Descarregue o Livro do Curso a partir daqui - Departamento de ...
Descarregue o Livro do Curso a partir daqui - Departamento de ...
Descarregue o Livro do Curso a partir daqui - Departamento de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
en<strong>do</strong>rreica, representadas no sector entre os ATVP e ATBVM; o sector com uma drenagem en<strong>do</strong>rreica<br />
para a BTD, representa<strong>do</strong> no sector SE <strong>de</strong> Portugal.<br />
Na orla atlântica <strong>do</strong> Minho os cursos fluviais terão prossegui<strong>do</strong> o seu encaixe e alargamento <strong>do</strong>s<br />
vales por recuo das vertente até ao limite das montanhas oci<strong>de</strong>ntais, on<strong>de</strong> se encaixam profundamente. A<br />
movimentação <strong>de</strong> blocos tectónicos po<strong>de</strong>rá ter preserva<strong>do</strong>s registos sedimentares mais antigos da<br />
drenagem no norte <strong>de</strong> Portugal, nomeadamente na <strong>de</strong>pressão tectónica <strong>de</strong> Monção (rio Minho), on<strong>de</strong> o<br />
Conglomera<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cortes apresenta semelhanças evi<strong>de</strong>ntes com o Grés <strong>do</strong> Buçaco e na bacia tectónica <strong>de</strong> Pra<strong>do</strong><br />
(rio Cáva<strong>do</strong>), on<strong>de</strong> estão assinaladas uma unida<strong>de</strong> si<strong>de</strong>rolítica (Braga, 1988) e uma unida<strong>de</strong> argilosa com esporos<br />
comuns no Cretácico. A antiguida<strong>de</strong> <strong>do</strong> vale <strong>do</strong> rio Minho é evi<strong>de</strong>nciada pela maturida<strong>de</strong> <strong>do</strong> seu perfil<br />
longitudinal e pelo número eleva<strong>do</strong> <strong>de</strong> terraços erosivos, como os 15 níveis i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s no sector <strong>de</strong><br />
Orense, alguns <strong>do</strong>s quais relaciona<strong>do</strong>s com o enchimento neogénico em <strong>de</strong>pressões tectónicas, facto que<br />
conduz à <strong>de</strong>dução <strong>do</strong> início <strong>do</strong> encaixe a <strong>partir</strong> <strong>do</strong> fim <strong>do</strong> Paleogénio (Temiño & Romani, 2001). Os<br />
indica<strong>do</strong>res paleontológicos e sedimentológicos sugerem, com maior certeza, que no Pliocénico a bacia <strong>do</strong><br />
rio Minho se estendia, através <strong>do</strong> rio Sil, até próximo <strong>do</strong>s limites actuais nas montanhas Galaico-Leonesas,<br />
como é evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> pelos sedimentos siliciclásticos <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s na <strong>de</strong>pressão <strong>de</strong> Valença intercala<strong>do</strong>s por<br />
um nível argiloso com fósseis. Estes, ao revelarem condições quentes e húmidas sugerem condições <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>posição associadas a um alto nível marinho, situação extensível às <strong>de</strong>pressões <strong>de</strong> Pra<strong>do</strong> e Alvarães. Após<br />
a sucessão sedimentar atribuída ao Pliocénico seguiram-se 4 gran<strong>de</strong>s ciclos <strong>de</strong> encaixe fluvial, o último <strong>do</strong>s<br />
quais correspon<strong>de</strong>nte à incisão e enchimento pós-Würm (Pereira & Alves, 2001; 2004).<br />
Com os sucessivos eventos tectónicos cenozóicos, as regiões mais interiores <strong>do</strong> norte <strong>de</strong> Portugal<br />
alteraram <strong>de</strong> forma significativa o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> drenagem. As características e a ida<strong>de</strong> proposta para as<br />
Arcoses <strong>de</strong> Nave <strong>de</strong> Haver, sugerem um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> drenagem pouco encaixa<strong>do</strong>, em resposta a impulso ou<br />
impulsos tectónicos paleogénicos. O nível <strong>de</strong> aplanamento que se <strong>de</strong>senvolve a cerca <strong>de</strong> 850 metros está<br />
em continuida<strong>de</strong> entre o soco e as arcoses. A norte, os sedimentos cenozóicos acumula<strong>do</strong>s e preserva<strong>do</strong>s<br />
