download da revista completa (pdf - 10.778 Kb) - Abralic
download da revista completa (pdf - 10.778 Kb) - Abralic
download da revista completa (pdf - 10.778 Kb) - Abralic
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
230 Revista Brasileira de Literatura Compara<strong>da</strong>, n.9, 2006<br />
do comportamento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> contemporânea representa<strong>da</strong>, como<br />
em desafios de leitura dessa literatura contemporânea.<br />
Percebemos, no momento, pela mídia ou internet, uma oferta<br />
diversifica<strong>da</strong> de textos, que notamos, divisamos e pouco sabemos<br />
diante do tanto que vemos. Vivemos num mundo no qual nosso<br />
olhar encontra-se refém do espetáculo midiático. A leitura é uma<br />
ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> civiliza<strong>da</strong>, <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social, coletiva, processa<strong>da</strong><br />
diariamente no âmbito dos conhecimentos individuais e coletivamente<br />
preparados. Diante disso, e <strong>da</strong> pletora de textos que nos<br />
envolve no dia-a-dia, a pergunta que nos fazemos é pela situação,<br />
condição, categoria ou natureza do texto literário, aquele que, de<br />
forma linear, reúne uma situação discursiva, no caso, opera<strong>da</strong> pela<br />
obra literária, para o leitor de uma reali<strong>da</strong>de textual, que, para<br />
nós, constitui-se naquele que lê o verbal de maneira singular, na e<br />
com a singulari<strong>da</strong>de do texto literário. Trata-se do leitor de um<br />
gesto rapi<strong>da</strong>mente esgotado, sem reiterações, sem os múltiplos<br />
suportes: visuais, eletrônicos; sem vínculos, links, portanto, com<br />
um hipertexto; trata-se de um leitor voltado para o texto literário,<br />
que volta a sua intencionali<strong>da</strong>de para a realização <strong>da</strong> arte literária,<br />
prática contempla<strong>da</strong>, inclusive, dentro <strong>da</strong>s ousadias <strong>da</strong>s configurações<br />
do texto literário contemporâneo, pelo hipotexto. Ajustemos,<br />
assim, nossa discussão, a mais este contraste.<br />
Compreendemos que os tempos atuais, os que estão em atos,<br />
transfiguram-se, tanto em narrativas compostas em hipertextos<br />
sustentados pela intertextuali<strong>da</strong>de, por múltiplos textos, como em<br />
narrativas compostas por hipotextos, sedimentados pela<br />
interdiscursivi<strong>da</strong>de, que incorpora percursos temáticos e ou figurativos,<br />
valores, de um discurso em outro. Estas últimas, em especial,<br />
explicam-se nas observações novamente de Ricardo Piglia<br />
(2000, p.123), agora, de outra fonte: "La inspiración se construye<br />
a partir de lo que se há escrito antes, ca<strong>da</strong> vez se inscribe com<br />
to<strong>da</strong> la literatura".<br />
O leitor do hipotexto, do nosso ponto de vista, constitui-se<br />
no leitor que lê o literário, o singular, como salientamos acima;<br />
esse leitor consiste naquele que não sustenta a sua leitura no potencial,<br />
no virtual, no desmesurado, características do hipertexto.<br />
O hipotexto volta-se para o pontual, para o momentâneo, a medi<strong>da</strong><br />
de uma hesitação, momento em que "os espaços ficcionais invadem<br />
a vi<strong>da</strong> cotidiana e a socie<strong>da</strong>de moderna", conforme Piglia