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Antropologia E Patrimônio Cultural - ABA

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MANUEL FERREIRA LIMA FILHO, CORNELIA ECKERT, JANE FELIPE BELTRÃO (Organizadores)<br />

manhã era reservada para a família e somente a restante era vendida<br />

aos laticínios, normalmente em mãos dos alemães. Posteriormente, o<br />

fumo substitui o milho na venda para o mercado. As arrozeiras 30<br />

introduzidas pelos italianos vindos da Lombardia 31 , onde se cultivava<br />

o arroz irrigado, vão ser ainda preferidas ao cultivo do fumo (SILVA,<br />

2003: 71).<br />

Usados para a subsistência da família, os animais cuidados eram<br />

algumas vacas, um máximo de quatro, alguns porcos, algumas galinhas<br />

e patos 32 . Pelo menos uma das vacas era trazida pela esposa por ocasião<br />

do casamento e formação do grupo doméstico, ocasião em que a filha<br />

a recebia como parte do dote do pai, ou herança. A criação de porcos já<br />

era uma prática recorrente entre os camponeses europeus, sendo muito<br />

importante para a subsistência das famílias, e o toucinho era a gordura<br />

mais usada tanto nas regiões da Europa central e setentrional quanto<br />

nos campos mediterrâneos (CORTONESE, 1998: 419). No Vale, não<br />

será diferente. Tratar um porco significava, em tempos antigos, reunir<br />

a família e mesmo vizinhos para dividir o trabalho e repartir o produto.<br />

Para aproveitar as partes que não serviam para outros derivados, faziase<br />

uma geléia denominada Sülze, até hoje consumida em Blumenau.<br />

Entretanto, esta não foi a situação dos primeiros anos. Os hábitos<br />

alimentares dos colonos alemães, os primeiros a chegarem à colônia<br />

Blumenau de então, diferiam daqueles a que eles estavam acostumados<br />

na velha Europa. O pão de trigo ou de centeio, a batata inglesa e os<br />

legumes diversos constituíam, na Europa, a base normal da<br />

alimentação do camponês e do citadino. Na colônia Blumenau, o trigo<br />

e o centeio foram substituídos pela farinha de milho ou de mandioca; a<br />

30 O termo arrozeira nomeia um pedaço retangular de terra, devidamente nivelado e cercado de<br />

pequenos diques de barro, socado para conter a água, onde se semeia o arroz.<br />

31 O cultivo do arroz irrigado, atualmente tão importante para a economia catarinense, foi difundidido<br />

em toda região de colonização italiana. O seu introdutor foi o colono João Mondini, morador do lote<br />

41, da linha colonial de Guaricanas, onde fez a primeira sementeira, antes em terreno enxuto e depois<br />

em arrozeira irrigada. Esse método era muito usado na Lombardia, no norte da Itália. Muitos<br />

trentinos, embora residissem nos Alpes, conheciam esse processo de cultivo de arroz, porque, na<br />

época de seu plantio, migravam para as planícies do Pó, nas regiões da Lombardia e Vêneto, em<br />

procura de emprego nas fazendas dos latifundiários (BERRI, 1993: 93).<br />

32 O pato é originário da América do Sul, onde ainda encontramos animais em estado selvagem.<br />

Mais tarde serão introduzidos os marrecos de origem Chinesa ou Européia. O marreco mais colorido<br />

com um anel branco no pescoço é mais conhecido como marreco de Rouen, de origem francesa. O<br />

que diferencia o pato do marreco são as carúnculas que se encontram na cara do pato. O marreco<br />

tem toda a cara coberta de penas, não tem carúnculas. Informação fornecida pessoalmente pelo<br />

Professor Dr. Padilha, do Departamento de Agronomia da Universidade Federal de Santa Catarina.<br />

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