nas <strong>de</strong>pressões tectónicas e nos paleovales incisos no substrato varisco transmontano relacionam-se com<br />
várias fases tectónicas posteriores às Arcoses <strong>de</strong> Nave <strong>de</strong> Haver, quatro <strong>de</strong>las datadas entre o Tortoniano<br />
(Miocénico terminal) e o Gelasiano (Pliocénico superior) (Pereira, 1997, 1998, 1999a; 1999b; Pereira et al.,<br />
2000). No planalto mirandês o importante nível aplana<strong>do</strong> a cerca <strong>de</strong> 750 metros <strong>de</strong>senvolve-se sobre o<br />
enchimento <strong>do</strong>s paleovales pela Formação Bragança e po<strong>de</strong>rá correspon<strong>de</strong>r a um embutimento na superfície<br />
representada a sul.<br />
As diversas unida<strong>de</strong>s sedimentares i<strong>de</strong>ntificadas sugerem um largo espaço temporal <strong>de</strong> drenagem<br />
en<strong>do</strong>rreica, para as pequenas bacias <strong>de</strong> Chaves, <strong>de</strong> Miran<strong>de</strong>la, <strong>de</strong> Bragança ou <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cavaleiros ou<br />
mesmo para a bacia Terciária <strong>do</strong> Douro através <strong>do</strong>s paleovales <strong>do</strong> sector mais oriental. A drenagem<br />
atlântica terá captura<strong>do</strong> sucessivamente os sectores mais interiores, não só em consequência da<br />
movimentação tectónica mas também <strong>de</strong> episódios importantes <strong>de</strong> arrefecimento (Pereira, 2004). A<br />
captura <strong>do</strong> sector central a norte <strong>do</strong> Douro, entre os ATVP e ATBVM terá si<strong>do</strong> facilitada pela estrutura <strong>de</strong><br />
blocos tectónicos, alguns <strong>do</strong>s quais com forte subsidência como são os casos das <strong>de</strong>pressões <strong>de</strong> Miran<strong>de</strong>la<br />
e da Vilariça. Antes da captura da BTD, a drenagem atlântica promoveu uma acentuada erosão no vale <strong>do</strong><br />
Sabor, erosão que se esten<strong>de</strong> quase até ao sector <strong>do</strong> Douro Internacional. O troço <strong>do</strong> Douro Internacional<br />
revela-se jovem, com um perfil longitudinal muito acentua<strong>do</strong>, em forte ruptura com o perfil <strong>do</strong> Douro<br />
português, encaixe quase vertical e uma reduzida erosão lateral afectan<strong>do</strong> a superfície da Meseta. Neste<br />
quadro, admite-se a evolução <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um Douro primitivo, limita<strong>do</strong> á fachada atlântica, até ao Douro actual,<br />
passan<strong>do</strong> sucessivamente pelas etapas erosivas Douro-Tâmega, Douro-Tua e Douro-Sabor. O nível <strong>de</strong><br />
aplanamento situa<strong>do</strong> a cerca <strong>de</strong> 500 metros nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> vale <strong>do</strong> Douro (em especial em Freixo <strong>de</strong><br />
Espada à Cinta) parece correspon<strong>de</strong>r à última etapa <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> antes da captura <strong>de</strong>ste sector pela<br />
drenagem atlântica.<br />
6. CONCLUSÕES<br />
O conjunto <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s geomorfológicos, sedimentológicos, e tectónicos permitem compreen<strong>de</strong>r uma<br />
evolução complexa <strong>do</strong> relevo e da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem no norte <strong>de</strong> Portugal. A estruturação <strong>do</strong> relevo está<br />
fortemente relacionada com episódios compressivos cenozóicos que no Paleogénico terão levanta<strong>do</strong> o<br />
sector NW <strong>do</strong> MI, em especial as montanhas <strong>do</strong> Minho oci<strong>de</strong>ntal, as montanhas Galaico-Leonesas, que se<br />
prolongam até Montesinho, bem como os relevos que a sul limitam a bacia <strong>do</strong> Douro. Com a edificação<br />
<strong>de</strong>stes relevos ter-se-á revitaliza<strong>do</strong> a re<strong>de</strong> atlântica minhota que prosseguiu por um la<strong>do</strong> uma forte erosão<br />
lateral na orla atlântica e um encaixe profun<strong>do</strong> nas montanhas interiores. Para o interior ter-se-á observa<strong>do</strong><br />
498 | Volume I, Capítulo V - Geomorfologia