Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
pode reduzi-la a teorias. Ela nunca se torna uma doutrina. Quanto mais fundo<br />
você vai, mais se sente ignorante. Mas essa ignorância é abençoada. Esse não<br />
saber é incrivelmente belo, é uma bênção, porque nesse não saber seu ego<br />
morre. Esse não saber torna-se o túmulo do seu ego. E surge o assombro: Oh! E<br />
uma grande alegria.<br />
O <strong>conhecimento</strong> é um desmancha-prazeres. As pessoas cheias de<br />
<strong>conhecimento</strong> não são pessoas alegres; elas tornam-se sérias. Estão<br />
sobrecarregadas, seu coração não dança mais; só sua cabeça continua crescendo<br />
além de toda proporção. Esse crescimento é como com um crescimento<br />
canceroso – todo o seu corpo desaparece, todos os seus membros encolhem,<br />
restando apenas a cabeça. Elas ficam com a cabeça pesada.<br />
Quando o <strong>conhecimento</strong> desaparece, você fica totalmente em paz com a vida<br />
e a existência. O <strong>conhecimento</strong> divide. Deixe-me repetir isso: o <strong>conhecimento</strong> o<br />
separa da existência. E devido a essa separação há uma angústia e uma<br />
ansiedade contínuas; algo está continuamente faltando. Só um não sabedor pode<br />
se unir à vida. Só o não <strong>conhecimento</strong> une; o <strong>conhecimento</strong> divide.<br />
Em um estado de não saber, você começa a se fundir com as árvores, as<br />
montanhas e as estrelas. Você não sabe onde você termina e onde elas<br />
começam, você não sabe nada. Você é de novo uma criança catando conchinhas<br />
na praia. De novo uma criança colhendo flores, flores do campo. De novo uma<br />
criança com os olhos repletos de assombro. Por meio desse assombro você<br />
começa a sentir o que a existência é – não sabendo, mas sentindo. Você começa<br />
a amar aquilo que ela é – não sabendo, mas amando. E, através do sentir e do<br />
amor, você começa a viver pela primeira vez. Quem se importa, quem quer<br />
saber do <strong>conhecimento</strong>?<br />
Você pergunta: “Sempre chega um momento em que a pessoa sabe por que<br />
as coisas acontecem de uma maneira e não de outra?”.<br />
Não, as coisas são da maneira que são, não há outra maneira. Essa é a única<br />
maneira. E não há uma explicação, do contrário você poderia vir a saber. Não<br />
existe causa, do contrário você a teria decodificado. Não há razão para a<br />
existência. Ela é totalmente absurda, não deveria existir, não há razão para ela.<br />
Por que deve haver árvores, estrelas, homens e mulheres – por quê? Não há<br />
razão por que deva haver o amor, por que deva haver consciência. Por que tudo<br />
isso? O porquê começa a escorregar de você. Um dia, de repente, você não está<br />
mais buscando causas, razões e porquês. Você simplesmente começa a dançar.<br />
Você não consegue responder por que está dançando; não há resposta para isso. E<br />
todas as respostas que têm sido dadas são falsas.<br />
Por que você ama? Por que a música o deixa eletrizado? Por que, vendo uma<br />
flor pela manhã, você, de repente, é atraído para ela como se fosse um ímã? Por<br />
que à noite você se sente tão atraído pela lua? Por quê? Uma criança está rindo e<br />
você para por um momento para olhar para a criança e se sente feliz. Por que há<br />
ali felicidade? Por que há celebração? Por que há vida? Por que há a existência?<br />
Não há razão. E se você encontrar alguma razão, novamente será relevante<br />
perguntar: por quê?