12.07.2015 Views

Cronologia - Gazeta Das Caldas

Cronologia - Gazeta Das Caldas

Cronologia - Gazeta Das Caldas

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

is da cidade mantém oferta do clássico ao modernoSempre a par de tudo o que se passava naempresa, Maria Teresa foi uma “peçafundamental” para o sucesso do negócioA Ferreira Mobílias encaixa naperfeição na designação ‘EmpresaFamiliar’. Mesmo sem ter estadocontinuamente nas lojas domarido, a mãe de Manuela e Teresanunca esteve afastada donegócio das mobílias. “Em casasempre se falaram de assuntosda loja, e o meu pai discutiacom ela todos os assun-tos, tudo o que se passava,todas as decisões que ele foitomando”, contam as irmãs Ferreira,recordando que foi assimaté à morte da mãe. Já as quatroirmãs também nunca passavammuito tempo sem estarem nas lo-Hoje, é a Teresa e Manuela que cabejas, “mesmo pequenininhas, to-a gestão da Ferreira Mobíliasdas nós temos recordaçõesdessa altura”.E se no início as crianças ocupavam o seu tempo a brincar umas com as outras,não foi preciso muito tempo para que as filhas ajudassem os pais, a acartaralmofadas ou os cabides de roupa. “Era um trabalho entre aspas. Éramosarrastadas, mas acabávamos por nos divertir na mesma”, lembram asirmãs.Manuela, Teresa, Paula e Verónica entraram para a sociedade da AntónioFerreira, Lda. em 1993, sete anos antes de o pai falecer. Entre 1960 e 2000, foisempre o pai “a tomar as decisões, pelo menos as mais importantes”. Apósa morte de António Ferreira as irmãs empenharam-se em manter o legado dosseus ascendentes, tanto ao nível da gestão da empresa, como da relação com osclientes e da aposta na qualidade dos artigos que comercializam.“Hoje as coisas estão diferentes, há muitas grandes superfícies, quenão são uma grande ameaça para nós, porque não temos o mesmoartigo. Nós temos artigo de muita qualidade e não estou a dizer que oartigo de casas como estas não tem qualidade, mas é outro tipo de artigo,para outro tipo de clientes”, diz Manuela Ferreira.Ao longo de 55 anos, a Ferreira Mobílias fidelizou muita clientela. “Muitos sãoda altura do nosso pai e muitos deles já trouxeram os filhos”, garantem. Oque os cativa, acreditam, é a oferta diversificada que ali podem encontrar.Acompanhando a evolução dos tempos e dos gostos, as duas irmãs não descuramas novidades e as tendências mais recentes. Mas também nunca abandonaram oestilo clássico. “Aqui nas <strong>Caldas</strong> praticamente não há lojas que vendameste tipo de clássico, como o estilo inglês por exemplo, , que é uma linhaantiga, mas que as pessoas continuam a gostar e que procuram”.Outra coisa que se mantém é a qualidade do mobiliário que ali se pode encontrar,produtos na sua esmagadora maioria de origem portuguesa. “O artigo nacionala nível de mobiliário é bastante melhor que o espanhol ou que qual-quer outro, sem dúvida nenhuma”, garantem as responsáveis, que têm fornecedoresde vários pontos do país. Alguns destes são empresas que vendem para aloja desde o seu início e que entretanto também já são administradas pelos filhosA empresa cinge-se hoje à loja de dois pisos na Rua Raul ProençaTerceira geração mantém aposta na qualidadeou netos dos fundadores. “Vai-se criando uma ligação e acaba por haveruma confiança mútua que é muito importante. Há mais sinceridade etrabalha-se de maneira diferente e eles também se vão actualizando”.De vários pontos do país chegam também os clientes, que têm os artigosentregues e montados nas suas casas sem qualquer custo adicional, sendo otransporte assegurado pelos funcionários da empresa, em veículos próprios. “Éum miminho para os clientes que nós tentamos manter”, afirma ManuelaFerreira, salientando que os tempos difíceis que correm levam muitasempresas a cobrarem montagem e deslocação. Mas os móveis da loja caldenseestão também já noutros países, como França e Holanda, procurados não tantopor emigrantes, mas sobretudo por estrangeiros que têm uma segunda habitaçãona região e que gostaram da mobília.No início deste ano as duas irmãs mais novas, Paula e Verónica, decidiramsair da sociedade e neste momento a Ferreira Mobílias está apenas a funcionarna loja da Rua Raul Proença. “Como ficámos só as duas, entendemos quenão precisávamos de duas lojas, que bastava uma”, conta Teresa, explicandoque dois pisos da loja da Praça da Fruta foram alugados. “Apareceuuma boa proposta, uma boa oportunidade de negócio sem ninguémesperar”, acrescenta Manuela, salientando que o funcionamento logísticodaquele espaço era dificultado pelo facto das camionetas grandes que transportamas mobílias não poderem ir ao centro da