Desporto&Esport - edição1 2014
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NFL: “COMUNISMO NO DESPORTO”<br />
O MODELO DE NEGÓCIO DA NFL E A DISTRIBUIÇÃO DOS DIREI-<br />
TOS TELEVISIVOS NESTE DESPORTO<br />
AS RECEITAS ANGARIADAS PELAS RECEITAS TELEVISIVAS SÃO DIVIDIDAS<br />
EM IGUAL MODO PELAS 32 EQUIPAS DA NFL<br />
Oe sul-americanas. E, para alguns casos, nomeadamente o futebol<br />
modelo de negócio da NFL, principal campeonato<br />
de futebol americano disputado nos EUA, é um<br />
verdadeiro caso de sucesso e que merece um estudo<br />
aprofundado pelas entidades desportivas europeias<br />
e os principais campeonatos pode ser copiado. Desportivamente<br />
a NFL nunca foi tão competitiva. Financeiramente nunca foram<br />
tão ricos.<br />
Isto é de tal forma verdadeiro, que Roger Goodell, comissário da<br />
National Football League (NFL), anunciou o ambicioso objetivo de<br />
$ 25 bilhões de receitas no ano de 2027. Para colocar este número<br />
em perspetiva, os países do Panamá, Jordânia, Gana ou Islândia, na<br />
viragem da presente década apresentavam valores de PIB nominais<br />
inferiores. Para além do impacto das receitas oriundas das transmissões<br />
televisivas, que falaremos mais abaixo, o bom desempenho<br />
e a possível alta estimativa para o futuro devem-se aos contratos de<br />
patrocínio milionários, a exploração comercial das marcas e pela<br />
venda de produtos licenciados – centralizados pela liga, e por fim<br />
pela receita dos estádios que estão sistematicamente cheios.<br />
Mas um ponto fundamental para a competitividade e a saúde<br />
financeira dos 32 clubes da NFL deve-se à forma como as receitas<br />
televisivas são distribuídas: de forma igual para os 32 clubes. Ou<br />
seja, do mesmo pote, independentemente do tamanho dos clubes<br />
e da capacidade destes de gerar público e receitas, recebem exatamente<br />
o mesmo dos grandes clubes. Talvez por isso, o sistema da<br />
NFL é muitas vezes olhado como “o comunismo no desporto”. E<br />
se olharmos para os resultados desta política podemos facilmente<br />
afirmar que é “ o comunismo que funciona”.<br />
Olhemos para o exemplo do campeão da Super Bowl da temporada<br />
de 2010, o Green Bay Packers. Oriundo de uma pequena cidade<br />
do Winsconsin, com pouco mais de 100.000 habitantes superou o<br />
New York Giants. Sem a partilha igualitária de receitas televisivas<br />
isto seria apenas uma miragem.<br />
O aumento da competitividade no jogo aumentou igualmente a<br />
popularidade do mesmo e em consequência as suas receitas. Hoje<br />
dentro dos quatro grandes desportos o futebol americano domina<br />
totalmente. Por exemplo, até à poucos anos o basebol dominava<br />
as preferências. Hoje, a audiência do Super Bowl supera em 85<br />
milhões a do World Series.<br />
Temos ainda, o fato de quem ganha o Superbowl é o último a<br />
escolher novos jogadores na temporada seguinte, ou seja “pune-se”<br />
o sucesso de modo a equilibrar a competição. Criando incerteza<br />
quanto ao campeão, que é talvez o fator mais preponderante para<br />
gerar emoção no desporto.<br />
Este modelo administrativo da NFL tem-se mostrado ganhador<br />
em todos os sentidos. Se pode ou não ser copiado nas principais<br />
campeonatos europeus e sul-americanos, não é uma resposta<br />
fácil. O desporto é diferente. Os adeptos são outros. E os interesse<br />
também. Mas fará sentido termos sempre os mesmos campeões,<br />
que saem sempre de um lote de dois ou três clubes? Faz sentido as<br />
meias-finais das últimas cinco/seis edições da Liga dos Campeões<br />
serem disputadas invariavelmente pelos mesmo clubes, com a<br />
exceção de um ou outro intruso? E, mais importante: pode o futebol<br />
aguentar-se deste modo?<br />
Este é um tema que voltaremos recorrentemente nas páginas da<br />
Desporto&<strong>Esport</strong>e.<br />
Tiago Dinis. colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
58 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com