PALAV<strong>RA</strong> DO PRESIDENTE DOCONSELHO DE ADMINIST<strong>RA</strong>ÇÃOOano de <strong>2006</strong> não foi bom para as crianças e os adolescentesbrasileiros: constatou-se com pesquisas e avaliações ainadequação do ensino fundamental e médio às suasfinalidades de formar nossos jovens e houve um recrudescimento do trabalhoinfantil que vinha em curva descendente por quase uma década.Apesar da melhoria de vários indicadores relativos às condições de vidadeste segmento da população, ainda estamos longe de atingir umasituação digna para a esmagadora maioria deles. As mortes por causasviolentas, por exemplo, continuam a vitimizar nossas crianças eadolescentes, em níveis que nos aproximam e são até superiores aosde países que vivem em guerra civil.Como resposta, a <strong>Fundação</strong> busca maximizar seus recursos técnicos eadministrativos, dando melhor aproveitamento à sua capacidade detrabalho, de forma a tornar a instituição capaz de suportar o desafio dedesenvolver ações com maior abrangência e efetividade.Desde sua criação, a <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong> assumiu como uma de suas estratégiasde ação o desenvolvimento de campanhas voltadas para a mudançade valores e do comportamento da sociedade em relação à infância e àadolescência. Difundiu os princípios consagrados pelo Estatuto da Criançae do Adolescente e procurou romper o vínculo entre carência infanto-juvenile violência potencial, ainda arraigado em segmentos importantes damídia, dos meios políticos, dos círculos empresariais e do universo jurídico.Procurou igualmente incrementar a atenção às crianças e adolescentespela sociedade civil, captando recursos e fortalecendo técnica e gerencialmenteorganizações do terceiro setor, e desenvolvendo campanhas,projetos e programas próprios com parceiros estratégicos.Ao procurar resultados de maior escala e abrangência, a <strong>Fundação</strong> intensificousuas ações para reforçar o controle social das políticas públicase consolidou a perspectiva de que a atuação neste campo se constituíanuma estratégia fundamental para a defesa dos direitos das crianças edos adolescentes. Em decorrência do impacto das ações desenvolvidas,foi chamada a compor diferentes fóruns e representações institucionais,como o Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e doAdolescente (Conanda), o Fórum Nacional dos Direitos da Criança e doAdolescente e o Fórum Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil,entre outros.Persistindo nessa linha de atuação, em <strong>2006</strong> realizamos um processode planejamento estratégico voltado para o aprimoramento das ações,eixos e processos de trabalho que caracterizam nossa prática social. Ocaminho adotado procurou equilibrar a necessidade de aprofundaro conhecimento da realidade brasileira e de promover ações quecongreguem as forças do Estado e da sociedade para a transformaçãodas situações desfavoráveis, em especial as mais graves, ao desenvolvimentopleno de crianças e adolescentes. À importância de influir sobre as políticas públicas e de exercer o controle social sobre suaexecução, somou-se a consciência das limitações do Estado brasileirofrente às demandas deste segmento. Este fato foi determinante naretomada do papel mobilizador e articulador da <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong>junto à sociedade brasileira para fazer frente aos imensos desafios naefetiva defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes.É neste contexto que se destacam alguns dos resultados de nossostrabalhos, dentre os quais gostaria de realçar nossa contribuição paraa elaboração do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo(Sinase) e do Plano Nacional de Promoção, Defesa e Garantia doDireito da Criança e do Adolescente à Convivência Familiar e Comunitária,ações realizadas no âmbito de nossa participação no Conanda.Foi igualmente relevante a ampla mobilização que teve comoresultado a adesão dos principais candidatos à Presidência, incluindo6
a do presidente eleito para 2007-2010. No campo das ações deestímulo à responsabilidade social e fortalecimento das organizaçõesde prestação de serviços ou de defesa de direitos, temos resultadosimportantes, como o fortalecimento das organizações do ProgramaNossas Crianças.Destaca-se ainda o tema “A Primeira Infância Vem Primeiro” como focode atenção prioritário, resultado do processo de planejamento estratégicoque a <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong> viveu.A cada ano nascem cerca de 3 milhões de crianças e é de cerca de22 milhões a população de brasileiros com idade até 6 anos, sendoque parcela substancial já nasce em situação potencial de exclusão.Estima-se que mais de 500 mil não são registradas no primeiro anode vida. Apenas pouco mais de 10% das crianças até 3 anos freqüentamcreches e menos de 60% daquelas de 4 a 6 anos freqüentam apré-escola. A identificação e priorização de problemas da realidadedas crianças e adolescentes brasileiros realizadas no processo deplanejamento estratégico indicaram uma situação extremamentegrave deste segmento, em relação à qual era urgente e indispensávelmultiplicar os investimentos em pesquisa, capacitação profissionale, principalmente, a ampliação da oferta de serviços pelas diferentesesferas do Poder Público.Tudo isso sem descuidar de nossa atenção às demais crianças e jovens,sempre na perspectiva da instransigente defesa de direitos, buscandolevar às escolas públicas práticas bem-sucedidas de nossos programas eprojetos. Também dedicamos especial atenção a ações de caráter socioeducativovoltadas para a relação do jovem com o mundo do trabalho,onde iniciamos dois importantes projetos, além de manter participaçãoativa no Conselho Nacional da Juventude.Para 2007 nossa expectativa é a de prosseguir firmemente neste rumo,contando com a confiança e constante participação de nossos parceiros,na busca incessante de contribuir para a construção de uma sociedademais justa.Carlos Antonio TilkianPresidente do Conselho de AdministraçãoPara aprofundar seu conhecimento sobre o tema Primeira Infância,a <strong>Fundação</strong> <strong>Abrinq</strong> organizou um importante seminário de âmbitolatino-americano que propiciou a sistematização dos conhecimentosdisponíveis e permitiu articular parcerias com atores significativos daregião. O seminário contribuiu também para reforçar os propósitos derealinhamento dos nossos diferentes programas e projetos e paradesenvolver ações centradas neste foco de atuação.Gostaria de destacar, entre estas últimas, nossa participação numaampla articulação: a Campanha Nacional pelo Direito à Educaçãoe o Movimento “Fundeb para Valer”, que conseguiu garantir ainclusão das creches no sistema de financiamento público daeducação básica.7