25 Anos do Conselho Regional de Odontologia de Rondônia.pdf

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formar-se passou a atuar na área de saúde como oficial do exército em outras
localidades do país. A família passou a residir definitivamente em Guajará
somente em 1986.
O casal lembra-se que na década de 1970, em Guajará-Mirim, havia
apenas dois dentistas que tinham estudado odontologia em Manaus, conhecidos
por Rocha e Cardoso. Existiam diversos dentistas práticos na cidade. Alguns
deles persistem em exercer suas atividades na clandestinidade até os dias de hoje,
apesar de já terem tido seus equipamentos apreendidos diversas vezes ao longo
das últimas décadas.
O abastecimento irregular de energia elétrica era um problema enfrentado
pelos moradores da região e, apesar de o município ser o segundo mais antigo do
Estado de Rondônia, possuía infraestrutura precária. Mesmo nos anos da segunda
metade da década de 1980 os odontólogos, que montaram seu consultório na
Avenida 15 de Novembro, tinham que usar um gerador para poder utilizar seus
equipamentos. Devido ao expediente no quartel Dúlcio costumava trabalhar à
noite e aos sábados em seu consultório particular, o qual divide com Esther, que
se especializou no atendimento infantil.
Em algumas ocasiões os cirurgiões-dentistas foram procurados por
garimpeiros que pediram aos odontólogos para substituírem um dente natural
por um dente de ouro. O pagamento seria efetuado em ouro, ao invés de
dinheiro. No entanto, Esther e Dúlcio nunca aceitaram o trabalho pelo fato de
não ser um problema de saúde e sim a implantação de um símbolo de status.
Com a recusa muitos atravessaram a fronteira e contrataram o serviço com
cirurgiões-dentistas ou dentistas práticos na Bolívia, que está localizada na
outra margem rio Mamoré. Certa vez Esther substituiu uma restauração de ouro
de uma paciente jovem por resina a pedido da mesma, que não gostava de ter
uma restauração em ouro na parte frontal de sua arcada dentária. O trabalho
havia sido realizado a mando de seu pai, por motivo de status, quando a cliente
ainda era menor. Ao ver a troca da restauração o pai da paciente compareceu ao
consultório para reclamar sobre a substituição. Dúlcio tem registro CRO-RO n.
55 e Esther n. 56.