Ferramentas-mecanismos-financiamento-socioambiental
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Além de sua personalidade jurídica de direito público<br />
ou privado e de sua vinculação, os fundos ambientais<br />
ou socioambientais podem se diferir pela finalidade<br />
ou agenda de <strong>financiamento</strong> (temática ou espacial),<br />
escala de recursos por ele descentralizados, tipos de<br />
estratégias financeiras adotadas, expectativas de<br />
retorno financeiro, governança (instância de tomada de<br />
decisão) e estruturas operacionais aplicáveis.<br />
Um exemplo no Brasil de operação desta natureza é a gestão dos recursos de doação para o Fundo<br />
Kaiapó, gerido pelo Funbio, com recursos do GCF-CI/Fundo Amazônia-BNDES. Deve-se ressaltar que<br />
os fundos de Endowment são uma ferramenta interessante para o <strong>financiamento</strong> de custos recorrentes,<br />
sendo fundamental ter uma boa previsibilidade das projeções da demanda financeira futura.<br />
Este formato de operação possui limites claros, uma vez que a manutenção do equilíbrio entre<br />
disponibilidade financeira e necessidade de recursos depende do volume de capital imobilizado e<br />
do resultado financeiro auferido em um determinado período. Destaca-se que esses recursos comumente<br />
possuem uma baixa rentabilidade, devido a opção por aplicações de baixo risco. Sua adoção<br />
não é, por exemplo, viável com recursos de empréstimo, mesmo que subsidiados, face aos custos<br />
financeiros e os custos de gestão financeira das aplicações.<br />
Os revolving funds são fundos periodicamente realimentados. Eles repassam recursos da mesma<br />
forma que os cash funds, porém possuem uma estratégia de <strong>financiamento</strong> de longo prazo, como os<br />
fundos de endowment. Tais fundos, de alguma forma, resolvem o trade-off entre cash funds e fundos<br />
de endowment. No entanto, o desafio desse tipo de mecanismo é garantir fontes que gerem recursos<br />
recorrentemente em grandes volumes no longo prazo.<br />
A tradução literal desta categoria pode induzir equivocadamente à sua equivalência com os “fundos<br />
rotativos”, usualmente fomentados no Brasil para o <strong>financiamento</strong> de projetos produtivos de pequena<br />
escala. Em alguma medida, os fundos rotativos geram uma receita que, via de regra, retorna<br />
parte do recurso recebido ao projeto apoiado e não ao fundo.<br />
Adicionamos a esse conjunto de <strong>mecanismos</strong> os fundos de parceria ou “matching funds”, nos<br />
quais a disponibilidade de recursos está condicionada à alocação de recursos incrementais de contrapartida<br />
em proporções pré-estabelecidas a serem utilizados para o mesmo fim ou projeto. Tal<br />
mecanismo tem como finalidade agregar novos recursos que usualmente não seriam carreados<br />
para a atividade fomentada. Uma variável dessa estratégia é a alavancagem de recursos que não<br />
utilizam o fundo como veículo.<br />
Um último exemplo de estratégia de fundos são os heritage funds. Estes são fundos normalmente<br />
gerados a partir da exploração de um determinado recurso natural extinguível e que, ao fim do<br />
processo de extração, disponibiliza os recursos para diversificação da atividade, remediação da área<br />
minerada e outras ações. Esses fundos também possuem outros objetivos, tais como controle inflacionário<br />
gerado pelo excesso de recursos oriundos da exploração do recurso natural.<br />
<strong>Ferramentas</strong> e <strong>mecanismos</strong> para o <strong>financiamento</strong> <strong>socioambiental</strong> • Probio II 19