01.06.2013 Views

Apostila - Bento XVI - Maria Mãe da Igreja

Apostila - Bento XVI - Maria Mãe da Igreja

Apostila - Bento XVI - Maria Mãe da Igreja

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

partir do seu centro vital que é a Eucaristia.<br />

Espírito Santo e celebração eucarística<br />

13. Neste horizonte, compreende-se a função decisiva que tem o Espírito Santo na celebração eucarística<br />

e, de modo particular, no que se refere à transubstanciação. É fácil de comprovar a consciência disto<br />

mesmo nos Padres <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>; nas suas Catequeses, São Cirilo de Jerusalém recor<strong>da</strong> que « invocamos<br />

Deus misericordioso para que envie o seu Santo Espírito sobre as oblações que apresentamos a fim de<br />

Ele transformar o pão em corpo de Cristo e o vinho em sangue de Cristo. O que o Espírito Santo toca, é<br />

santificado e transformado totalmente ».[25] Também São João Crisóstomo assinala que o sacerdote<br />

invoca o Espírito Santo quando celebra o Sacrifício: [26] à semelhança de Elias, o ministro atrai o<br />

Espírito Santo para que, « descendo a graça sobre a vítima, se incendeiem por meio dela as almas de<br />

todos ».[27] É extremamente necessária, para a vi<strong>da</strong> espiritual dos fiéis, uma consciência mais clara <strong>da</strong><br />

riqueza <strong>da</strong> anáfora: esta, juntamente com as palavras pronuncia<strong>da</strong>s por Cristo na Última Ceia, contém a<br />

epiclese, que é invocação ao Pai para que faça descer o dom do Espírito a fim de o pão e o vinho se<br />

tornarem o corpo e o sangue de Jesus Cristo, e para que « a comuni<strong>da</strong>de inteira se torne ca<strong>da</strong> vez mais<br />

corpo de Cristo ».[28] O Espírito, invocado pelo celebrante sobre os dons do pão e do vinho colocados<br />

sobre o altar, é o mesmo que reúne os fiéis « num só corpo », tornando-os uma oferta espiritual<br />

agradável ao Pai.[29]<br />

Eucaristia e <strong>Igreja</strong><br />

Eucaristia, princípio causal <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong><br />

14. Através do sacramento eucarístico, Jesus compromete os fiéis na sua própria « hora »; mostra-nos<br />

assim a ligação que quis entre Ele mesmo e nós, entre a sua pessoa e a <strong>Igreja</strong>. De fato, o próprio Cristo,<br />

no sacrifício <strong>da</strong> cruz, gerou a <strong>Igreja</strong> como sua esposa e seu corpo. Os Padres <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> meditaram<br />

longamente sobre a semelhança que há entre a origem de Eva do lado de Adão adormecido (Gn 2, 21-<br />

23) e a <strong>da</strong> nova Eva, a <strong>Igreja</strong>, do lado aberto de Cristo mergulhado no sono <strong>da</strong> morte: do seu lado<br />

trespassado — narra João — saiu sangue e água (Jo 19, 34), símbolo dos sacramentos.[30] Um olhar<br />

contemplativo para « Aquele que trespassaram » (Jo 19, 37) leva-nos a considerar a ligação causal entre<br />

o sacrifício de Cristo, a Eucaristia e a <strong>Igreja</strong>. Com efeito, esta « vive <strong>da</strong> Eucaristia ».[31] Uma vez que<br />

nela se torna presente o sacrifício redentor de Cristo, temos de reconhecer antes de mais que « existe um<br />

influxo causal <strong>da</strong> Eucaristia nas próprias origens <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong> ».[32] A Eucaristia é Cristo que Se dá a nós,<br />

edificando-nos continuamente como seu corpo. Portanto, na sugestiva circulari<strong>da</strong>de entre a Eucaristia<br />

que edifica a <strong>Igreja</strong> e a própria <strong>Igreja</strong> que faz a Eucaristia,[33] a causali<strong>da</strong>de primária está expressa na<br />

primeira fórmula: a <strong>Igreja</strong> pode celebrar e adorar o mistério de Cristo presente na Eucaristia,<br />

precisamente porque o próprio Cristo Se deu primeiro a ela no sacrifício <strong>da</strong> Cruz. A possibili<strong>da</strong>de que a<br />

<strong>Igreja</strong> tem de « fazer » a Eucaristia está radica<strong>da</strong> totalmente na doação que Jesus lhe fez de Si mesmo.<br />

Também este aspecto nos persuade de quão ver<strong>da</strong>deira seja a frase de São João: « Ele amou-nos<br />

primeiro » (1 Jo 4, 19). Deste modo, também nós confessamos, em ca<strong>da</strong> celebração, o primado do dom<br />

de Cristo; o influxo causal <strong>da</strong> Eucaristia, que está na origem <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>, revela em última análise a<br />

precedência não só cronológica mas também ontológica do amor de Jesus relativamente ao nosso: será,<br />

por to<strong>da</strong> a eterni<strong>da</strong>de, Aquele que nos ama primeiro.<br />

Eucaristia e comunhão eclesial<br />

15. A Eucaristia é, pois, constitutiva do ser e do agir <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>. Por isso, a antigui<strong>da</strong>de cristã designava<br />

com as mesmas palavras — corpus Christi — o corpo nascido <strong>da</strong> Virgem <strong>Maria</strong>, o corpo eucarístico e o<br />

corpo eclesial de Cristo.[34] Bem atestado na tradição, este <strong>da</strong>do faz crescer em nós a consciência <strong>da</strong><br />

indissolubili<strong>da</strong>de entre Cristo e a <strong>Igreja</strong>. Oferecendo-Se a Si mesmo em sacrifício por nós, o Senhor<br />

Jesus preanunciou de modo eficaz no seu dom o mistério <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>. É significativo o modo como a<br />

Oração Eucarística II, ao invocar o Paráclito, formula a prece pela uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Igreja</strong>: « ... participando<br />

no corpo e sangue de Cristo, sejamos reunidos, pelo Espírito Santo, num só corpo ». Esta passagem<br />

aju<strong>da</strong> a compreender como a eficácia (res) do sacramento eucarístico seja a uni<strong>da</strong>de dos fiéis na<br />

28

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!