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Cronologia - Gazeta Das Caldas

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eitar foguetesA fábrica nos anos 70 e vista aérea do complexo fabril na actualidadeJoão Martins – “A pirotécnia é um negócio incompreendido”João Adelino Henriques Martins nasceuem 1969 e ainda se lembra de ver opai e o avô juntos na empresa. Hoje essavisão tê-la-á o seu filho de nove anos,João Pedro Martins, ao ver também opai e o avô na fábrica dos foguetes.João, bisneto do ribatejano que veiode Vila Nova da Barquinha para o Bombarralconstruir seis barracas ondefazia foguetes, é a primeira geraçãoda família a tirar um curso superior.Um, não. Dois. “Licenciei-me em Informáticano Instituto Superior de Engenhariado Porto. Adorei o curso, masa verdade é que senti a necessidadede estudar Gestão e acabei por me matricularna UAL em Lisboa e fazer emGestão de Empresas”, conta JoãoMartins. E explica porquê: “qualquerpessoa pode ter uma empresaou estar à frente de um negócio,mas a maior parte das pes-soas não tem a noção do que égerir uma empresa. Muitos têmsorte e porque são muito empe-nhados conseguem ter êxito,mas a verdade é que é precisoter formação em Gestão”.O empresário sublinha que “esta-mos num mercado global, comuma concorrência muito maiseficaz e bem organizada de ou-tros países”.João Martins diz que cresceu napirotécnica do pai. “Os outros miú-dos iam para a praia no Verão eeu vinha para aqui ajudar o meupai. É claro que ele me obriga-va, mas na minha geração issoentendia-se como algo de natural,era normal um filho começara integrar-se na empre-sa do pai e eu lembro-me de virpara aqui com 12 e 13 anos…Hoje se calhar diriam que eraexploração de mão-de-obra in-fantil… Mas ainda hoje guardoa nota de 50 escudos [25 cêntimosquefoi o meu primeiro di-nheiro que aqui ganhei.”Conclusão: “era de esperar quemais tarde ou mais cedo eu aca-baria por vir para cá”.E isso aconteceu em 1993 com ocurso de Gestão terminado. João Martinsregressa de Lisboa para o Bombarrale instala-se, ao lado do pai, àfrente do negócio da família.A equipa da Fábrica de Fogos de Artifício do BombarralNegócio, diz ele, que é “comple-tamente incompreendido”. Nãohaverá muitas actividades económicascom uma imagem tão negativaquanta esta. “Sempre que chegavao Verão começámos a ter que vivercom o estigma de que nós éra-mos uns incendiários. E por muitoque inovássemos, que fizéssemosprocessos mais seguros, esta ima-gem não se apagava”.É dentro deste contexto, e apósdois verões de muitos incêndios, quevem uma legislação particularmentedura: acaba-se com o lançamento defoguetes tradicionais durante toda aépoca estival.Uma machadada para o negócio. Masque obrigou a empresa a diversificar asua actividade. Agora as alvoradas dasfestas e as procissões são festejadascom balonas de tiro, um substituto develho foguete de cana e canudo.Em todo o caso, para a PirotecniaBombarralense longe vai o tempo emque este produto era o seu core business.Hoje em dia o que está a dar sãoos espectáculos de fogo de artifício eos clientes de outrora (associaçõese comissões de festas das aldeias)deram lugar às autarquias que ganharamo gosto por celebrar explosivamenteas comemorações dos feriadosmunicipais, as passagens de ano e osfestivais de Verão.Pagam tarde e a más horas, é certo.E João Martins não revela nada quetoda a gente não saiba, mas é - para obem e para o mal - uma importantefatia do mercado desta empresa. Osfoguetes tradicionais – que ainda podemir para o ar nos meses de Inverno– representam 20% da facturação e orestante é a venda de componentes pirotécnicos,muitos dos quais nem sãoproduzidos na própria fábrica, masimportados de Espanha, Itália ou daChina.Alguns destes produtos servempara integrar cenários no teatro, nocinema e na televisão. “Não me surpreenderiase houvesse em Hollywoodalgumas explosões re-alizadas com produtos vendidospor nós”, diz.E há ainda nichos de mercado surpreendentes,colaterais a esta actividade.Durante algum tempo a empresavendeu componentes para a Suécia,destinados a integrar um complicadoprocesso de fabrico de aço numasiderurgia daquele país.Da produção da fábrica, cerca de15% a 20% é exportada e João Martinsjura que já viu artigos seus, fabricadosno Bombarral, em certames internacionaiscom a designação madein Spain. “Depois os alemães, queos compram, ainda acham quenós somos mentirosos quandotentamos explicar-lhes queaqueles produtos são nossos.Dizem que aquilo é bom porqueé espanhol”, desabafa.“Recusamos alienar este saberque já vem de três gerações”Ao que parece há também outracoisa em que os pirotécnicos portuguesessão muitos bons – sabem conceberexcelentes espectáculos defogo de artifício, misturando sabiamenteos materiais por forma a proporcionarimagens únicas.“Utilizamos em cada espectáculoapenas 20% de compo-nentes fabricados por nós. Oresto compramos fora. No futu-ro até poderíamos prescindir danossa fábrica e ser uma empresade gestão de circuitos de distribuiçãoe de prestação de ser-viços. Mas recusamos alienareste saber que já vem de trêsgerações e queremos continu-ar a ser sempre uma fábrica.Nunca seremos uma empresa sóde import-export, embora eusaiba que esse até era um caminhoque nos daria mais visi-bilidade e até mais dinheiro”.De resto, o caminho a prosseguir éo oposto e passa por aumentar a produçãofabril numa unidade a construirde raiz (ver caixa). Dificuldades burocráticasatrasaram o processo eagora os dois administradores quaseagradecem tais obstáculos porque arecessão fez-se sentir forte e feio enão é este o momento mais adequadopara grande aventuras. “Reconheçoque não fabricamos nem comercializamosum bem de pri-meira necessidade”, diz o empresário.Em tempo de crise não há dinheironem ânimo para muitas festas e fogosde artifício, mas felizmente tememergido mais um nicho de mercado.Trata-se dos casamentos e baptizados,que ultimamente têm sido alegradoscom um mini-espectáculo defogo preso. Nos tempos que corremqualquer segmento de mercado é bemvindo.C.C.<strong>Cronologia</strong>1934 – Francisco Martins Júnior(1909-1982) funda a AltaPirotecnia do Oeste1977 – A firma passa a sociedadepor quotas com um capitalsocial de 350 mil euros ecom a designação de FranciscoMartins Júnior, Lda. ,tendocomo sócios o pai e o filho.1979 – A empresa volta a seruma sociedade em nome individualdesignada António R.Martins (filho do fundador)1994 – Volta a sociedade porquotas, agora chamada AntónioR. Martins, Lda, tendocomo sócios o pai e o filho (respectivamente,filho e neto dofundador)Volume denegóciosAnoFacturação(em milhões de euros)2001 1,22002 1,12003 1,02004 1,22005 1,12006 0,82007 0,92008 0,92009 0,8A proibição de foguetesnas festas populares,em 2005, teve umimpacto negativo nafacturação da empresa,obrigando-a adiversificar os seusprodutos e serviços.

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