A disciplina Ciências no Ensino Fundamental II - Fernando Santiago ...
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Já <strong>no</strong> texto IV, sobre energia térmica, escreveu para sua mãe com o<br />
título “Uma carta sobre troca de calor”. O termo calor também pode sugerir<br />
a palavra carinho, o que pode ser confirmado quando diz: “apesar da distância,<br />
gostaria que a senhora ficasse por dentro da minha educação em termos<br />
escolares”. Então, procurou explicar a troca de calor relacionando-a ao dia a<br />
dia e citando exemplos que haviam sido dados em sala de aula; mas mesmo<br />
assim podemos falar em repetição formal, na medida em que transformou a<br />
fala da professora (a diferença entre colocar os pés <strong>no</strong> ladrilho e num tapete de<br />
lã) em um texto explicativo, concluindo que o ladrilho é melhor condutor do que<br />
a lã.<br />
Para comentar os demais conceitos, ela citou as várias atividades práticas<br />
realizadas (um termômetro foi encaixado em uma tampa de metal branca e<br />
outro em uma tampa preta com uma chama entre as tampas; explicação sobre<br />
o funcionamento da garrafa térmica; construção de gráfico Tempo por<br />
Temperatura, desde o derretimento do gelo até a fervura da água), fazendo<br />
referência, como, por exemplo: “A professora de Ciências um dia também<br />
levou dois bolos de ce<strong>no</strong>ura, um feito <strong>no</strong> fogão <strong>no</strong>rmal e o outro <strong>no</strong> microondas,<br />
e vimos que os dois eram diferentes: para fazer um bolo <strong>no</strong> microondas<br />
levaria me<strong>no</strong>r tempo, mas parecia que ele ficou mais cru do que o<br />
bolo <strong>no</strong>rmal.” Embora não entrando em explicações, seu texto constrói<br />
significado para a prática realizada e, <strong>no</strong> que se refere a esse significado, podemos<br />
falar em reconstrução histórica. Já <strong>no</strong> que se refere às expectativas de que a<br />
estudante “reproduzisse” a explicação dada, não podemos afirmar que, se<br />
questionada a respeito, indicaria ter ou não construído os significados esperados.<br />
No final comentou que gostou muito das aulas com experiências e queria<br />
que continuassem. Quase todos os alu<strong>no</strong>s comentaram sobre as atividades<br />
experimentais, sentiram prazer em participar delas, mas quase nunca<br />
manifestaram explicações para os fenôme<strong>no</strong>s observados. Aliás, esse é um<br />
dos limites dos gêneros aqui utilizados. Devido à liberdade de manifestação<br />
daquilo que significou para o estudante, não é possível esperar que ele responda<br />
como num questionamento direcionado, em que se solicita: “O que é ...?”, “Por<br />
que ...?”, “Explique o que acontece ...”.<br />
Em entrevista, Geiza disse que escrever muito a ajudou, porque pôde<br />
mostrar que aprendeu, mas que gostou mesmo das experiências, pois, em a<strong>no</strong>s<br />
anteriores, não havia tido aulas práticas. Sua visão sobre o uso de leitura reflete<br />
o ensi<strong>no</strong> que os alu<strong>no</strong>s tiveram anteriormente, e afirma: “Ao copiar da lousa<br />
você fica preocupada em copiar e nem lê o que escreve. Ter o texto para<br />
ler é bem melhor.” Não há como negar que a cópia, infelizmente, ainda é uma<br />
característica marcante em <strong>no</strong>ssas salas de aula, e isso pode colaborar para a<br />
repetição mnemônica, pois a cópia passa a ser o modelo tanto do professor<br />
PLURES - Humanidades, Ribeirão Preto, n.12 - 2009 99