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pode ser conhecido mediante o método científico, não pode existir. Por isso os<br />
cientistas continuam dizendo que Deus não existe. Não que a divindade não exista<br />
– é apenas a metodologia deles. A metodologia deles visa o objeto, e Deus é<br />
subjetividade. Seus métodos visam captar o que está separado de você. E Deus<br />
não está separado de você: Deus é seu ser mais íntimo, sua interioridade.<br />
Mediante métodos científicos, o amor não pode ser provado. Isso não significa<br />
que o amor não exista. Mas ele necessita de uma metodologia diferente, uma<br />
abordagem diferente, uma visão diferente, uma maneira de ver diferente.<br />
O cientista evita o problema do auto<strong>conhecimento</strong> ficando cada vez mais<br />
interessado no mundo objetivo. Ficando cada vez mais dentro das coisas, ele se<br />
afasta cada vez mais de si mesmo.<br />
E há um terceiro esforço também para superar a dicotomia sujeito/objeto, e<br />
essa é a maneira do místico. Uma maneira de evitar esse problema do sujeito e<br />
do objeto é a do cientista: só o objeto existe. A outra maneira de evitar a<br />
dicotomia – porque ela é insolúvel – é a do idealista: dizer que o mundo é ilusório,<br />
que ele não existe, que ele é maya, e fechar seus olhos. Ambas estão erradas. O<br />
terceiro é o método do místico: ele transcende. Ele não nega a realidade ao<br />
objeto, ele não nega a realidade ao sujeito – ele aceita a realidade de ambos. Ele<br />
as une.<br />
Esse é o significado da famosa declaração dos Upanishads, tat twam asi – tu és<br />
isso. Essa é uma fusão das duas esferas. Nessa fusão, o auto<strong>conhecimento</strong><br />
acontece. O eu desaparece, o <strong>conhecimento</strong> desaparece – o saber permanece.<br />
Uma clareza, uma transparência… tudo fica claro. Não há ninguém para quem<br />
aquilo seja claro, e não há algo a ficar claro – mas tudo fica claro. Resta só a<br />
clareza, a claridade. Isso é chamado pelos budistas de a terra de lótus de Buda.<br />
Tudo é claro e fragrante, belo e harmonioso. Então o esplendor abre suas portas.<br />
O <strong>conhecimento</strong> é um fato seco e morto – não é a experiência úmida. E a<br />
experiência não é <strong>conhecimento</strong>, mas saber. Por isso Krishnamurti sempre usa a<br />
palavra “experienciar” em vez de “experiência”. Ele está certo. Ele transforma<br />
o substantivo em um verbo e o chama de experienciar. Lembre-se disso sempre:<br />
transforme os substantivos em verbos e você estará mais próximo da realidade.<br />
Não chame de <strong>conhecimento</strong>, chame de saber. Não chame de vida, chame de<br />
viver. Não chame de amor, chame de amar. Não chame de morte, chame de<br />
morrer.<br />
Se você conseguir entender que toda a vida é um verbo, não um substantivo,<br />
haverá um grande entendimento acompanhando-o como uma sombra.<br />
Não há eu e não há o outro.<br />
O grande místico e filósofo judeu Martin Buber diz que a oração é a<br />
experiência do Eu e do Tu, uma experiência dialógica, um diálogo. Sim, no início<br />
a oração é isso, mas não no fim. Para os iniciantes, a oração é um diálogo entre o<br />
Eu e o Tu. Mas, para aqueles que já chegaram ao entendimento, a oração não é<br />
um diálogo, porque não há Eu nem Tu. O diálogo não pode existir. Não é<br />
comunicação: é comunhão. Não é sequer união, mas unidade.<br />
O auto<strong>conhecimento</strong> é de grande importância. Nada é mais importante do que