Desporto&Esport - edição1 2014

CONTRADITÓRIO:
A IMPORTÂNCIA DE DIFERENTES IDEIAS NA GESTÃO DESPORTIVA
Pedro M. Silva. colunista Desporto&Esport
contato@desportoeesport.com
N
os últimos dez anos, em
alguns países isso acontece
há já mais tempo, uma
política de comunicação
fechada por parte dos clubes de futebol
e obrigando os seus intermediários a um
discurso cheio de lugares comuns e em
sintonia com o que a mensagem que se
pretende passar e sem lugar a um pensamento
original ou individual. Vemos igualmente
presidentes a agregarem significativamente
mais poder e a secarem tudo à
sua volta. A crítica jornalística ou mesmo
dos adeptos é desvalorizada no melhor
dos cenários e severamente atacada na
maioria das vezes. Mesmo as seleções
nacionais dos países, instituições de utilidade
pública e subsidiada em parte por
dinheiros do orçamento de estado, não se
coíbem de afirmar se não for para ajudar
e suportar, que é melhor nem aparecerem.
Olhamos para dentro dos clubes e dificilmente
achamos pessoas com capacidade e
estatuto para apresentarem novas abordagens
e diferentes ideias. Vivemos numa era
de pensamento único e de estratégias sem
planos B. Mas que vantagens existem nesta
forma de agir?
Na nossa opinião muito poucas. Em última
análise, um modelo de negócio desportivo
e de treino chega a um ponto de saturação.
Como afirma Birkinshaw, “um dos inimigos
da agilidade estratégica é a empresa
basear-se em métricas velhas e restritivas
e não questionar com frequência os
indicadores de desempenho, acarretando
a criação de pontos cegos muito perigosos
na visão estratégica.”
Frans Johansson autor de diversos livros
de gestão e finanças, aponta diversos
exemplos de sucesso de empresas e clubes
desportivos que alcançaram o sucesso
saindo de “dentro da caixa”. Ou seja, apostando
em ideias e conceções de negócio
inexplorados ou desvalorizados.
Neste seguimento, apostar em formar ideias
contrárias e diferentes nas organizações
desportivas pode ser a única forma
de sobrevivência principalmente para as
organizações com menores recursos financeiros.
E menor capacidade para se adaptarem
rapidamente a mudanças repentinas.
Julian Birkinshaw, da London Business
School, assume a ideia que uma das principais
causas para o declínio das organizações,
nas quais podemos colocar as
organizações desportivas: “é a perda de
agilidade estratégica: a capacidade que
uma empresa tem de mobilizar as pessoas
por toda a organização para manterem
seus olhos abertos para as mudanças no
ambiente externo, e assumirem a responsabilidade
de disseminar suas novas ideias
e desafiar os processos atuais”.
Por fim, a velha máxima que em equipa
que ganha não se mexe pode ser uma conceção
falaciosa. Uma boa ideia hoje pode
não significar que essa mesma ideia seja
vencedora amanha.
No fundo, a adaptabilidade, mesmo no
meio desportivo e nas suas organizações,
é um ponto fundamental e isto é melhor
conseguido quando existem ideias diferentes
e abordagem que se diferenciem.
Privilegiar um debate saudável é a melhor
solução para o sucesso no presente e principalmente
no futuro.
“... um dos inimigos da
agilidade estratégica
é a empresa basear-se
em métricas velhas e
restritivas e não questionar
com frequência
os indicadores de desempenho,
acarretando a
criação de pontos cegos
muito perigosos na
visão estratégica”
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