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Cronologia - Gazeta Das Caldas

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Centrais2315 | Outubro | 2010ha que veio viver para a Travessa Cova da OnçaJosé Faustino Leal - o fundadorJosé Faustino Leal comprou nos anosquarenta a carvoaria que existia na TravessaCova da Onça, uma artéria discretado centro da cidade que duranteanos concentrou tabernas e casas depasto, local também de muita circulaçãode burros e carroças de quem demandavaa Praça da Fruta e guardavaas “viaturas” numa cocheira que aliexistia.Deste homem, natural de Vila Nova,na freguesia de Alvorninha, sabe-seque durante uns tempos colocava umbarrete na cabeça, divertindo clientese amigos. Fazia-o na brincadeira, masa alcunha pegou e deu nome ao estabelecimento,atravessando todo o séculoXX e os sucessivos proprietáriosda então taberna com casa de pasto ehoje restaurante.Não foi possível reconstituir os váriosdonos do Zé do Barrete. Maria AméliaRamos Paulo e César Tempero já otomaram de trespasse a outro dono quenão o fundador da casa. E quando decidiramlargar o negócio, deixaram-noa uma senhora, de nome Emília, de Alcobaça,que em 1966 viria a trespassáloaos pais dos irmãos Santos.Parece que desde cedo o nome Zédo Barrete foi aceite como uma marcaque os seus quatro sucessivos proprietáriosquiseram manter. É um nomesaloio, ligado ao mundo rural, com raízesnum tempo em que os barreteseram usados pelos homens do campo,mas também associado a boa mesa, auma gastronomia caseira e a um serviçopersonalizado.No seu livro “Continuação”, João BonifácioSerra, descreve com grandeprecisão as suas memórias dos últimosBarretes nos anos cinquenta:“Eram pretos, compridos e tinham uma borla na ponta. Embora já não fossemusados pela maioria dos camponeses, constituíam um símbolo respeitado pormuitos, em especial os mais velhos. Punham-no de Verão e de Inverno e raramenteo tiravam (para assistir à missa, passar junto a um cemitério ou acompanharum funeral, cumprimentar pessoas de respeito, entrar em casa alheia).Quase sempre quem os usava tinha direito ao epíteto de Ti, que denunciava aidade e o respeito que inspirava. De dentro podiam sair várias pequenas surpresas.Do do Ti João Franco ou do Ti João Seco saíam duas carecas completamentelisas e completamente alvas, em contraste violento com a cara tisnada pelo sole enrugada pelo tempo. Mas também podiam sair um maço de mortalhas e umpacotinho de tabaco, uma moeda e, mais raramente, uma nota, uma carta recebidade um parente longínquo ou de um organismo público, trazida para pedir aquem soubesse ler que decifrasse o que lá vinha escrito”A família Tempero no Zé do BarreteAcabou-se o pico do Verão e a fraca procurano InvernoQual o segredo do êxito?O restaurante esteve durante alguns“A tradição e o nome”, responde anos aconselhado no Guide du RoutardJosé Luis. “A cozinha tradicional, quee José Luís conta que, graças a isso,segue a linha da minha mãe”, respondeCésar Santos. A localização bem clientes franceses. Ao ponto de ter de-era raro o dia em que não apareciamno centro da cidade também conta, corado a ementa da casa em francês.apesar de alguns se queixarem da difi-“Agora estamos pior no Verão eculdade em estacionar. E também osmelhor no Inverno. Antes trabalha-clientes que frequentam a casa há maisva-se três meses bons e procura-de 30 anos.va-se aguentar isto durante o res-As especialidades da casa passamto do ano. Agora não há picos. Épelos peixes frescos grelhados, o cozimaisou menos igual o ano inteidoà portuguesa das quartas-feiras ero”. É isso que constata José Luís.os filetes de pescada fresca às quintas.A clientela não falta e a recessão cinda Correia, hoje com 80 anos e do-Raul dos Santos morreu em 2003. Gra-não parece afectar o negócio.ente, ainda há poucas semanas tentavadescascar umas batatas e ajudar osÉ claro que já houve tempos melhores,mas isso não tem a ver com a crise filhos, mas passa grande parte do tempoeconómica mundial. Antes com a cidadee com o que ela já foi. Nos verões de gal e dois nos Estados Unidos, com ida-num lar. Tem quatro netos em Portu-há 15 anos os irmãos lembram-se de a des entre os três meses e os 22 anos.casa encher por completo ao meio-dia, Alguns já trabalham. Mas mais do quedepois às 13h00 e depois às 14h00. Eram um, particularmente sensibilizado comos aquistas que vinham mais cedo, os a história da família, já disse que “oemigrantes, os turistas, os caldenses.Zé do Barrete não pode morrer”.Grande parte da clientela vinha do Alentejo,de Elvas, Évora, Alandroal, Mou-C.C.ra, e vinham aos banhos às <strong>Caldas</strong>. Issoagora acabou.CRONOLOGIA1930 - Nascem Raul dos Santos e Gracinda Ferreira, futuros proprietáriosdo Zé do Barrete1966 - O casal toma de trespasse a então taberna e casa de pasto1980 - Raul e Gracinda compram o edifício por 850 contos (4240 euros)1985 - Os irmãos César e José Luís entram formalmente na gerência dacasa, sucedendo aos pais1989 - Remodelação interior do estabelecimento1998 - Criação da firma Zé do Barrete, Lda. pelos irmãos César e José Luís2005 - Última remodelação do estabelecimentoMaria Amélia Ramos Paulo (1928-2004) e César Mota Tempero (1928-2005) numa imagem do início da década de cinquenta. O casal esteveà frente do Zé do Barrete entre 1957 e 1960. César era empregado do café Zaira e a esposa assegurava o funcionamento, durante o dia, daentão taberna e casa de pasto. A filha, Ida Amélia, que hoje trabalha no Registo Civil das <strong>Caldas</strong>, nasceu em 1957 nessa mesma casa. Nas fotostem três meses e está à porta do estabelecimento ao colo do irmão, César Tempero, que então tinha seis anos e viria a ser muitos anos depoispresidente da Junta de Freguesia dos Vidais. A foto da direita, também com a bebé Ida, é uma das poucas imagens antigas onde se pode veruma parte do interior da casa do Zé do Barrete.

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