia automotiva<br />
encontra-se em veículos do<br />
segmento B que, somados aos carros<br />
A (city cars), estarão entre os que mais<br />
crescerão nos mercados globais. Assim,<br />
investir em P&D nessas áreas constitui<br />
clara oportunidade para o País.<br />
Como agregar mais valor tecnológico<br />
aos veículos feitos aqui?<br />
JORGE – Por meio da combinação equilibrada<br />
entre legislação e incentivos.<br />
Além disso, é importante que haja um<br />
aumento das parcerias entre as próprias<br />
empresas, com centros de pesquisas e<br />
universidades. Existe conhecimento<br />
acumulado que pode ser mais bem<br />
aproveitado no desenvolvimento de novos<br />
produtos.<br />
O governo brasileiro deve incentivar<br />
mais o desenvolvimento local de veículos<br />
elétricos e híbridos?<br />
JORGE – Nesse momento a indústria<br />
que mais necessita de atenção é a indústria<br />
real dos veículos a combustão<br />
interna. Deve-se buscar o desenvolvimento<br />
dos motores flex de segunda<br />
geração, mais eficientes. Mas, estrategicamente<br />
falando, o Brasil tem sim<br />
de estudar e avaliar quais os recursos<br />
necessários para a indústria futura do<br />
carro híbrido e elétrico, ter uma visão<br />
consistente das ações e custos atrelados<br />
a esses novos modos de propulsão,<br />
para definir um plano de longo prazo.<br />
Já existe uma visão de que ônibus híbridos<br />
a etanol sejam um dos focos do<br />
nosso esforço em apoiar o desenvolvimento<br />
de veículos híbridos e elétricos.<br />
Boa parte do desenvolvimento tecnológico<br />
dos veículos vem da eletrônica,<br />
mas a grande maioria dos<br />
componentes eletrônicos (como semicondutores)<br />
vem da Ásia. Desta<br />
forma, a indústria automotiva brasileira<br />
corre o risco de se tornar cada<br />
vez mais dependente de tecnologia<br />
externa?<br />
JORGE – O governo está atento a essa<br />
mudança no desenvolvimento tecnológico<br />
dos veículos e seus impactos<br />
na cadeia. Isso está em nosso diagnóstico,<br />
que irá subsidiar a nova política<br />
para a área industrial.