Vibrante apelo de D. António Marto - Diocese Leiria-Fátima
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. história .<br />
que um lema usado pelos revolucionários cubanos, já em nossos dias, o <strong>de</strong><br />
“Pátria ou morte”, seja aquele que melhor nos permite compreen<strong>de</strong>r o que<br />
ecoava nos pensamentos <strong>de</strong>sses leais portugueses nessa tar<strong>de</strong> distante, toda<br />
ela vestida <strong>de</strong> fogo e sangue na terra almagre <strong>de</strong> S. Jorge, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong><br />
1385. Pelo exemplo citado, creio, po<strong>de</strong>remos tentar compreen<strong>de</strong>r melhor o<br />
que motivava os nossos antepassados, a força vital <strong>de</strong> um ânimo que <strong>de</strong>itou<br />
por terra o estandarte inimigo.<br />
Só uma forte consciência nacional explica a tenacida<strong>de</strong>, o tudo ou nada,<br />
o viver ou morrer que foram lema, consciência e ânimo vital que <strong>de</strong>u força e<br />
confiança ao pequeno exército português. Não acreditassem esses valorosos<br />
soldados num <strong>de</strong>stino pátrio, encarnado num Rei e na liberda<strong>de</strong> sagrada <strong>de</strong><br />
pertencer ao povo a sua escolha, e todas as estratégias militares teriam sido<br />
pouco mais que nada. Noutros momentos históricos, outras gerações <strong>de</strong> portugueses<br />
foram chamadas a fazerem opções semelhantes. Fizeram-no, por<br />
exemplo, na Guerra da In<strong>de</strong>pendência aberta em 1640, na Gran<strong>de</strong> Guerra <strong>de</strong><br />
1914-1918 ou, já no nosso tempo, os nossos pais que combateram na Guerra<br />
do Ultramar.<br />
Não era Portugal, em 1385, um mito, nem as nações, cumpre consi<strong>de</strong>rálo,<br />
se constroem sobre mitos. Os mitos são invenções culturais, as nações<br />
são construções geracionais. A continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma nação, naturalmente,<br />
necessita da garantir a transmissão da sua memória. O <strong>de</strong>ver primeiro <strong>de</strong> um<br />
cidadão está na lealda<strong>de</strong> para com os seus e <strong>de</strong> todos para com a pátria que<br />
lhe é berço.<br />
Lealda<strong>de</strong>, eis uma palavra que lemos na divisa que se repete mil vezes<br />
nas Capelas Imperfeitas. E nesta mesma Capela do Fundador, ecoam motes,<br />
lemas <strong>de</strong> vida, que não nos po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar indiferentes: “Pour bien” (D. João<br />
I), “J’ai bien raison” (Infante D. João), “Le bien me plet” (Infante Santo D,<br />
Fernando), “Talent <strong>de</strong> bien fere” (Infante D. Henrique), eis quatro <strong>de</strong>las on<strong>de</strong><br />
o conceito <strong>de</strong> “bem” é central. Fazer bem, agir por bem, a razão do bem e o<br />
bem como razão, o talento <strong>de</strong> fazer bem e o bem. E outras memórias ressoam<br />
no silêncio <strong>de</strong>stes muros como esse “Y me plet”, que lemos junto à efígie <strong>de</strong><br />
D. Filipa <strong>de</strong> Lencastre, e o misterioso “Désir”, aberto no sarcófago do Infante<br />
D. Pedro, o autor do Livro da Virtuosa Benfeitoria.<br />
Fazer e bem, uma vez mais, como mote <strong>de</strong> uma época on<strong>de</strong> os portugueses<br />
foram chamados a escolher e escolheram bem, o bem que lhes <strong>de</strong>u<br />
a vitória <strong>de</strong>cisiva e que culminará na divisa <strong>de</strong>sse Senhor do Mundo, el-rei<br />
D. João II, “Rei <strong>de</strong> muitos reis” (Sá <strong>de</strong> Miranda), que agia “pro lege et pro<br />
grege”, pela Lei e por Portugal.<br />
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