1996 - Sociedade Brasileira de Psicologia
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S> P 2.02.3<br />
A SUBJETIVIDADE SOCIAL E SUA EXPRESSXO NO PRO-<br />
CESSO DE CONSTRUIAO DO CONHECIMENTO. Fernando<br />
Gonzâlez Rey, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Havana, Cuba<br />
A agrendizagem, com freqiência, tem sido estudada em funçso<br />
das operaçöes lögicas e cognitivas que supöem seus resultados,<br />
em termos <strong>de</strong> conhecimento. Esquece-se, facilmente, que tanto o<br />
aluno quanto o profesor sso portadores <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> crenças<br />
e representaçöes que, soteradas na configuraçâo da subjetivida<strong>de</strong><br />
social, condicionam muitos dos fatores que intervêm em<br />
sua comunicaçëo. A ina<strong>de</strong>quada comunicaçso entre 0 professore<br />
o aluno ests na base <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> emoçöes, geradas <strong>de</strong>ntro<br />
do gröprio grocesso, qtle go<strong>de</strong>m dar lugar ao aparecimento da<br />
insegurança, dabaixa auto-estimae da <strong>de</strong>pendência do aluno frente<br />
ao processo <strong>de</strong> construç:o do conhecimento. Os estados emocionais<br />
assinalados se convertem em barreiras para a aprendizagem,<br />
inibindo as operaçöes mentais do aluno e, simultaneamente,<br />
impedindo o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> emoçöes positivas associadas<br />
ao processo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, que pennitem o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
posterior <strong>de</strong> interesses para a ativida<strong>de</strong> e garantem o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
da personalida<strong>de</strong> no curso da mesma. A forma em que<br />
diferentes elementos e procesos constitutivos da subjetivida<strong>de</strong><br />
social se expressam, na sala <strong>de</strong> aula, assim como suas conseqiiências<br />
para a aprendizagem, para a institukâo escolar e para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
da cidadania serâo abordados na exposiçëo do<br />
tema.<br />
-000-<br />
SN P 2.02.4<br />
A IMPORTANCIA DO CONTEPDO PRQGRAMXTICO E<br />
DAS REPRESENTAW ES DA TECNO-CIENCIA NA MEDI-<br />
AçâO DO CONHECIMENTO E FORMAIAO DA CIDADA-<br />
NIA. Maria Helena Fâvero, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasflia.<br />
Se, <strong>de</strong> um lado, os fndices oticiais <strong>de</strong> analfabetismo continuam<br />
assustadores, no Brasil, apesar <strong>de</strong>jâ estarmos entrando no séculp<br />
XXI, e apesar dos discursos oficiais sobre mo<strong>de</strong>mida<strong>de</strong> e progresso,<br />
por outro lado, uma anâlise da mediaçâo das diferentes<br />
éreas do conhecimento, que se faz em sala <strong>de</strong> aula (forma), assim<br />
como do contetido mediado (conceitos), nâo nos torna menos<br />
assustados. A matemética se apresenta baseada em regras, em<br />
<strong>de</strong>trimento dos conceitos; a nossa lfngua se apresenta como um<br />
conjunto <strong>de</strong> regras e <strong>de</strong> exceçöes às regras, em <strong>de</strong>trimento da<br />
compreensâo e produçëo textual; a histöria é apresentada como<br />
uma sucessâo <strong>de</strong> fatos <strong>de</strong> outras épocas, em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> uma<br />
anslise söcio-cultural, e assim por diante. Se a pobreza <strong>de</strong>ssas<br />
informaçöes nâo bastasse, uma <strong>de</strong>terminada concepçso sobre conhecimento,<br />
sobre a ciência e a tecnologia, e sobre a interaçâo<br />
entre estas e a socieda<strong>de</strong>, permeia a mediaçâo em sala <strong>de</strong> aula, <strong>de</strong><br />
modo que se perpetua uma representaçëo da técno-ciência como<br />
onisciente, onipotente, pronta ao serviço da 'dfelicida<strong>de</strong> do hom<br />
em ' . O que est; em jogo, como diz Castoriadis, é um dos nös<br />
do imagino o oci<strong>de</strong>ntal mo<strong>de</strong>mo, o imaginM o <strong>de</strong> um domfnio<br />
racional e <strong>de</strong> uma racionalida<strong>de</strong> artificializada, que se tom ou nâo<br />
somente im-pessoal (nâo-individual), como também in-humana,<br />
isto é, çtobjetiva'. A questâo que se coloca é, portanto, qual o<br />
objetivo da escola, qual a formaçâo que e1a preten<strong>de</strong> para seus<br />
alunos, visando que socieda<strong>de</strong>? Na verda<strong>de</strong>, a questëo é ainda<br />
mais ampla: ela diz respeito à formaçâo das representaçöes e das<br />
vonta<strong>de</strong>s do homem mo<strong>de</strong>mo.<br />
-000-<br />
SIMP - Simpôsios<br />
SIMP 2.03<br />
