30.12.2014 Views

Descarregue o Livro do Curso a partir daqui - Departamento de ...

Descarregue o Livro do Curso a partir daqui - Departamento de ...

Descarregue o Livro do Curso a partir daqui - Departamento de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

anterior para a ocorrência <strong>de</strong> S. Pedro da Torre (Valença) (Vieira, 2008). Esses sedimentos, clásticos,<br />

siliciosos e com matriz pre<strong>do</strong>minantemente caulinítica, foram <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s em condições prevalecentes <strong>de</strong><br />

baixa energia durante o processo <strong>de</strong> drenagem para o Atlântico, com representação <strong>de</strong> espessos níveis<br />

lutíticos (Fm, Fl, Fr) intercala<strong>do</strong>s com arenitos (Sp, Sh) e escassos níveis conglomeráticos (Gp, Gt). A<br />

revitalização da drenagem está <strong>do</strong>cumentada pela sobreposição <strong>de</strong> várias sequências positivas <strong>de</strong><br />

conglomera<strong>do</strong>s (Gt, Gp, Gh), arenitos (St, Sp) e lutitos (Fm, Fl, Fr) (Pereira & Alves, 2004). No Rio<br />

Minho, os clastos <strong>do</strong>s leitos conglomeráticos <strong>de</strong>stas unida<strong>de</strong>s revelam uma origem longínqua, nas unida<strong>de</strong>s<br />

metassedimentares paleozóicas <strong>do</strong> interior da bacia <strong>do</strong> Minho-Sil. A mesma origem longínqua é revelada<br />

pelo Conglomera<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cortes, uma ocorrência singular <strong>de</strong> uma sequência areno-conglomerática fortemente<br />

silicificada e limitada por falhas, aflorante sob um nível <strong>de</strong> terraço nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Monção (Pereira,<br />

1997). Em Alvarães e no Cáva<strong>do</strong> as características sedimentológicas evi<strong>de</strong>nciam uma alimentação<br />

confinada às proximida<strong>de</strong>s da orla atlântica.<br />

Para além <strong>do</strong> registo sedimentar referi<strong>do</strong>, os terraços preserva<strong>do</strong>s nos vales <strong>do</strong>s principais rios <strong>do</strong><br />

Minho, tradicionalmente vistos como registos quaternários <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> evolução fluvial, evi<strong>de</strong>nciam a<br />

sucessão <strong>de</strong> quatro ciclos maiores <strong>de</strong> encaixe fluvial e aluvionamento, o último <strong>do</strong>s quais está relaciona<strong>do</strong><br />

com o último perío<strong>do</strong> glaciário (Alves & Pereira, 2000).<br />

A sul da foz <strong>do</strong> rio Minho <strong>de</strong>senvolve-se um plataforma litoral com cerca <strong>de</strong> 2.5 kms <strong>de</strong> largura até<br />

ao rio Lima e com cerca <strong>de</strong> 5 kms entre o Lima e o Cáva<strong>do</strong>. Esta plataforma litoral é limitada no interior<br />

por uma arriba <strong>de</strong> origem tectónica com vestígios <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lação marinha. No sector <strong>do</strong> Douro Litoral esta<br />

plataforma é mais larga e um pouco mais elevada, entre os 60 e os 100 metros <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, e está limitada<br />

pelo flanco oci<strong>de</strong>ntal da estrutura da Antiforma <strong>de</strong> Valongo. Sobre esta plataforma, para além <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pósitos marinhos limita<strong>do</strong>s à faixa mais próxima <strong>do</strong> oceano, dispõem-se <strong>de</strong>pósitos continentais para os<br />

quais se admitem duas gerações (Araújo, 1991). O episódio mais antigo, <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> provável plasenciana,<br />

tem carácter caulinítico e está <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong> pelo pre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> lutitos <strong>de</strong>nuncian<strong>do</strong> condições <strong>de</strong> baixa<br />

energia, aos quais se segue um episódio <strong>de</strong> canalização <strong>do</strong>s fluxos, com <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> arenitos e<br />

conglomera<strong>do</strong>s, com encouraçamento ferruginoso no topo. Para o interior, as fácies proximais, <strong>de</strong><br />

natureza conglomerática, situam-se nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s relevos quartzíticos, nomeadamente os<br />

