Vibrante apelo de D. António Marto - Diocese Leiria-Fátima
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. história .<br />
Pegada à Quinta do Fidalgo estava, como vimos, uma courela <strong>de</strong>signada<br />
por “Botaca”. À apropriação <strong>de</strong>sta terra ou cerrada do “Boutaca”, pelos Teles<br />
<strong>de</strong> Meneses e, <strong>de</strong>pois, pelos Barba [Alardo], se opuseram os padres dominicanos<br />
que, em Julho <strong>de</strong> 1742, mandaram tomar posse para o Mosteiro <strong>de</strong>ste<br />
mesmo pedaço <strong>de</strong> terra. Perante esta situação, Manuel Correira <strong>de</strong> Mesquita<br />
Barba abriu um processo contra os fra<strong>de</strong>s. Da leitura <strong>de</strong>sse processo ficamos<br />
a saber que se tratava da Quinta, justamente, citamos, “chamada do Fidalgo<br />
ao tempo que elles Reos estavão <strong>de</strong> poce do dito pedaço <strong>de</strong> terra emtrando na<br />
duvida <strong>de</strong> se o dito pedaço <strong>de</strong> terra lhe pertensia como se lhe fez evi<strong>de</strong>nte que<br />
o dito pedaço <strong>de</strong> chão era dos Reverendos Reos”.<br />
As dúvidas à posse, por parte do Convento, do chão em causa, <strong>de</strong>rivavam,<br />
em boa medida, do facto <strong>de</strong> os antigos senhores da Quinta do Fidalgo, Fernão<br />
Teles <strong>de</strong> Meneses e seu pai, <strong>António</strong> Teles <strong>de</strong> Meneses, sempre se terem<br />
afirmado proprietários plenos <strong>de</strong> toda a Quinta, na qual incluíam o chão em<br />
disputa. Por seu lado, os procuradores do Mosteiro alegavam, em sua <strong>de</strong>fesa,<br />
que os novos e antigos senhores <strong>de</strong>sta Quinta nunca haviam sido proprietários<br />
<strong>de</strong>ste pedaço <strong>de</strong> terra.<br />
Este chão, dito do “Botaca”, ficava no “no citio do Freixial”, partindo<br />
“com estrada e po<strong>de</strong>rá ter em quadra <strong>de</strong>s varas com pouca diferença”. Correspon<strong>de</strong>rá,<br />
naturalmente, ao sítio ainda actualmente dito Boutaca, no qual<br />
foi edificada, em Oitocentos, a conhecida Ponte do Boutaca, sendo vizinho,<br />
pois, à estrema meridional da Quinta dos ditos Teles <strong>de</strong> Meneses, <strong>de</strong>pois dos<br />
Correia Barba [Alardo] e, mais recentemente, da Família Sales.<br />
Nele se encontrava uma açudada <strong>de</strong> água e a respectiva vala ou caneiro:<br />
“o dito pedaço <strong>de</strong> terra por on<strong>de</strong> pação agoa mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z palmos pouco mais<br />
ou menos assim sem estar mistico com a valla ou por consequencia sem prejudicar<br />
a mesma e provara que a entrada e serventia para o dito pedaço <strong>de</strong><br />
terra não prejudica o autor [Manuel Correia Mesquita Barba] em cousa alguma<br />
por esta partir do Norte com estrada que da Batalha vay pera Sam Jorge<br />
e por esta parte se servem os Reverendos Reos pera semearem e cultivarem<br />
a dita terra sem fazerem prejuizo aos autores” (Sentenças, nº 6, fls. 10-10vº).<br />
Fora, este pedaço <strong>de</strong> chão, sucessivamente aforado pelo Convento a Gaspar<br />
Luís e sua mulher, moradores na Venda dita Botaca, em três vidas, pelo<br />
foro <strong>de</strong> 100 réis e uma galinha. Depois <strong>de</strong>stes, foi trazido ao Padre João Bernar<strong>de</strong>s,<br />
dos Adrões, e, ainda, por Catarina João, viúva, igualmente moradora<br />
nos Adrões.<br />
Foi no tempo <strong>de</strong>sta inquilina, aliás e segundo as alegações dos padres dominicanos,<br />
que Fernão Teles <strong>de</strong> Menezes usurpou o chão em causa. Meteu-o,<br />
Reflexões<br />
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