O ESTUDO DE SUJEITOS COM CONDWOES ATiPICAS<br />
DE DESENVOLVN ENTO, NA ABORDAGEM HISTORI.<br />
CO-CULTURAL<br />
S> P 2.03.1<br />
A CONSTITUIAO DA SUBJETIVIDADEEM DEHCIENTES<br />
MENTAIS. Mônica <strong>de</strong> Carvalho Magalhâes Kassar - Universida<strong>de</strong><br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso do Sul.<br />
Histolicamente, a <strong>de</strong>ticiência mental recebeu dois diferentes tratamentos:<br />
Inicialmente, institucionalizou-se os indivfduos <strong>de</strong>ticientes<br />
a tim <strong>de</strong> groteger a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus 'ï<strong>de</strong>feitos' e tanomalias'.<br />
Posterionnente, intencionando proteger os prlprios <strong>de</strong>ficientes<br />
da socieda<strong>de</strong>, ofereceu-se uma conveniente educaçâo especializada.<br />
Dessa forma, o discurso acadêmico sobre integraçâo/<br />
segregaç:o social <strong>de</strong>sses indivfduos tem causado impacto no pais,<br />
nas tîltimas duas décadas, estando presente tanto nos program as<br />
especializados das instituköes educacionais, quanto nas polfticas<br />
govem amentais. Neste censrio, muitas questöes emergem<br />
provocando uma revisâo <strong>de</strong> aspectos relativos à <strong>de</strong>tk iência mental.<br />
Entre estes aspectos, temos enfocado o processo <strong>de</strong> constituiçâo<br />
do sujeito e a construçâo social da prdpria <strong>de</strong>ficiência. Desse<br />
modo, propomo-nos a analisaros caminhos pelos quais os indivfduos<br />
<strong>de</strong>ficientes mentais constituem sua subjetivida<strong>de</strong>. Para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse trabalho, estabelecemos contato continuo<br />
com jovens <strong>de</strong>ficientes mentais que frequentam instituiçöes<br />
especializadas. As entrevistas e contatos contfnuos foram gravados<br />
em titas <strong>de</strong> vf<strong>de</strong>o e sudio, e os dados analisados tomando<br />
como referencial a abordagem histörico-cultural sobre o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
do indivfduo. A partir <strong>de</strong>sse material, po<strong>de</strong>mos perceber<br />
que a constituiçâo da subjetivida<strong>de</strong> dos <strong>de</strong>ticientes mentais<br />
estl marcada pelas (imlpossibilida<strong>de</strong>s e (nào) significados apresentados<br />
e atlibufdos socialmente.<br />
-000-<br />
SIM P 2.03.2<br />
PROCESSOS LINGUfSTICO-COGNITIVOS NA ATIVIDADE<br />
DE BRINCAR DA CRIANCA SURDA. M. Cecilia Rafael <strong>de</strong><br />
G6es - PUCCAMP e UNICAME<br />
Neste trabalho, buscamns relacionar as proposiçöes <strong>de</strong> L.S.<br />
Vygotsky sobre a organizaçâo söcio-psicolögica <strong>de</strong> crianças com<br />
<strong>de</strong>ticiência e a discussëo do autor sobre o papel do brincar na<br />
infância. Articulando essas duas anslises teöricas, <strong>de</strong>lineia-se uma<br />
perspectiva muito produtiva para abordar o estudo <strong>de</strong> processos<br />
lingufsticos e cognitivos em casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. De um lado,<br />
estâo os argumentos <strong>de</strong> que a investigaçâo psicolögica e o planejamento<br />
educacional <strong>de</strong>vem grivilegiar a consi<strong>de</strong>raçâo dos tftalentos'<br />
e a plasticida<strong>de</strong> da criança, focalizando as possibilida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> construçâo <strong>de</strong> funçöes psicol4gicas superiores: De outro lado,<br />
a discussso sobre o brincar agonta para o papel fundante <strong>de</strong>ssa<br />
esfera <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> em relaçëo ao pensamento abstrato, na medida<br />
em que as açöes no plano imaginM o libertam a criança das<br />
forças,<strong>de</strong>terminantes do campo perceptual e refinam o pröprio<br />
processo <strong>de</strong> significaçëo do mundo. Assim sendo, o estudo do<br />
blincar em crianças com <strong>de</strong>tkiência po<strong>de</strong> nos oferecer importantes<br />
indicadores <strong>de</strong> suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> funcionamento complexo.<br />
Como ilustraçëo <strong>de</strong>ssa perspectiva <strong>de</strong> estudo, vamos nos reportar<br />
a uma investigaçâo que estamos realizando sobre a linguagem<br />
<strong>de</strong> crianças surdas durante brinca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> faz <strong>de</strong> conta. Trata-se<br />
<strong>de</strong> sujeitos que estâo envolvidos num projeto educacional.<br />
(em fase <strong>de</strong> implantaçâo) que busca propiciar a aprendizagem<br />
30 SBP - XXVI Reuniâo Anual <strong>de</strong> <strong>Psicologia</strong>