A disciplina Ciências no Ensino Fundamental II - Fernando Santiago ...
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descobriu conceitos e corrigiu distorções do conhecimento, destruindo ilusões<br />
que dificultavam o entendimento dos princípios práticos desse conhecimento.<br />
Nesse sentido, o acesso à verdade permitido pelo espírito da livre investigação<br />
purificou a razão dos sentimentos ilusórios e dos sofismas enga<strong>no</strong>sos. No entanto,<br />
ele se pergunta por que o ser huma<strong>no</strong> ainda se comporta como bárbaro (p. 50).<br />
Schiller considera a possibilidade de existir algo nas mentes humanas<br />
que as impede de compreender a verdade, mesmo quando ela está claramente<br />
exposta à sua frente. Por que, às vezes, o homem não ousa ser sábio? Ele<br />
conclui que o ser huma<strong>no</strong> que luta contra a privação se desgasta e se esgota<br />
nessa tarefa, não encontra depois <strong>no</strong>vas forças para combater o erro. Abandona,<br />
então, sua capacidade de pensar e concede a tutela de seus conceitos<br />
agarrando-se com fé ávida às fórmulas que o Estado e o clero têm<br />
reservadas em tais casos (SCHILLER, 1995, p. 50). Outros homens, porém,<br />
apesar de libertos do jugo das necessidades, negam a si próprios a escolha de<br />
um desti<strong>no</strong> melhor. A conclusão do autor é que a ilustração do entendimento<br />
reflui do caráter e dele também parte, em certo sentido, pois o caminho para<br />
o intelecto precisa ser aberto pelo coração (p. 51). Para tanto, a formação<br />
da sensibilidade é a necessidade premente não apenas porque ela vem a ser<br />
um meio de tornar o conhecimento melhorado eficaz para a vida, mas<br />
também porque desperta para a própria melhora do conhecimento (idem).<br />
Na concepção schilleriana, arte e ciência são pertencentes ao que há de<br />
eter<strong>no</strong> e necessário na natureza humana, e não ao que é arbitrário, contingente,<br />
factual e histórico, gozando de imunidade em face do arbítrio huma<strong>no</strong>. A arte<br />
torna-se para ele o instrumento por meio do qual se alcança a formação da<br />
sensibilidade que determina a eficácia do conhecimento adquirido. Schiller<br />
considera, ainda, as ligações da arte e da ciência com o que ele de<strong>no</strong>mina de<br />
espírito da época. Filósofos e artistas se ocuparam em produzir conhecimento<br />
e arte em cada época. Alguns, porém, destacam-se pelo fato de conseguirem<br />
resguardar-se das corrupções de sua época: “empenhando-se em engendrar<br />
o Ideal a partir da conjugação do possível e do necessário (...) moldá-lo<br />
em ilusão e verdade, <strong>no</strong>s jogos de sua imaginação e na seriedade de suas<br />
ações; (...) moldá-lo em todas as formas sensíveis e espirituais, e lançá-lo<br />
silenciosamente <strong>no</strong> tempo infinito.” (SCHILLER, 1995, p. 54-55)<br />
Para que o ser huma<strong>no</strong>, seja qual for sua ocupação, não se distancie de<br />
seu propósito, nem pela rudeza, nem pelas vias opostas do esmorecimento e da<br />
perversão, o caminho apontado por Schiller é a beleza. O sentimento educado<br />
para a beleza refina os costumes, segundo o autor. Pela experiência cotidiana,<br />
o gosto cultivado propicia a clareza do entendimento, a vivacidade do sentimento<br />
e a liberalidade e dignidade na conduta. Embora a história encontre exemplos<br />
suficientes de que gosto e liberdade se evitam e que a beleza funda seu<br />
PLURES - Humanidades, Ribeirão Preto, n.12 - 2009 137