A disciplina Ciências no Ensino Fundamental II - Fernando Santiago ...
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suas experiências interiores que possam fundamentar suas respostas num<br />
complexo difuso, marcado pela fluidez do próprio atributo que une os seus<br />
elementos individuais. Formam-se grupos de imagens perceptualmente<br />
concretos por meio de ligações difusas ou indeterminadas. Essa fase pode ser<br />
ilustrada com a relação que as crianças fizeram quanto a imagem da folha em<br />
primeiro pla<strong>no</strong> com os pássaros em suas nervuras: “a folha está solta e vai voar<br />
e os passarinhos vão voar com ela, por isso que eles estão nela, ... não, a folha<br />
está plantada num vaso e os passarinhos moram nela”.<br />
No quinto e último momento desta segunda fase, encontramos as crianças<br />
produzindo um pseudo-conceito sempre que se cercavam de uma amostra com<br />
objetos que poderiam também ser juntados com base num conceito abstrato,<br />
por exemplo: “é um prédio, porque as árvores estão pequenininhas, quando a<br />
gente vê do alto do prédio, tudo fica peque<strong>no</strong>”.<br />
Neste estágio, podemos ver, nitidamente, uma transição entre a<br />
semelhança concreta visível, e o complexo associativo restrito a um determinado<br />
tipo de conexão perceptual. Também se aplica aqui um fenôme<strong>no</strong> peculiar a<br />
uma mesma imagem que pode representar em diferentes situações, significados<br />
divergentes ou opostos, desde que, haja qualquer nexo associativo entre estes<br />
significados. A leitura da obra de Magritte, pode ser compreendida com a seguinte<br />
observação de uma criança: a folha estava dentro do prédio, porque ela estava<br />
plantada, o artista não desenhou o vaso porque a folha – “papel” não deu, - mas<br />
a folha está <strong>no</strong> vaso e virou planta para os pássaros morarem nela”. A folha<br />
neste momento não é um elemento da árvore e sim uma moradia para os<br />
pássaros e pelo fato dela estar do lado de dentro do “prédio”, ela é vista como<br />
uma planta em um vaso.<br />
Na terceira fase conceituada por Vigotsky (1991) como “pensamento<br />
por conceitos”, as crianças começam a realizar o máximo de abstração, síntese<br />
e análise, já não é uma seqüência narrada e agrupada a partir de impressões<br />
vagas, suas estruturas apontam uma atenção maior quanto a certos traços e<br />
detalhes que vai diferenciando aquele objeto em estudo dos demais, constituindo<br />
maiores detalhes de semelhanças. Esta fase também é marcada por três estágios,<br />
e as respostas das crianças não partiram de uma compreensão natural a partir<br />
de sua leitura visual da obra. Foi necessário um encaminhamento dirigido pela<br />
professora, contextualizando toda história social e cultural daquela obra às<br />
crianças, bem como, tentando facilitar uma leitura pautada em conceitos mais<br />
elaborados.<br />
Marcando o primeiro estágio desta fase, as respostas das crianças à<br />
compreensão da obra são explicadas com base <strong>no</strong> agrupamento com o máximo<br />
de semelhança possível, embora os pseudo-conceitos sejam meros percussores<br />
dos autênticos conceitos. Retomando a leitura da obra de Magritte, pode-se<br />
76 Centro Universitário Moura Lacerda