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Cronologia - Gazeta Das Caldas

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24Centrais10 | Setembro | 2010, VUMAMA EMPRESAMPRESA, , VÁRIAS VGERAÇÕESAuto Júlio, SA – o pequeno stand da Mitsubishi que se tNasceu na Guarda há 59 anos,veio para as <strong>Caldas</strong> com apenasquatro e até estabelecer a AutoJúlio teve que percorrer um longocaminho, mas nunca até hojevirou a cara à luta, naquela queé, porventura, uma das suasprincipais características.Começou novo a trabalharcom o pai, na fábrica Júlio DomingosSousa e Filhos, Lda (situadaem S. Cristóvão e quemais tarde seria vendida à Rubetão),e apenas com 16 anosfez toda a instalação eléctricana casa dos pais. Completou osestudos à noite, para concluir ocurso de electricista no antigo5º ano, na Escola Industrial eComercial das <strong>Caldas</strong> da Rainha.Foi depois da tropa que saiuda fábrica, por divergências. Odestino foi Coruche, ainda noscimentos, como gerente de umafábrica de pré-esforçados, a Vigauto.Por lá ficou entre 1975 e1977, mas regressou às <strong>Caldas</strong>para se estabelecer como fabricantede blocos de cimento.“As coisas não me correramnada bem, acabei por vendertudo para pagar às pessoasa quem devia”, diz António Júlio.Foi então que um jornal lhemostrou outro caminho. “Vi umanúncio a pedir vendedor detractores e disse: nem é tardenem é cedo”. Viu o salário baixarde 25 contos para 11 (125 para55 euros), mas o passo atrás acabariapor compensar.O destino foi a Geopeças.Começou pelos tractores, depoiso patrão comprou a representaçãoda Mitsubishi, passando avender também os furgões damarca japonesa.Foram as dificuldades financeirasda Geopeças que o levarama sair da empresa, primeiropara continuar como comissionista,depois para formar a suaprópria empresa. “Foi posto láum doutor formado em economiapara resolver o proble-ma da gestão, mas o doutornão percebia nada de negó-cios, entrámos em ruptura esaí”, recorda o António Júlio.A decisão de continuar nosautomóveis foi tão simples comoa tomada uns anos antes, quandomontou a fábrica de blocosde cimento. “Já vendia Mitsu-bishi, era um bom vendedorda marca e estava integrado.Ou voltava para o cimen-to, que são coisas que eupercebo, ou seguia o sectordas camionetas e dos tractores,do qual já percebia al-guma coisa”.É nesta altura, em 1987, quedecide ir ao Porto tentar a representaçãoda Mazda, que não conseguiudevido às exigências doimportador. No mesmo dia insistiuatravés da concessão de Leiria,que lhe ofereceu a representaçãoda Mitsubishi. Acabou poraceitar, após duras negociações.Comprou a representação etudo o que estava associado àmarca ao antigo patrão pelovalor da dívida à Mitsubishi:10.500 contos na altura (cerca de52 mil euros) em 21 prestaçõesde 500 contos, tendo os paiscomo fiadores. A Auto Júlio fixava-seem São Cristóvão, juntoàs bombas da BP, numas instalaçõesque pertenciam aospais. “Foi assim que as coi-sas começaram”, relembra.No primeiro mês, todos osantigos colegas na Mitsubishiforam trabalhar à experiênciapara a nova empresa, assimcomo o ex-patrão da Geopeças- que assegurou os salários dessemês. “Eram 10, 12 pesso-as, depois escolhi os quequeria, ficaram quatro oucinco, dois deles ainda hojetrabalham comigo, os outrosvoltaram para a Geopeças”.No início da vida da Auto-Júlionão havia cargos específicos,incluindo para o próprio empresário.“Vendia carros, fazia acontabilidade, íamos buscaros carros, lavávamo-los an-tes de os entregar ao clientee quando comprei o primei-ro computador tive que irfazer formação para traba-lhar com ele... fazíamostudo”.EXPANSÃO ACONTECEUPOR NECESSIDADEQuando lançou a empresa,António Júlio estava bem conscientedo risco que estava a tomar,dados os valores elevadosem jogo. “Foi um risco doido”,sublinha. Os 500 contos mensais(2.500 euros) eram só para pagara dívida ao importador, depoisera preciso fazer face àsdespesas do dia-a-dia, mais ossalários e a aquisição das viaturas“que tinham que ser pagasem adiantado e tínha-mos que esperar uma ouduas semanas que o carrochegasse à concessão... nãoapareciam a crédito, ou àconsignação”.António Júlio considera tertido alguma sorte porque osmodelos da Mitsubishi “começarama vir com mais quali-dade e tiveram sucesso”. Mesmoassim as dificuldades erammuitas “e comecei a ver-meapertado, houve alturas quechorei, desesperado”. Desistirnão era, contudo, opção e afuga foi sempre para a frente.Comprou os armazéns doGama, em São Cristóvão - ondehoje funcionam as oficinas -, quecomercializavam gás e depoissoube que o posto Galp de SãoCristóvão, junto aos armazéns,estava disponível, adquirindo-otambém. É aqui que o negóciose alarga aos combustíveis.No mesmo sector adquiriumais tarde a Garagem <strong>Caldas</strong>,que vivia problemas financeiros.