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Cronologia - Gazeta Das Caldas

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UMA EMPRESA, VÁRIAS GERAÇÕESTúnica – A primeira loja especializada em produtos d“Fomos a primeira casa es-pecializada em artigos parabebé nas <strong>Caldas</strong> e na região”,conta Fernanda Tomás, explicandoque o seu marido, depois de terpassado pela Casa Tomás aindalaborou para a firma de SerafimMoreira - onde é hoje a Açoteia - epassou por uma loja–atelier naMarinha Grande.Depois de fazer a tropa, e já casado,Carlos Tomás iniciava o seupróprio negócio. “Arrendámos em1970 um espaço na Rua dasMontras numa época em quenão havia muitas lojas disponíveise o aluguer era caríssi-mo”, disse a empresária, que hojetoma um papel de relações públicasdeixando a gestão aos dois filhos.A Túnica arrancou com a vendade tecidos a metro, atoalhados elingerie, tirando partido da sua experiêncianas casas onde já trabalhara.“Daquela geração, fomosdos primeiros a arrancar sozi-nhos”, disse Fernanda Tomás, recordandoque antes de ser Túnica,a loja arrendada era a Pastelariado Sr. Martins, da qual “ainda tenhoalguns móveis dessa altu-ra”. Para a época, “o o trespasseera razoável, mas muito caroera o valor do arrendamento”.Para encetar um novo negócioCarlos Tomás teve de sair da casacomercial onde laborava enquantoFernanda Tomás - então funcionáriada Contabilidade no Hospital –nunca teve intenção de deixar o seuemprego.No início era o seu salário quegarantia o pagamento da renda.Tomaram a decisão de arrendar aloja aproveitando o facto de Fernandater então sido aumentadade 2350$00 (11,72 euros) para 2450$00(12,22 euros). “Sobravam-nosapenas 50$00 [25 cêntimos] poisa renda era 2400$00 [12 euros],muito dinheiro naquela época”,recordou, acrescentando que o marido,quando saiu da última casacomercial, já ganhava 3300$00 (16,46euros).Nos anos 70 não era normal nas<strong>Caldas</strong> que as esposas dos comerciantestrabalhassem. “Desde quese abrisse uma loja, as senho-ras adquiriam o estatuto de nãoFernanda e Carlos Tomás, o casal fundador da Túnicano início dos anos setentatrabalhar”, lembrou a fundadora.Devido a este facto, o seu lugar naContabilidade no Hospital Distritalcomeçou a ser cobiçado.“Quando o meu chefe, o sr.Manuel Valente Sanches meveio informar que havia três ouquatro pequenas que já lhe ti-nham pedido para ficar com omeu lugar, tive que lhe explicarque este não estava à disposi-ção” e que dependiam daquelesalário para assegurar o negócio.A sua mãe também era funcionáriapública e Fernanda Tomás fezo curso geral do Comércio na EscolaComercial e Industrial. “Paragrande desgosto do meu painão quis estudar mais, já namoravao meu marido e querí-amos casar...”. Segundo a viúva,Carlos Tomás tinha alergia aos estudos“mas era um autodidactamaravilhoso”.Quando abriram portas, a 15 deJunho de 1970 sabiam que podiamcontar com pais e sogros “mas,felizmente, nunca precisámos”,disse.“Oh Fernanda, traz-meroupinhas de bebé de Lisboa”Corria o primeiro ano da aberturada Túnica e Fernanda Tomás iacom muita frequência a Lisboa areuniões no Ministério da Saúde.Era habitual as suas colegas pedirem-lhepara trazer roupas debebé, cuja oferta quase não existianas <strong>Caldas</strong>.