cidade. No edifício da Praça daFruta mantém-se algum espaço de armazenamento e a oficina da empresa.Alguns dos artigos da loja com quatro pisos estão disponíveis no estabelecimentoque se mantém. Para escoar o restante está a decorrer uma exposiçãocom descontos que podem ir até aos 80%, à qual se pode aceder pela Travessado Parque.A loja da Rua Raul Proença tem 1.200 metros quadrados de exposição e,garantem as irmãs, a mesma oferta diversificada que sempre caracterizou aempresa. “Temos o clássico, temos o contemporâneo e na cave temosa secção económica, com quartos e sofás baratíssimos, um económi-co que nos deixa à vontade porque tem qualidade”.Sem medo da concorrência das grandes superfícies, Manuela e Teresa acreditamnas vantagens do comércio tradicional. “Aqui o cliente está connos-co, podem estar uma hora, duas horas, as pessoas conversam e têmtempo. É sem dúvida algo único do comércio tradicional, não se encon-tra este tipo de relacionamento nas grandes superfícies”. Além disso,“as pessoas sabem que quando vão à Ferreira Mobílias compramartigo bom”.Longe dos tempos de azáfama em que o reboliço nas lojas era uma constante,a Ferreira Mobílias “continua a ter a mesma variedade, a apostar nasnovidades e a querer servir bem quem entra”. Para isso contribuem tambémos trabalhadores da empresa – Santos, Gilberto e Idália, que ali trabalhamhá várias décadas. Pessoas cujos anos de experiência lhes permite “fazeremum bocadinho de tudo”.Quando perguntamos a Manuela e Teresa se alguma vez pensaram deixar onegócio a resposta é imediata. “Não! Gostamos do que fazemos. Gosta-mos mesmo! O que quer dizer que as vezes que estivemos cá empequeninas não foi castigo”.J.F.“Tenho orgulho empertencer a esta casa”Fez no passadodia 1 de Junho31 anos que GilbertoJosé Monteirocomeçou atrabalhar na FerreiraMobílias.Nascido naLourinhã, veio viverpara as <strong>Caldas</strong>com oitoGilberto Monteiroanos. Aos 13 estava mais interessado em jogar à bolae em ganhar o seu dinheiro, do que em “perder tempo”com os livros. Foi por isso que mentiu aos pais e lhesdisse que tinha chumbado na escola, quando na verdadetinha passado de ano. Foi assim que conseguiuir trabalhar para a loja de móveis durante três meses.Quando a verdade se soube, a mãe repreendeu-o.“Queria que eu estudasse”, conta. Mas da cabeçade Gilberto não saíam as palavras de António Ferreira.“Disse-me: quando quiseres voltar, tensa porta aberta”.E Gilberto voltou, assim que em 1979 concluiu o 9ºano de escolaridade. Deixou a escola, “apesar denunca ter reprovado”, para trabalhar nos móveis,e hoje diz que não se arrepende. “É uma escola devida, aprende-se muito”.Dos primeiros anos guarda muitas e boas recordações.Lembra-se das actuais patroas, de idades próximasda sua, andarem na escola. Lembra-se sobretudoda imagem do patrão, um homem que “foi comoum pai” e que recorda muitas vezes. “Era um homemque hoje fazia muita falta na nossa sociedade,um empresário de sucesso, bastan-te honesto e empreendedor, que me deixouuma boa recordação”, afiança.O que Gilberto também se lembra bem é da azáfamade outros tempos, que obrigava os trabalhadoresda empresa a fazerem muitas noitadas até à meianoite.“Quase sempre, o meu patrão esperavapor nós e pagava-nos o jantar no antigo restauranteConvívio que havia na Praça da Fru-ta, outras vezes no Camaroeiro”.Hoje as coisas são muito diferentes. “Somos sódois, mas na altura chegámos a ser 14 empregados.Hoje há máquinas para tudo, anti-gamente não, e o cliente antes compravamuito mais. Lembro-me que os imigrantesentravam aqui e compravam um carrão demobília, uma camioneta cheia”, conta, desfilandoas suas memórias, o trabalhador que tem bempresentes os tempos em que as cadeiras eram estofadas,os móveis envernizados e as ferragens colocadasna oficina da Ferreira Mobílias.Na loja e na oficina, Gilberto Monteiro dá uma mãoem tudo o que pode. “Faço tudo o que é preciso,tenho prazer no que faço”, garante. E ao contráriodo que tanta gente se queixa, Gilberto congratulasepor ter um trabalho que “não tem nada de stres-sante” e que o faz correr o país a distribuir móveis.Confessadamente “dedicado à família”, Gilbertoafirma que os Ferreira são a sua segunda família. Lamentandover a loja da Praça da Fruta de portas fechadas,Gilberto Monteiro diz que “tinha pena seum dia isto acabasse. Ando nisto desde miú-do, era difícil fazer outra coisa”.E com alguma timidez acrescenta: “sinto orgulhoem pertencer a esta casa. Como um indivíduoque joga futebol e está num clube, apesar deser profissional, tenho amor à camisola”.J.F.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!