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A disciplina Ciências no Ensino Fundamental II - Fernando Santiago ...

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ampliada e os pensamentos mais precisos que conduzem à separação nítida<br />

das ciências. Ao mesmo tempo, o mecanismo mais intrincado dos Estados torna<br />

necessária a delimitação rigorosa dos estamentos e dos negócios. Schiller<br />

reconhece nesse quadro o rompimento da unidade interior da natureza humana<br />

que divide o entendimento intuitivo e o especulativo, colocando-os em campos<br />

opostos que geram entre si desconfiança e ciúme, limitando esferas de atuação<br />

e oprimindo potencialidades. Por um lado, a imaginação desenfreada devasta o<br />

entendimento; por outro, o espírito de abstração prejudica o sentimento e a<br />

fantasia criadora. Acredito que o autor se refira, aqui, à ruptura ocorrida na<br />

vida do homem acostumado ao ritmo da terra e das estações climáticas em seu<br />

trabalho <strong>no</strong> campo. Na vida urbana que se apresentava nesse período a harmonia<br />

desse ciclo foi rompida e substituída por uma rotina avessa a seus costumes. O<br />

homem não pode mais se identificar com o produto de seu trabalho. E o gover<strong>no</strong><br />

da época não apresentava soluções práticas para os problemas que surgiam<br />

com o <strong>no</strong>vo estilo de vida.<br />

Algumas profissões prestigiam somente a memória ou apenas a abstração<br />

de raciocínio, enquanto outras apenas as habilidades mecânicas, desconsiderando<br />

o caráter ou o entendimento pela valorização de um espírito de ordem ou pelo<br />

comportamento legal. Para Schiller (1995) se vai aniquilando a vida concreta<br />

individual, para que o abstrato do todo prolongue sua existência precária,<br />

e o Estado continua eternamente estranho aos seus cidadãos, pois que o<br />

sentimento não pode encontrá-lo em parte alguma (p. 42).<br />

Schiller indaga se a solução dessas questões pode vir do Estado, mas ele<br />

mesmo responde que se este foi um dos causadores do mal, dificilmente<br />

apresentará um caminho melhor para ser trilhado. Embora crie leis, este não<br />

fornece o subsídio inter<strong>no</strong> de que o ser huma<strong>no</strong> necessita para cumpri-las.<br />

Existe um conflito latente entre o homem ético, apenas problematizado, e os<br />

impulsos cegos que ele deve acalmar em si para finalmente cumprir essas leis.<br />

Há um conflito de forças cegas, <strong>no</strong> mundo político, que impede a lei da<br />

sociabilidade de vencer o egoísmo hostil. A razão faz o que pode para encontrar<br />

e estabelecer a lei. No entanto, sua aplicação depende da vontade corajosa e<br />

do vivo sentimento. É pensando na harmonia entre essas forças que Schiller<br />

faz sua proposta para a educação estética do ser huma<strong>no</strong>.<br />

A verdade deve vencer o conflito contra as forças políticas e da produção,<br />

tornando-se uma força e apresentando um impulso que a estabeleça <strong>no</strong> mundo.<br />

Para Schiller, os impulsos são as forças motoras do mundo sensível. A verdade<br />

vai ocupar seu lugar, não apenas quando o entendimento souber revelá-la, mas<br />

quando o coração se abrir e receber o impulso que dela emana (1995, p. 49). É<br />

importante perceber que Schiller fala sobre a verdade, pois está considerando a<br />

evolução do conhecimento em sua época como um triunfo da razão que<br />

136 Centro Universitário Moura Lacerda

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