“Nós também estávamosansiosos pelo primeiro filho eeu passei a comprar roupa e achamar a atenção do meu ma-rido para esta necessidade demercado”, recordou Fernanda Tomásque diz que a vontade do casalde ter um filho acabou por determinara mudança de negóciode têxtil lar para produtos de bebé.Carlos Tomás dizia à esposa queFernanda e os filhos, Alexandre e Dulce. A segunda geração gere a Túnica com osmesmos valores dos paisnunca tinha trabalhado com peçasde roupa tão pequenas, masde um dia para o outro acabaramcom os tecidos e inovaram o comérciolocal apresentando umacasa comercial totalmente dedicadaao bebé. O carrinho do primeirofilho, Alexandre, “já foicomprado a um dos nossosfornecedores”, contou a fundadora.O casal Carlos e Fernanda Tomásacabava por servir de exemploe incentivar outros comerciantesa tomar em mãos os seus negócios.Ao fim do dia “juntáva-mo-nos aqui a conversar, àporta da loja”, recordou, dizendoainda que havia então interajudae aconselhamento sobre oque fazer em relação aos negócios.A empresária sempre fez e continuaa fazer a escrita das suaslojas e recorda que já mesmo quandoestava no Hospital, abdicava dorecebimento das horas extraordinárias,preferindo ser compensadaem tempo livre para poderacompanhar o marido aos fornecedoresa fim de conhecer as novascolecções.“Às Às vezes saíamos às qua-tro da manhã para estar àsCarlos Tomás (1942-2005) foi marçano da casa comercial do seu tio, na Casa Tomás, situada naPraça da Fruta e começou a trabalhar novo, aos 13 anos. Mal sabia então que com 28 anos e com aajuda da sua esposa, então com 24, iria começar o seu próprio negócio na principal rua comercialdas <strong>Caldas</strong>. “Não foi nada fácil…”, recorda a viúva Fernanda Tomás, mulher de força e coragem,que sempre apoiou o seu marido e o ajudou a tomar decisões.Juntos construíram as bases do grupo Túnica - hoje com três espaços comerciais nas <strong>Caldas</strong> exclusivamentededicados aos produtos para bebé e criança – e no qual já participam na gestão os filhosdo casal, Alexandre e Dulce. As três lojas facturaram 734 mil euros em 2008.oito na porta do Pimenta Ma-chado em Guimarães”, recorda.Hoje parece incrível a FernandaTomás como cabia tudo na loja daRua das Montras. “Chegámos ater expostas 10 camas de bebée várias banheiras, não mepergunte como, mas tínha-mos”. Passados alguns anos, começarama investir na especializaçãodentro da mesma área e criarammais dois espaços comerciaisna cidade.“Ao fim do dia ou do mês, odinheiro que entra na caixa nãoé nosso. Nunca em 40 anos tivemosum atraso de pagamen-to de uma factura”, contou a fundadoraque não gosta de trabalhara crédito e aproveita sempre todasas oportunidades de pronto pagamento.“Não se dava o passomaior que a perna”, conta a matriarca,explicando que esse espíritofoi passado aos filhos.“Creio que houve sempreuma grande dedicação e muitotrabalho”, reforçou. A loja até poderiafechar às sete da tarde, masera frequente saírem do estabelecimentoà uma e tal da manhã poisera àquela hora que ficavam prontasas montras. “Quando saíamosera frequente encontrarmoso casal da Zélu que tam-bém saía muito tarde da sualoja”.São os próprios proprietáriosque fazem a decoração das lojas edas montras e mantêm como símboloa mesma máquina registadoraque já tinha vindo com o trespasseda pastelaria. O máximo que davaera 9.999 escudos e havia comprasrelacionadas com o enxoval dos baptizadose que ultrapassavam os 10contos, logo tinha que se colocar adiferença num outro registo. Agora,com os euros, “já está tudo bemoutra vez pois não vendo a nin-guém 9.999 euros em roupa paracriança”, disse Fernanda Tomás.Natacha Narcisonnarciso@gazetacaldas.comA loja da Rua das Montras em 1971 quando ainda não se dedicava a produtos para bebé, o que viria a acontecer pouco tempo depois

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