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Apostila - Bento XVI - Maria Mãe da Igreja

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a elas causado é realmente uma feri<strong>da</strong> que se inflige à convivência humana como tal.<br />

Eucaristia e escatologia<br />

Eucaristia, dom para o homem a caminho<br />

30. Se é certo que os sacramentos são uma reali<strong>da</strong>de que pertence à <strong>Igreja</strong> peregrina no tempo (99) rumo<br />

à plena manifestação <strong>da</strong> vitória de Cristo ressuscitado, é igualmente ver<strong>da</strong>de que, sobretudo na liturgia<br />

eucarística, nos é <strong>da</strong>do saborear antecipa<strong>da</strong>mente a consumação escatológica para a qual todo o homem<br />

e a criação inteira estão a caminho (Rm 8, 19s). O homem é criado para a felici<strong>da</strong>de ver<strong>da</strong>deira e eterna,<br />

que só o amor de Deus pode <strong>da</strong>r; mas a nossa liber<strong>da</strong>de feri<strong>da</strong> extraviar-se-ia se não lhe fosse possível<br />

experimentar, já desde agora, algo <strong>da</strong> consumação futura. Aliás, para poder caminhar na direção justa, o<br />

homem necessita de estar orientado para a meta final; esta, na reali<strong>da</strong>de, é o próprio Cristo Senhor,<br />

vencedor do pecado e <strong>da</strong> morte, que Se torna presente para nós de maneira especial na celebração<br />

eucarística. Deste modo, embora sejamos ain<strong>da</strong> « estrangeiros e peregrinos » (1 Pd 2, 11) neste mundo,<br />

pela fé participamos já <strong>da</strong> plenitude <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> ressuscita<strong>da</strong>. O banquete eucarístico, ao revelar a sua<br />

dimensão intensamente escatológica, vem em aju<strong>da</strong> <strong>da</strong> nossa liber<strong>da</strong>de a caminho.<br />

O banquete escatológico<br />

31. Refletindo sobre este mistério, podemos dizer que Cristo, com a sua vin<strong>da</strong>, Se colocou em sintonia<br />

com a expectativa presente no povo de Israel, na humani<strong>da</strong>de inteira e fun<strong>da</strong>mentalmente na própria<br />

criação. Com o dom de Si mesmo, inaugurou objetivamente o tempo escatológico. Cristo veio chamar à<br />

uni<strong>da</strong>de o povo de Deus que an<strong>da</strong>va disperso (Jo 11, 52), manifestando claramente a intenção de<br />

congregar a comuni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> aliança para <strong>da</strong>r cumprimento às promessas feitas por Deus a nossos pais<br />

(Jer 23, 3; 31, 10; Lc 1, 55.70). Com o chamamento dos Doze — número que evoca as doze tribos de<br />

Israel — e o man<strong>da</strong>to que lhes confiou na Última Ceia, antes <strong>da</strong> sua paixão redentora, de celebrarem o<br />

seu memorial, Jesus manifestou que queria transferir, para a comuni<strong>da</strong>de inteira por Ele fun<strong>da</strong><strong>da</strong>, a<br />

missão de ser, na história, sinal e instrumento <strong>da</strong> reunificação escatológica que n'Ele teve início. Por<br />

isso, em ca<strong>da</strong> celebração eucarística, realiza-se sacramentalmente a unificação escatológica do povo de<br />

Deus. Para nós, o banquete eucarístico é uma antecipação real do banquete final, preanunciado pelos<br />

profetas (Is 25, 6-9) e descrito no Novo Testamento como « as núpcias do Cordeiro » (Ap 19, 7-9) que se<br />

hão de celebrar na comunhão dos santos.(100)<br />

Oração pelos defuntos<br />

32. A celebração eucarística, na qual anunciamos a morte do Senhor e proclamamos a sua ressurreição<br />

enquanto aguar<strong>da</strong>mos a sua vin<strong>da</strong> gloriosa, é penhor <strong>da</strong> glória futura, quando mesmo os nossos corpos<br />

serão glorificados. Ao celebrarmos o memorial <strong>da</strong> nossa salvação, reforça-se em nós a esperança <strong>da</strong><br />

ressurreição <strong>da</strong> carne juntamente com a possibili<strong>da</strong>de de encontrarmos de novo, face a face, aqueles que<br />

nos precederam com o sinal <strong>da</strong> fé. Nesta linha, queria, juntamente com os padres sino<strong>da</strong>is, lembrar a<br />

todos os fiéis a importância <strong>da</strong> oração de sufrágio, particularmente a celebração de Missas, pelos<br />

defuntos para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus.(101) Sempre que descobrimos<br />

de novo a dimensão escatológica presente na Eucaristia, celebra<strong>da</strong> e adora<strong>da</strong>, somos apoiados no nosso<br />

caminho e confortados na esperança <strong>da</strong> glória (Rm 5, 2; Tt 2, 13).<br />

A Eucaristia e a Virgem <strong>Maria</strong><br />

33. Da relação entre a Eucaristia e os restantes sacramentos juntamente com o significado escatológico<br />

dos santos mistérios, irrompe o perfil <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cristã, chama<strong>da</strong> a ser em ca<strong>da</strong> instante culto espiritual,<br />

oferta de si mesma agradável a Deus. E, se é ver<strong>da</strong>de que nos encontramos todos ain<strong>da</strong> a caminho rumo<br />

à plena consumação <strong>da</strong> nossa esperança, isto não impede de podermos já agora reconhecer, com<br />

gratidão, que tudo aquilo que Deus nos deu, se realizou perfeitamente na Virgem <strong>Maria</strong>, <strong>Mãe</strong> de Deus e<br />

nossa: a sua assunção ao céu em corpo e alma é, para nós, sinal de segura esperança, enquanto nos<br />

aponta a nós, peregrinos no tempo, aquela meta escatológica que o sacramento <strong>da</strong> Eucaristia desde já<br />

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