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Antropologia E Patrimônio Cultural - ABA

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ANTROPOLOGIA E PATRIMÔNIO CULTURAL: DIÁLOGOS E DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS<br />

Os hábitos alimentares<br />

Este trabalho parte da premissa de que os hábitos alimentares<br />

são práticas que expressam a dimensão simbólica da sociedade, sendo<br />

constituídas a partir do que Bourdieu (1987) denomina habitus. Os<br />

hábitos se traduzem na forma de seleção, preparo e ingestão de<br />

alimentos, formando entidades que se compõem de elementos<br />

interdependentes, que formam um sistema. Os indivíduos tendem a<br />

ficar identificados a hábitos alimentares de sua infância: alimentos que<br />

eles se habituam a comer desde tenra idade e que se estendem ao longo<br />

da vida, sendo que seu sistema é passado de uma geração para a outra.<br />

Nossas atitudes em relação à comida são normalmente aprendidas<br />

cedo e bem; e são, em geral, inculcadas por adultos afetivamente<br />

poderosos, o que confere ao nosso comportamento um poder<br />

sentimental duradouro. Os hábitos alimentares podem mudar<br />

inteiramente quando crescemos, mas a memória e o peso do primeiro<br />

aprendizado alimentar e algumas das formas sociais aprendidas através<br />

dele permanecem, talvez para sempre, em nossa consciência (MINTZ,<br />

2001: 30-32).<br />

Nas sociedades urbano-industriais, a relação do homem com sua<br />

alimentação tem-se modificado. Como afirma Bonin e Rolim (1991:<br />

78):<br />

Os pratos têm sido em geral estereotipados, a partir de uma<br />

pretensa homogeneização global. As refeições são independentes<br />

do espaço e tempo, isto é, tendo-se os meios, é possível consumir<br />

qualquer coisa, a qualquer momento, em qualquer lugar e<br />

qualquer quantidade. As escolhas alimentares são agora<br />

individuais; a produção de alimentos foi incorporada à troca<br />

de mercadorias, e os alimentos em geral se tornaram profanos.<br />

Entretanto, isto não significa que se excluam formas<br />

tradicionais de comensalidade, tais como festas marcadas<br />

socialmente: Natal, aniversários, Ano-Novo, etc., e que o alimento<br />

não tenha o seu caráter social e valor simbólico.<br />

A sociedade urbano-industrial apresenta ainda um grande número<br />

de subculturas. Cada subcultura seleciona os alimentos que lhes são os<br />

mais convenientes, tanto do ponto de vista material quanto simbólico.<br />

Ao agir dessa maneira,<br />

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