<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> Medas. O episódio posterior, provavelmente <strong>do</strong> Gelasiano - caracteriza-se pelo carácter<br />

grosseiro <strong>do</strong>s sedimentos <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s em condições torrenciais que se encaixam na plataforma anterior<br />

(Araújo, 1991; Araújo, 2004; Pereira et al., 2000; Araújo et al., 2003).<br />

Assim, enquanto que a norte, entre os rios Minho e Ave, a plataforma litoral tem continuida<strong>de</strong> para o<br />

interior <strong>do</strong>s vales, <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> largo e aplana<strong>do</strong>, até ao encontro das montanhas oci<strong>de</strong>ntais a cerca <strong>de</strong> 45 km<br />

<strong>do</strong> litoral, a sul, o relevo da Antiforma <strong>de</strong> Valongo limita a cerca <strong>de</strong> 15 km a extensão da orla atlântica,<br />

aqui quase coinci<strong>de</strong>nte com a plataforma litoral. O vale <strong>do</strong> Douro revela um carácter encaixa<strong>do</strong> quase<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua foz, aspecto que, como os anteriores são claramente expressos por Ferreira (1983; 2004).<br />

As montanhas oci<strong>de</strong>ntais estabelecem uma sólida fronteira entre a orla atlântica <strong>do</strong> Minho e o<br />

interior. Os rios Douro, Tâmega e Paiva cortam e individualizam os conjuntos montanhosos <strong>do</strong> Gerês-<br />

Larouco-Cabreira, Marão-Alvão e Montemuro-Gralheira. Embutida nas superfícies culminantes <strong>do</strong><br />

Larouco (1527m) e <strong>do</strong> Barroso (1279m), <strong>de</strong>fine-se a superfície <strong>do</strong> Alto Rabagão (850-950 metros), on<strong>de</strong><br />

os vales abertos <strong>do</strong> Alto Cáva<strong>do</strong> e <strong>do</strong> Rabagão sugerem anteriorida<strong>de</strong> relativamente ao levantamento<br />

tectónico <strong>de</strong>ste sector. A superfície <strong>do</strong> Alto Rabagão está relacionada com outros retalhos bem<br />

conserva<strong>do</strong>s da superfície fundamental <strong>de</strong> aplanamento situa<strong>do</strong>s a leste e a sul. Po<strong>de</strong>rá pois admitir-se um<br />

levantamento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 500 metros <strong>de</strong>ste sector, anterior à etapa principal <strong>de</strong> aplanamento da Meseta. A<br />

sul <strong>do</strong> rio Tâmega estruturam-se a Serra <strong>do</strong> Alvão (1330m), on<strong>de</strong> estão preserva<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is níveis <strong>de</strong><br />

aplanamento, supon<strong>do</strong>-se que o mais eleva<strong>do</strong> possa correspon<strong>de</strong>r à superfície fundamental levantada na<br />

sequência <strong>do</strong>s movimentos tectónicos associa<strong>do</strong>s ao ATVP, e a Serra <strong>do</strong> Marão (1416m), com as cristas<br />

quartzíticas surgin<strong>do</strong> acima da anterior.<br />

3. O SECTOR CENTRAL<br />

A leste das montanhas oci<strong>de</strong>ntais toma expressão o ATVP, com uma orientação geral NNE-SSW, ao<br />

qual estão associadas, a norte, as <strong>de</strong>pressões <strong>de</strong> Chaves, a mais expressiva, <strong>de</strong> Vidago, Pedras Salgadas,<br />

Telões e Vila Real (Feio, 1951), referidas como bacias <strong>de</strong> <strong>de</strong>sligamento associadas a uma componente<br />

horizontal <strong>de</strong> movimentação naquela estrutura (Cabral, 1995; Pereira, 2006). A oeste <strong>de</strong> Chaves <strong>de</strong>finemse<br />

vários patamares escalona<strong>do</strong>s entre a superfície culminante da Serra <strong>do</strong> Larouco e a base da <strong>de</strong>pressão<br />

Volume I, Capítulo V - Geomorfologia | 495

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!