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Antropologia E Patrimônio Cultural - ABA

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MANUEL FERREIRA LIMA FILHO, CORNELIA ECKERT, JANE FELIPE BELTRÃO (Organizadores)<br />

(...) impõe um limite à possibilidade de ser estabelecido um<br />

padrão alimentar mundialmente uniformizado. (...) A<br />

‘conveniência’ de determinado grupo para selecionar certos<br />

alimentos se prende ao habitus do grupo, que se define pela<br />

internalização de princípios, através de um sistema de<br />

expressão, que por sua vez se integra a um sistema de<br />

interpretação, que se concretiza através de uma prática<br />

específica. Os hábitos alimentares se constituem em práticas<br />

específicas, mas que têm referencial em esquemas interpretativos<br />

e de significação mais gerais. Eles se constituem num sistema<br />

de expressão, integrado a um sistema de interpretação (BONIN<br />

e ROLIM, 1991: 79).<br />

Convivem numa mesma sociedade padrões ditos tradicionais e<br />

modernos. A predominância de um ou outro irá variar de acordo com<br />

a época e com o contexto regional. A sociedade tem uma dinâmica<br />

própria, e os hábitos alimentares estão incluídos nessa dinâmica. Esses<br />

padrões de comportamento em relação aos alimentos se vinculam ao<br />

estilo de vida 7 que se define e se redefine enquanto significação e<br />

transformação. Visto dessa maneira, o estilo de vida se coloca, então,<br />

dentro de um conceito mais abrangente de classe social, que se define<br />

não somente pela inserção dos sujeitos num determinado processo –<br />

possuidor ou não possuidor dos meios de produção – mas também de<br />

acordo com sua inserção em teias de relações significantes, que os<br />

definem enquanto atores de determinada classe. A definição de classe,<br />

neste caso, não apenas situa o sujeito dentro do processo produtivo,<br />

mas também num mundo de significações simbólicas, que fazem com<br />

que o sujeito se identifique enquanto tal. Como se come, com quem se<br />

come, quando se come, o que se come, definem nossa maneira de ser e<br />

nossa classe social. Da mesma maneira, o gosto por determinado<br />

alimento é engendrado a partir do estilo de vida das pessoas, que, por<br />

sua vez, se vincula à sua classe social e ao habitus de um grupo ou de<br />

sua sociedade.<br />

Na realidade, a cozinha, como toda relação social, constitui-se<br />

de tradições sociais e de inovações. Na atualidade, com o processo de<br />

globalização, a culinária passou a ser alvo de um processo de<br />

internacionalização, com o beneplácito dos mercados que não<br />

7 BOURDIEU, P. A Economia das Trocas simbólicas. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1987.<br />

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