“Fui pagando durante cincoBruno Júlio, 35 anos, António Júlio, 59 anos, Luísa Fonseca Sousa, 52 anos, e CatarinaSousa, 27 anos, sãos oa administradores os Grupo Auto Júlioanos, fiquei com o negócio eos trabalhadores”, recorda. Acompra da Garagem <strong>Caldas</strong> permitiua entrada no negócio dadistribuição dos combustíveis.Mais tarde, para reforçar a presençano sector, o grupo foi tambémcriando postos de combustíveiscom imagem própria, tendoactualmente seis, no Campo,Santa Catarina, Usseira, Pombal,Sobral de Monte Agraço e Leiria.CHEGADA A LEIRIA FOI OGRANDE IMPULSOTambém no mercado dos automóveisa necessidade de gerarmais receita levou à expansão,quer na representação denovas marcas, quer na coberturade uma maior área geográfica.Quatro anos depois de fundada,a empresa estende-separa Peniche, onde foi criado umposto de venda Mitsubishi emsociedade com dois colaboradoresque lá tinha. António Júlio,porém, acabaria mais tarde porcomprar essa sociedade.A empresa apostou numanova marca em 1994 “quandochegámos à conclusão quenão podíamos ter todos osovos no mesmo cesto”. AHyundai estava disponível e,apesar de não ser muito conhecidana altura, tinha produtosdiferentes e o risco inerenteacabou por ser controlado. MaisComeçou a trabalhar no ramo dos cimentos ainda como adolescente, na fábrica do pai, e foi nessaactividade que deu os primeiros passos a solo, com uma empresa de fabrico de blocos que não resultou.Um anúncio num jornal levou-o a vender tractores na Geopeças, onde teve também o primeiro contactocom o sector automóvel. As dificuldades financeiras daquela empresa empurraram-no para uma novatentativa como empresário, agora no ramo automóvel, e assim nasceu a Auto Júlio. Foram a persistênciae espírito visionário que levaram António Júlio, hoje com 59 anos, a expandir o negócio e construir aquelaque é hoje uma das maiores empresas do distrito, que actualmente gere em conjunto com a esposa,Luísa, e os filhos Bruno e Catarina.O posto da Rua Capitão Filipe de Sousa já foi extinto e a Garagem <strong>Caldas</strong> é hoje uma loja de produtos chinesesrecentemente, em 2006, o grupoadquiriu a representação de umaterceira marca, sempre para fazerface “aos custos muitosgrandes que tínhamos”. ANissan “foi muito importantepara a estratégia do grupo”,reconhece António Júlio.Mas ainda antes da representaçãoda Nissan, o Grupo Auto-Júlio deu passos muito importantes.Em 1995, um ano depois deganhar a representação da Hyundai,surgiu uma oportunidade deouro que António Júlio agarroucom as duas mãos. “A Mitsubishiquis vender as instalações deLeiria, fez uma proposta a umconcorrente meu, mas nãochegaram a consenso, entãofizeram-me a proposta”. A expansãopara a capital do distritoabria grandes perspectivas de desenvolvimento,aumentando deforma exponencial o número depossíveis clientes, justificando oforte investimento. A aquisiçãodas instalações foi feita por 350mil contos (cerca de 1,75 milhõesde euros).“Nessa altura já tínhamosos combustíveis, mas tratadocomo um segundo negó-cio, e a instalação de Leiriaveio-nos enriquecer muito”,considera Bruno Júlio, filho deAntónio Júlio e hoje administradordo Grupo Auto Júlio.Três anos depois a Auto Júliochega ainda mais ao norte dodistrito, a Pombal, onde o representantelocal da Mitsubishi tambémestava mergulhado em dificuldadesfinanceiras. AntónioJúlio compra uma fábrica de alumíniosque havia em Pombal,reconverte-a num complexo comas marcas que vendia e ficou assimcom a parte norte do distrito.“Foi também uma belíssi-ma oportunidade”, refere.A presença no mercado automóvelfoi ainda reforçada comuma empresa de comércio deusados e outra de rent a car,nascida da necessidade de gerira frota interna. Hoje a AutoJúlio Rent tem uma parque de300 carros e marca presença nas<strong>Caldas</strong>, Ericeira, Torres Vedras,Pombal, Peniche e Leiria.“As duas marcas de auto-móveis que se juntaram, aaposta forte nos combustí-veis, o desenvolvimento darent a car e a modificação dapolítica de usados fez-noscrescer bastante. Não foi sóir ao sabor dos picos de mer-cado”, sustenta Bruno Júlio. “Secalhar a Auto Júlio está hojebem apesar do contexto económico,devido ao que fize-mos no passado, optimizarao máximo cada negócio donosso grupo de empresas”.Hoje o grupo representa umuniverso de 11 empresas queemprega cerca de 150 pessoasem todo o distrito, tendo facturadono ano passado 66 milhõesde euros. Bruno Júlio diz que trabalharno seio familiar por vezestem desvantagens: “às vezeseu quero ir para a direita e omeu pai para a esquerda,mas o que é certo é que quan-do paramos para pensar osresultados demonstram quefizemos uma boa dupla”.Joel Ribeirojribeiro@gazetacaldas.com

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