geologia e recursos minerais da folha eldorado paulista sg ... - CPRM
geologia e recursos minerais da folha eldorado paulista sg ... - CPRM
geologia e recursos minerais da folha eldorado paulista sg ... - CPRM
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Geologia e Recursos Minerais <strong>da</strong> Folha Eldorado Paulista<br />
2 — CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL<br />
A Folha Eldorado Paulista encontra-se inseri<strong>da</strong> na<br />
porção meridional do Cinturão Ribeira (ALMEIDA et al.,<br />
1973), integrante <strong>da</strong> Província Mantiqueira (ALMEIDA<br />
et al., 1977, 1981) (Figura 2.1), sendo constituí<strong>da</strong>,<br />
dominantemente, por rochas pré-cambrianas, com<br />
menor ocorrência de rochas intrusivas mesozoicas e<br />
uni<strong>da</strong>des sedimentares fanerozoicas.<br />
O Cinturão Ribeira compreende um largo<br />
segmento crustal paralelo à linha costeira do sudeste<br />
brasileiro (Figura 2.1), tendo sido amalgamado,<br />
deformado e metamorfizado durante a Orogenia<br />
Brasiliano-Pan-Africana (Neoproterozoico ao início<br />
do Paleozoico). Consiste em um complexo orógeno<br />
colisional, relacionado às colisões oblíquas entre<br />
os crátons Paranapanema, São Francisco e Congo e<br />
à consoli<strong>da</strong>ção do continente Gondwana Ocidental<br />
(BRITO NEVES et al., 1999; CAMPANHA e BRITO NEVES,<br />
2004; FUCK et al., 2008). Atualmente, reconhece-se<br />
no Cinturão Ribeira a presença de diversos blocos<br />
retrabalhados de origens distintas, incluindo rochas<br />
antigas de embasamento alóctones, suítes de<br />
rochas vulcanossedimentares mesoproterozoicas e<br />
neoproterozoicas e suítes granitoides intrusivas de<br />
afini<strong>da</strong>des diversas.<br />
Dentre as primeiras descrições e relatos<br />
geológicos históricos do Vale do Ribeira destacam-se<br />
os trabalhos de Derby (1878), Oliveira (1916, 1925,<br />
1927), Moraes Rego (1933), Leonardos (1934, 1941),<br />
Carvalho e Pinto (1937), Martins (1938) e Barbosa<br />
(1941, 1948).<br />
Propostas de subdivisões estratigráficas iniciamse<br />
nas déca<strong>da</strong>s de 1950, na porção paranaense<br />
(BIGARELLA e SALAMUNI, 1956a, 1956b, 1958a,<br />
1958b; MARINI et al., 1967), e de 1970, na porção<br />
<strong>paulista</strong> (ALGARTE et al., 1974; MORGENTAL et al.,<br />
1975; SILVA et al., 1977, 1978).<br />
Mapeamentos sistemáticos em escalas regionais<br />
(ALGARTE et al., 1974; CAMPANHA et al., 1988; SILVA<br />
et al., 1981; SILVA e ALGARTE, 1981a, 1981b) e de<br />
semidetalhe (CAMPANHA et al., 1985; MMAJ-JICA,<br />
1981, 1982, 1983; VASCONCELOS et al., 1999) foram<br />
realizados, principalmente, entre as déca<strong>da</strong>s de 1980<br />
e 1990, bem como trabalhos acadêmicos ligados a<br />
universi<strong>da</strong>des, resultando em notável avanço no<br />
conhecimento geológico <strong>da</strong> região.<br />
Em termos de interpretações geotectônicas, os<br />
trabalhos regionais realizados na área de estudo<br />
classicamente apresentavam um enfoque de certa<br />
maneira fixista, onde se tentava correlacionar as<br />
diversas sequências de rochas metassedimentares<br />
e gnáissicas separa<strong>da</strong>s por zonas de cisalhamento<br />
(ver discussões em Faleiros, 2008). Conceitos<br />
modernos de tectônica de placas foram aplicados<br />
a partir do final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1980 (BASEI et al.,<br />
1992; CAMPANHA, 1991; CAMPANHA e SADOWSKI,<br />
1999; CAMPANHA et al., 1987; FASSBINDER, 1996;<br />
REIS NETO, 1994; SIGA JÚNIOR, 1995; SOARES, 1987,<br />
1988; VASCONCELOS et al., 1999), embora nesses<br />
trabalhos, geralmente, se assuma que as relações<br />
espaciais atualmente observa<strong>da</strong>s entre diferentes<br />
domínios tectônicos implicam relações genéticas e<br />
geográficas originais preserva<strong>da</strong>s ou parcialmente<br />
preserva<strong>da</strong>s.<br />
No século XX, as uni<strong>da</strong>des geológicas presentes<br />
na porção meridional do Cinturão Ribeira passaram a<br />
ser reinterpreta<strong>da</strong>s segundo a concepção de terrenos<br />
tectonoestratigráficos (suspeitos e exóticos) (CONEY<br />
et al., 1980; HOWELL, 1995; JONES et al., 1983;<br />
MCWILLIANS e HOWELL, 1982; SCHERMER et al.,<br />
1984), na qual um terreno constitui uma enti<strong>da</strong>de<br />
geológica de extensão regional limita<strong>da</strong> por falhas e<br />
caracteriza<strong>da</strong> por uma história geológica totalmente<br />
desvincula<strong>da</strong> <strong>da</strong> evolução de uni<strong>da</strong>des adjacentes<br />
em períodos anteriores à justaposição entre elas.<br />
O principal conceito embutido no termo ‘terreno’<br />
relaciona-se ao fato de que há incertezas com<br />
respeito às relações paleogeográficas originais entre<br />
duas ou mais uni<strong>da</strong>des geológicas adjacentes, ou<br />
entre um terreno e um cráton adjacente (HOWELL,<br />
1995). Um terreno composto seria formado pela<br />
colagem entre dois ou mais terrenos, ca<strong>da</strong> qual com<br />
histórias geológicas distintas anteriores à colagem<br />
(HOWELL, 1995). Heilbron et al. (2004), Campanha<br />
e Faleiros (2005) e Faleiros (2008) são pioneiros na<br />
aplicação desse modelo para a região em apreço.<br />
Segundo Faleiros (2008), a região <strong>da</strong> Folha<br />
Eldorado Paulista compreende, de norte para sul,<br />
os terrenos compostos Apiaí, Curitiba, Luís Alves e<br />
Paranaguá (Figura 2.2). No presente trabalho, a Folha<br />
Eldorado Paulista foi compartimenta<strong>da</strong> segundo essa<br />
proposição.<br />
O Terreno Apiaí (Figura 2.2) compreende<br />
sequências de rochas supracrustais, de baixo a<br />
médio grau metamórfico, originalmente designa<strong>da</strong>s<br />
como Grupo Açungui e, posteriormente, eleva<strong>da</strong>s<br />
21