13.11.2014 Views

A disciplina Ciências no Ensino Fundamental II - Fernando Santiago ...

A disciplina Ciências no Ensino Fundamental II - Fernando Santiago ...

A disciplina Ciências no Ensino Fundamental II - Fernando Santiago ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

suas experiências interiores que possam fundamentar suas respostas num<br />

complexo difuso, marcado pela fluidez do próprio atributo que une os seus<br />

elementos individuais. Formam-se grupos de imagens perceptualmente<br />

concretos por meio de ligações difusas ou indeterminadas. Essa fase pode ser<br />

ilustrada com a relação que as crianças fizeram quanto a imagem da folha em<br />

primeiro pla<strong>no</strong> com os pássaros em suas nervuras: “a folha está solta e vai voar<br />

e os passarinhos vão voar com ela, por isso que eles estão nela, ... não, a folha<br />

está plantada num vaso e os passarinhos moram nela”.<br />

No quinto e último momento desta segunda fase, encontramos as crianças<br />

produzindo um pseudo-conceito sempre que se cercavam de uma amostra com<br />

objetos que poderiam também ser juntados com base num conceito abstrato,<br />

por exemplo: “é um prédio, porque as árvores estão pequenininhas, quando a<br />

gente vê do alto do prédio, tudo fica peque<strong>no</strong>”.<br />

Neste estágio, podemos ver, nitidamente, uma transição entre a<br />

semelhança concreta visível, e o complexo associativo restrito a um determinado<br />

tipo de conexão perceptual. Também se aplica aqui um fenôme<strong>no</strong> peculiar a<br />

uma mesma imagem que pode representar em diferentes situações, significados<br />

divergentes ou opostos, desde que, haja qualquer nexo associativo entre estes<br />

significados. A leitura da obra de Magritte, pode ser compreendida com a seguinte<br />

observação de uma criança: a folha estava dentro do prédio, porque ela estava<br />

plantada, o artista não desenhou o vaso porque a folha – “papel” não deu, - mas<br />

a folha está <strong>no</strong> vaso e virou planta para os pássaros morarem nela”. A folha<br />

neste momento não é um elemento da árvore e sim uma moradia para os<br />

pássaros e pelo fato dela estar do lado de dentro do “prédio”, ela é vista como<br />

uma planta em um vaso.<br />

Na terceira fase conceituada por Vigotsky (1991) como “pensamento<br />

por conceitos”, as crianças começam a realizar o máximo de abstração, síntese<br />

e análise, já não é uma seqüência narrada e agrupada a partir de impressões<br />

vagas, suas estruturas apontam uma atenção maior quanto a certos traços e<br />

detalhes que vai diferenciando aquele objeto em estudo dos demais, constituindo<br />

maiores detalhes de semelhanças. Esta fase também é marcada por três estágios,<br />

e as respostas das crianças não partiram de uma compreensão natural a partir<br />

de sua leitura visual da obra. Foi necessário um encaminhamento dirigido pela<br />

professora, contextualizando toda história social e cultural daquela obra às<br />

crianças, bem como, tentando facilitar uma leitura pautada em conceitos mais<br />

elaborados.<br />

Marcando o primeiro estágio desta fase, as respostas das crianças à<br />

compreensão da obra são explicadas com base <strong>no</strong> agrupamento com o máximo<br />

de semelhança possível, embora os pseudo-conceitos sejam meros percussores<br />

dos autênticos conceitos. Retomando a leitura da obra de Magritte, pode-se<br />

76 Centro Universitário Moura Lacerda

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!