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socieda<strong>de</strong> (políticos, empresários, educa<strong>do</strong>res, meios <strong>de</strong> comunicação social), incluin<strong>do</strong> os grupos<br />

profissionais cuja activida<strong>de</strong> se centra na produção e aplicação <strong>de</strong> conhecimentos inerentes às Ciências da<br />

Terra. Por um la<strong>do</strong>, urge melhorar os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> exploração <strong>do</strong>s recursos geológicos, tarefa que compete<br />

aos profissionais das Geociências, que <strong>de</strong>vem, em articulação com <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> outros saberes, orientar<br />

nesse senti<strong>do</strong> a sua activida<strong>de</strong> (AIPT, 2007b; Henriques, 2008a), conceben<strong>do</strong> e implementan<strong>do</strong> novas<br />

tecnologias e instrumentos mais eficientes para a extracção e exploração <strong>de</strong> georrecursos, como meta para<br />

a sua utilização sustentável, temática em <strong>de</strong>staque no Programa Científico <strong>do</strong> Ano Internacional <strong>do</strong><br />

Planeta Terra, actualmente em curso. Por outro la<strong>do</strong>, impõem-se mudanças significativas nos padrões <strong>de</strong><br />

consumo <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os cidadãos, que uma educação que apele à construção “<strong>de</strong> um mun<strong>do</strong> no qual to<strong>do</strong>s<br />

tenham a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ace<strong>de</strong>r a uma educação e adquirir valores que fomentem práticas sociais,<br />

económicas e políticas <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>” (CNU, 2006, p. 11), po<strong>de</strong> potenciar. Mas tal implica rupturas<br />

com os sistemas educativos tradicionais (UNESCO, 2008a), e requer reorientações profundas na educação<br />

– formal e não-formal –, que permitam contribuir para a formação <strong>de</strong> cidadãos informa<strong>do</strong>s, participativos<br />

e comprometi<strong>do</strong>s com uma gestão responsável <strong>do</strong> planeta e <strong>do</strong>s seus recursos, numa perspectiva <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável (Henriques, 2008a). Tal ambição converge em pressupostos que levaram à<br />

proclamação, pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, <strong>do</strong> <strong>de</strong>cénio 2005-2014 como a Década das<br />

Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (UNESCO, 2008a), iniciativa em que se<br />

enquadra o Ano Internacional <strong>do</strong> Planeta Terra, cujo objectivo é aproximar as Ciências da Terra <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s<br />

os cidadãos (Mul<strong>de</strong>r et al., 2006).<br />

A DÉCADA DAS NAÇÕES UNIDAS DA EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL<br />

(2005-2014)<br />

Em Dezembro <strong>de</strong> 2002, a Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou a Resolução 57/254 e<br />

proclamou a Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (DNUEDS),<br />

para o perío<strong>do</strong> 2005-2014, ten<strong>do</strong> <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> a UNESCO para li<strong>de</strong>rar o respectivo processo <strong>de</strong><br />

implementação (UNESCO, 2008a; CNU, 2006). O objectivo principal <strong>de</strong>sta iniciativa consiste em<br />

integrar, em todas as dimensões da educação, princípios, valores e práticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável, que estimulem mudanças <strong>de</strong> comportamento capazes <strong>de</strong> criar um futuro mais sustentável, em<br />

termos <strong>de</strong> integrida<strong>de</strong> ambiental e viabilida<strong>de</strong> económica, e uma socieda<strong>de</strong> mais justa, quer no presente,<br />

quer para as gerações futuras (UNESCO, 2008a). Destacan<strong>do</strong> a promoção <strong>de</strong> uma educação incorporan<strong>do</strong><br />

valores, a DNUEDS releva o respeito – pelos outros, pelas gerações presentes e futuras, pelo planeta e<br />

por aquilo que ele nos proporciona (recursos, fauna e flora) – como o valor fundamental na formação <strong>de</strong><br />

cidadãos mais aptos a tomarem <strong>de</strong>cisões quotidianas, fundamentadas e responsáveis, que visem a<br />

mitigação <strong>do</strong>s problemas que afectam as socieda<strong>de</strong>s contemporâneas. Nestes, incluem-se os que <strong>de</strong>correm<br />

da <strong>de</strong>pleção <strong>de</strong> recursos geológicos, cuja exploração interfere directamente com a integrida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s objectos<br />

naturais com valor patrimonial, <strong>de</strong> que o Património Geológico da Terra constitui parte integrante<br />

(Oliveira, 2000; Oliveira e Henriques, 2000; Henriques, 2004; Brilha, 2005; Henriques, 2006).<br />

Num mun<strong>do</strong> com “um forte aumento da população mundial [e] com uma ânsia voraz no consumo<br />

<strong>de</strong> toda a espécie <strong>de</strong> recursos (a maior parte <strong>de</strong>les não renováveis)” (Brilha, 2007, p.13), a preservação <strong>do</strong>s<br />

“Direitos à Memória da Terra”, consubstanciada na Declaração <strong>de</strong> Digne (DD, 1991), impõe<br />

responsabilida<strong>de</strong>s acrescidas a to<strong>do</strong>s os cidadãos, sobretu<strong>do</strong> aos que integram socieda<strong>de</strong>s fortemente<br />

consumistas <strong>de</strong> recursos geológicos. Por exemplo, na Alemanha, a taxa <strong>de</strong> utilização <strong>do</strong> território para fins<br />

urbanísticos atingiu, em 2003, 93 ha por dia (EEA, 2005), à custa, naturalmente, <strong>de</strong> exploração intensa <strong>de</strong><br />

recursos minerais, o que conduz, “inevitavelmente, a uma <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> parte importante da<br />

geodiversida<strong>de</strong>” <strong>do</strong> planeta (Brilha, 2005, p. 41).<br />

Os conflitos entre os que reclamam a manutenção da integrida<strong>de</strong> física <strong>de</strong> objectos geológicos com<br />

valor patrimonial – <strong>de</strong>signadamente as comunida<strong>de</strong>s científicas – e os que preten<strong>de</strong>m a sua utilização, para<br />

fins que po<strong>de</strong>m contribuir para a sua <strong>de</strong>lapidação, são constantes (Henriques, 2006), e ten<strong>de</strong>rão a<br />

aumentar no futuro, face à procura crescente <strong>de</strong> recursos geológicos por parte da indústria extractiva.<br />

Nesse contexto, os po<strong>de</strong>res políticos serão cada vez mais confronta<strong>do</strong>s com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mediarem<br />

tais conflitos – que implicam estabelecer equilíbrios <strong>de</strong>lica<strong>do</strong>s entre interesses económicos e<br />

responsabilida<strong>de</strong>s sociais – e <strong>de</strong> tomarem <strong>de</strong>cisões, responsáveis e fundamentadas, sobre o uso sustentável<br />

<strong>do</strong>s recursos geológicos. Para tal, necessitam <strong>de</strong> mobilizar e utilizar conhecimento científico acerca <strong>do</strong><br />

planeta, <strong>de</strong>signadamente em Ciências da Terra, competências que dificilmente se po<strong>de</strong>m reconhecer na<br />

classe política portuguesa – a julgar pelas formações académicas <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong>s últimos governos<br />

466 | Volume II, Capítulo IV - Geologia e Património Natural (Geodiversida<strong>de</strong>)

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