Ferramentas-mecanismos-financiamento-socioambiental
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de um sistema de comércio de cotas. Porém, ainda há a necessidade de obtenção de dados<br />
mais robustos sobre seus custos, além de informações sobre a possibilidade de concentração<br />
da oferta ou demanda em um ou poucos participantes. É preciso também definir a forma de<br />
participação das pequenas empresas.<br />
• Vontade política e aceitação por parte dos participantes. As empresas privadas questionadas<br />
manifestaram interesse inicial positivo em um sistema de cotas, mas esta pesquisa precisa ser<br />
ampliada para ser mais relevante. Porém, a questão de que os lançamentos industriais não são<br />
o principal fator de poluição da BG é um forte argumento para que as empresas questionem a<br />
adoção de um novo sistema. Em relação ao governo, este está aberto ao uso de instrumentos<br />
econômicos na gestão ambiental, mas, no caso da BG, o foco das ações atualmente está direcionado<br />
para a questão do saneamento básico. Além disso, os funcionários do INEA mostraram<br />
preocupação em relação à capacidade do órgão ambiental em operar esse novo modelo<br />
de gestão ambiental devido a falta de infraestrutura.<br />
• Questões jurídicas. Um mercado sólido e atraente para o setor privado (que é avesso aos riscos<br />
de um mercado frágil) depende de um arcabouço legal robusto. Mas, uma legislação pode<br />
demorar anos para ser aprovada. Para que o programa seja bem sucedido, terá que ser obrigatória<br />
a participação dos maiores poluidores. Há a necessidade do estabelecimento de metas<br />
em volume (carga) e não em concentração (atualmente adotada como forma de controle),<br />
demandando uma revisão da legislação atual.<br />
Essas observações apontam para uma série de barreiras para a consolidação no curto prazo de um<br />
sistema de cotas negociáveis. Embora o tamanho e as características do ambiente de mercado sejam<br />
potencialmente propícios e haja disposição política para implementação de instrumentos econômicos<br />
na gestão ambiental, algumas questões precisam ser solucionadas para que, no médio ou longo<br />
prazo, o mercado de cotas possa ser viável.<br />
Primeiramente, seria necessário que o governo melhorasse o sistema de coleta e tratamento<br />
de esgoto urbano, atingindo as metas estabelecidas pelo PSAM. Em outras palavras é preciso<br />
que haja complementaridade de políticas de despoluição da BG, mas priorizando, no curto prazo,<br />
o esgoto doméstico.<br />
Um sistema de monitoramento e coleta de dados de descarga de efluentes deve ser iniciado antes<br />
de se estruturar um novo sistema de gestão. Após um ou dois anos de coleta sistemática de dados,<br />
seria possível identificar mais oportunidades de aprimoramento de gestão do que com o banco de<br />
dados existente. Os dados a serem coletados devem incluir o total de efluentes e poluentes despejados<br />
(e não somente a concentração de poluentes nos efluentes) com uma maior frequência de coleta<br />
para evidenciar oscilações.<br />
Um ponto crucial é a necessidade de geração de informações (pesquisa). Entre os dados demandados<br />
e que precisam ser gerados, pode-se citar: capacidade de depuração dos corpos hídricos; nível<br />
de equivalência entre os poluentes/localidades; e eficiência e custos de abatimento das indústrias.<br />
Dado que grande parte das emissões ocorre nos rios, seria possível iniciar o sistema através<br />
de sistemas-piloto nas microbacias hidrográficas dos rios mais poluídos. Desse modo, poderia se<br />
obter um ganho ambiental imediato nestes corpos hídricos, e um maior entendimento do uso<br />
de um sistema de cotas. Quando estes rios estiverem mais controlados, seria possível gradativamente<br />
integrá-los com outros, através de um sistema de taxas de equivalência entre descargas<br />
74 <strong>Ferramentas</strong> e <strong>mecanismos</strong> para o <strong>financiamento</strong> <strong>socioambiental</strong> • Probio II