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Antropologia E Patrimônio Cultural - ABA

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MANUEL FERREIRA LIMA FILHO, CORNELIA ECKERT, JANE FELIPE BELTRÃO (Organizadores)<br />

chamada Arqueologia de Contrato 14 , que hoje é responsável pela<br />

maioria das pesquisas arqueológicas no país (PROUS, 2006).<br />

Mas há de se perguntar: será que tais projetos têm conseguido<br />

alcançar os objetivos traçados? Será que se têm preocupado em revelar<br />

conflitos ou apenas em mostrar distintas manifestações culturais? Será<br />

que apostam numa história nacional formada por uma rede de fios<br />

com nuances e matizes diferentes ou perpetuam a idéia da supremacia<br />

de um grupo sobre os demais “contribuintes” da nação? Será que<br />

percebem a diversidade cultural a partir de uma relação de<br />

interdependência ou reproduzem a visão partida, de dominação, de<br />

dependência? Será que ouvem todas as vozes ou apenas uma? Será que<br />

reforçam o sentimento de comunidade ou perpetuam a noção de<br />

unidade? Será que incluem, de fato, o Outro?<br />

Não obstante, os arqueólogos estão sempre lidando com o<br />

patrimônio do “outro”. Esta situação demanda e, ao mesmo tempo,<br />

provoca um “estado constante de alerta” (BARROS, 2003: 168), ideal<br />

para a compreensão desta intrincada rede de relações 15 .<br />

Acreditamos que conceber a Arqueologia [Pública] como<br />

<strong>Antropologia</strong> [Aplicada] (PYBURN & WILK, op.cit.; SHACKEL &<br />

CHAMBERS, 2004) implica a percepção dos outros sujeitos destas<br />

relações e o reconhecimento do uso do passado como um caminho<br />

para o fortalecimento de comunidades com as quais lidamos durante<br />

nossas pesquisas. Isto se faz a partir de um processo contínuo de<br />

negociação, que tem, na Educação Patrimonial, um valioso instrumento<br />

de mediação (PYBURN & BEZERRA, 2006).<br />

Infelizmente, no Brasil – seja na perspectiva da <strong>Antropologia</strong> ou<br />

na da Arqueologia –, pouca atenção tem sido dada às experiências de<br />

ensino-aprendizado que buscam a valorização dos bens<br />

patrimonializáveis pelas comunidades nas quais os mesmos<br />

desempenham algum papel em sua dinâmica cultural, mais<br />

14 Pesquisas realizadas no âmbito dos projetos de avaliação ambiental que visam à preservação do<br />

patrimônio arqueológico ameaçado por empreendimentos. Ver Caldarelli, S.; Santos, M.C.M.M. dos<br />

– Arqueologia de Contrato no Brasil. Revista da USP, São Paulo, n.44, pp.10-31, dezembro/fevereiro<br />

1999-2000.<br />

15 Dois trabalhos de EP apresentados no GT trataram de projetos realizados com comunidades<br />

indígenas e quilombolas: Marques, O.R. “Políticas quilombolas, ações patrimoniais e memória coletiva”<br />

e Silva, L.P. “Ensino Superior Indígena Diferenciado, patrimônio (i)material e arqueologia pública: a<br />

experiência do curso ‘Arqueologia e Habitações Indígenas’ entre professores indígenas de 22 etnias<br />

de Mato Grosso”.<br />

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