Automotiva Usiminas. Fazer melhor sempre. - Automotive Business
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A falta de escala e de políticas governamentais<br />
de incentivo ao desenvolvimento<br />
de centros de pesquisa e<br />
infraestrutura local neste sentido é a<br />
razão apontada pelos principais executivos<br />
do setor para a inexistência<br />
de fábricas de componentes eletrônicos<br />
por aqui. “Perdemos o bonde.<br />
Tivemos a chance de montar essa<br />
estrutura há alguns anos e não aproveitamos.<br />
Essa dependência existe e<br />
continuará por um bom tempo”, afirma<br />
o presidente da Continental, Maurício<br />
Muramoto.<br />
Crises como a atual vivida pelo Japão,<br />
que proporcionou a paralisação<br />
de algumas linhas de montagem na<br />
terra do sol nascente, não devem trazer<br />
impacto expressivo por aqui, mas<br />
servem como reflexão sobre nossa<br />
dependência e vulnerabilidade a fontes<br />
de suprimento. O alerta vale não<br />
apenas para o setor automotivo, mas<br />
a toda a indústria eletroeletrônica que<br />
utiliza componentes asiáticos.<br />
Se por um lado falta “matéria-prima”<br />
local, a capacitação humana por<br />
trás dos sistemas inteligentes que comandam<br />
nossos veículos é expressiva.<br />
Claro que nem de longe chegamos<br />
aos níveis chineses, onde mais de 300<br />
mil engenheiros são formados anualmente<br />
(ficamos no patamar de 32<br />
mil), mas a participação nos projetos<br />
globais permite grande intercâmbio de<br />
informações e competências e o desenvolvimento<br />
de soluções locais, em<br />
linha com as características peculiares<br />
de cada mercado.<br />
“As plataformas vêm prontas no essencial.<br />
Não se justifica começar um<br />
projeto do zero. Entretanto, boa parte<br />
do que se utiliza lá fora não se enquadra<br />
na realidade brasileira e vice-versa.<br />
É aí que entra a engenharia nacional<br />
para adaptar os produtos às características<br />
locais”, explica o diretor do<br />
grupo de eletrônica da Visteon América<br />
do Sul, Roberto Picchi.<br />
Quem pensa que por conta dessa<br />
metodologia o trabalho é mais simples<br />
está enganado – ou não seriam<br />
necessárias centenas de pessoas focadas<br />
apenas na parte eletrônica dentro<br />
de montadoras e sistemistas. “Somos<br />
uma indústria de aplicação, validação<br />
e calibração no que diz respeito a sistemas<br />
eletrônicos. Mas muitos projetos<br />
são modificados por conta das<br />
demandas regionais, em trabalho que<br />
agrega bastante complexidade, afirma<br />
o gerente executivo de engenharia da<br />
MAN para a América Latina, Rodrigo<br />
Chaves. Ele acrescenta que já é comum<br />
a exportação de soluções criadas<br />
localmente.<br />
Apesar dos novos sistemas serem<br />
aplicados primeiramente em mercados<br />
de primeiro mundo, o crescimento<br />
sustentável da economia local<br />
vem diminuindo a defasagem. Equipamentos<br />
antes vendidos por aqui<br />
como opcionais ganham a cada ano<br />
maior representatividade no País. Ar<br />
condicionado, travas e vidros elétricos,<br />
fechaduras keyless e rádios com<br />
MP3 e entrada USB já fazem parte do<br />
cotidiano de boa parte dos brasileiros.<br />
Outros, como airbag e ABS, também<br />
se popularizarão em pouco tempo<br />
com a chegada de resoluções que os<br />
tornarão obrigatórios a partir de 2014.<br />
“A inclusão de alguns equipamentos<br />
no Brasil ocorre de acordo com a<br />
chegada de regulamentações. Assim<br />
como na parte de segurança, a rigidez<br />
em torno das emissões também<br />
nos obrigará a fornecer motores mais<br />
eficientes e menos poluentes. E todas<br />
essas soluções vêm amparadas por<br />
uma dose expressiva de eletrônica<br />
com características locais”, explica o<br />
diretor de assuntos corporativos da<br />
Ford, Rogelio Golfarb.<br />
Apesar de a inclusão ainda ocorrer<br />
de maneira gradual, a velocidade com<br />
a qual chegam os equipamentos e<br />
sistemas dotados de gerenciamento<br />
eletrônico é muito maior do que há alguns<br />
anos. Tecnologias como injeção<br />
direta e partida a frio, ainda restritas a<br />
modelos mais luxuosos, também tendem<br />
a crescer por aqui. Avanços em<br />
eletrificação já podem ser vistos em<br />
modelos vendidos no País, como é<br />
o caso do Fusion híbrido, ainda caro<br />
para o bolso do brasileiro.<br />
“Soluções mais em conta devem<br />
aparecer em dois ou três anos”, aposta<br />
o engenheiro do departamento de<br />
relações institucionais da Honda, Alfredo<br />
Guedes Júnior, para quem o estímulo<br />
governamental nesse sentido<br />
é decisivo. A chegada dos motores<br />
eletrônicos Euro 5 nos caminhões<br />
em 2012 também deixará nossos pesados<br />
muito próximos aos lá de fora.<br />
Câmbios automatizados e semiautomatizados,<br />
sistemas de segurança<br />
ativa e passiva, além de itens sofisticados<br />
de conforto e entretenimento,<br />
já contam com presença maciça entre<br />
os extrapesados. Na Volvo, a caixa<br />
I-Shift já representa mais de 70% dos<br />
modelos comercializados pela marca.<br />
“Estamos muito próximos do estado<br />
da arte”, confidencia o físico e diretor<br />
de desenvolvimento de produto da<br />
Iveco para a América Latina, Renato<br />
Mastrobuono.<br />
Para dar conta de tantas funções,<br />
o poder de processamento dos computadores<br />
que controlam e gerenciam<br />
essas informações tem evoluído de<br />
maneira bastante significativa. “O que<br />
há dez anos era realizado por memórias<br />
de 16 kB já é feito no País com<br />
512 kB, chegando a até 1 MB em caminhões.<br />
E quando se fala em maior<br />
capacidade de memória e processamento,<br />
automaticamente há maior<br />
capacidade e esforços de engenharia”,<br />
afirma Muramoto, da Continental, que<br />
coloca avanços em centralização das<br />
informações e diminuição de peso<br />
como parte das estratégias da empresa.<br />
“A capacidade de processamento<br />
praticamente dobra a cada dois anos.<br />
E nossa engenharia acompanha essa<br />
evolução”, conclui.