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Cura kahuna

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sociais. Em algumas partes da Polinésia havia uma punição Kapu com a morte contra quem permitisse que a<br />

sombra de um plebeu se sobrepusesse à de um chefe. Isto pareceu um tipo grosseiro de superstição no início,<br />

mas os estrangeiros provavelmente não sabiam que a palavra “sombra” também tinha o significado de “risada”,<br />

e que o evento acima podia ser interpretado como um ato de sublevação ou “lesa majestade”. Um outro Kapu<br />

proibia mulheres de comer bananas, porque a palavra para banana é similar à palavra para genitais e o ato<br />

poderia ser tão ofensivo quanto usar palavras sexuais em público como tradicionalmente acontece nos USA.<br />

O Kapu, então, formou a base para o sistema legal Polinésio. No seu melhor ele reforçava a coesão<br />

e produtividade da sociedade; mas o sistema podia ser, como muitas vezes era, usado por ávidos chefes e<br />

sacerdotes para exploração política e econômica. Rebeliões sociais e emigrações não eram incomuns, inspiradas<br />

por excessivas restrições Kapus impostas no povo por seus líderes. Kamehameha, o Grande, para manter sob<br />

controle seu império havaiano, explorou irracionalmente alguns Kapus de certos sacerdotes <strong>kahuna</strong>, e a má<br />

interpretação psíquica de um líder <strong>kahuna</strong> oportunista foi uma das razões porque todo o sistema Kapu no<br />

Hawaii caiu facilmente no tempo do filho de Kamehameha.<br />

OS KAHUNAS DO HAWAII<br />

Visto que eu tenho mais experiência com os <strong>kahuna</strong>s havaianos do que com os tahunas tahitianos ou<br />

tohungas maorianos, os parágrafos seguintes serão divididos com o sistema havaiano, baseado em registro<br />

histórico e discussões com WK.<br />

Quando o Capitão James Cook ancorou fora da costa protegida de Kauai em 19 de janeiro de 1778, ele<br />

quebrou seiscentos anos de isolamento das ilhas havaianas para o resto do mundo. Contrariamente à crença<br />

popular, no entanto, Cook e seus seguidores não entraram numa simples ilha paradisíaca. A beleza das ilhas<br />

vulcânicas era de tirar o fôlego, e quando os habitantes era amigáveis, eles realmente o eram. Mas os havaianos<br />

não eram nem inocentes incorruptíveis e nem selvagens ignorantes. Sua sociedade estava estruturada como um<br />

sistema feudal asfixiante, e Cook chegou em meio a violentos tumultos sociais e políticos. Depois do primeiro<br />

breve choque do contato, os europeus e sua tecnologia superior foram rapidamente explorados para propósitos<br />

políticos pelos pragmáticos líderes havaianos, incluindo os <strong>kahuna</strong>s.<br />

Nos livros de história muito tem sido contado sobre como o Capitão Cook era tido como o deus Lono<br />

retornando às ilhas. De acordo com o historiador havaiano Kamakau, o povo do Kauai ficou impressionado e<br />

assustado com o aspecto sem precedentes dos navios britânicos chegando na praia. O povo não tinha idéia de<br />

quem estava nos navios. Foi um <strong>kahuna</strong>, Kuohu, que decidiu que os navios tinham que ser templos e altares<br />

de Lono, porque os mastros e velas lembravam as traves e bandeiras usadas numa cerimônia anual dedicada<br />

a esse deus. Cook e seus homens ficaram em terra firme por uma curta visita e então partiram para a costa da<br />

América. O assunto se espalhou rapidamente através das ilhas, e a tempo de Cook retornar na parada da Baía<br />

Kealakekua na grande ilha do Hawaii, a cena estava montada para uma extraordinariamente astuta manobra<br />

política, que poderia Ter sido bem sucedida se Cook não tivesse permanecido tanto tempo.<br />

A Segunda vinda de Cook aconteceu de ser num local situado em uma área sagrada de Lono e direcionado<br />

para o fim do festival anual dedicado a ele. Não há registros sobre o que eu vou sugerir e WK diz que ele não<br />

conhecia a tradição, mas a coincidência de quando e como Cook aportou a segunda vez é tão grande que eu<br />

suspeito que os <strong>kahuna</strong>s tiveram uma mão nisso. Como nós veremos depois, eles indubitavelmente tinham a<br />

capacidade de clarividência, sabendo onde Cook estava e mandando mensagens telepáticas para guiá-lo direto<br />

à baía onde centenas de pessoas estavam reunidas para o festival de Lono. Cook observou em seu diário que<br />

nunca tinha visto semelhante ajuntamento de pessoas em todas as ilhas. Visto que o rei da ilha do Hawaii estava<br />

em processo de consolidar seu poder sobre o povo como parte de seu esforço de guerra contra Maui, é provável<br />

que tenha sido sugerido por seus conselheiros <strong>kahuna</strong>s que Cook fosse aclamado como o deus Lono trazendo à<br />

terra seu próprio mana (poder divino) para o lado que obviamente era o certo. Os chefes e os <strong>kahuna</strong>s não eram<br />

tolos. Eles podiam reconhecer uma tecnologia superior, embora estranha; eles conheciam um homem quando<br />

viam um; e eles também sabiam como tirar vantagem de uma oportunidade. Infelizmente, a longa estadia de<br />

Cook tornou difícil manter a pretensa aparência de que ele era um deus. Quando finalmente ele partiu depois de<br />

algumas semanas, eles mostraram indisfarçável alívio. Infelizmente, Cook teve que retornar depois de somente<br />

uma semana para reparar um mastro quebrado. Nessa época o festival tinha terminado, as pessoas estavam<br />

dispersas, e a recepção de Cook foi decididamente fria. As relações entre havaianos e europeus rapidamente se<br />

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