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Inocencia, conhecimento e encan - Osho

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você pode analisá-las, você não é oprimido por elas, você pode tê-las em suas<br />

mãos, você pode dissecá-las, pode rotulá-las, pode ser absolutamente preciso<br />

sobre suas qualidades, quantidades, possibilidades – mas nesse próprio processo o<br />

mistério está sendo morto.<br />

A ciência é o assassinato do mistério.<br />

Se você quiser experienciar o misterioso, terá de entrar por outra porta, de<br />

uma dimensão totalmente diferente. A dimensão da mente é a dimensão da<br />

ciência; a dimensão da meditação é a dimensão do milagroso, do misterioso.<br />

A meditação torna tudo indefinido. A meditação o leva para o desconhecido,<br />

para o não mapeado. A meditação o leva lentamente para uma espécie de<br />

dissolução, onde o observador e o observado tornam-se um só. Ora, isso não é<br />

possível na ciência. O observador tem de ser o observador e o observado tem de<br />

ser o observado, e uma distinção nítida tem de ser continuamente mantida. Nem<br />

por um único momento você deve se esquecer de você, nem por um único<br />

momento você deve se tornar interessado, dissolvido, apaixonado, amoroso com<br />

relação ao objeto de sua investigação. Você tem de ficar separado, tem de ficar<br />

muito frio, absolutamente indiferente. E a indiferença mata o mistério.<br />

Entre o mundo da meditação e a mente há uma ponte; essa ponte chama-se<br />

coração. O coração está exatamente entre as duas. Em consequência disso, o<br />

poeta vive em uma terra de penumbra: algo dele pode ser científico e algo dele<br />

pode ser místico. Mas essa é também a ansiedade do poeta, porque ele vive em<br />

duas dimensões diametralmente opostas. Por isso os poetas tendem a ficar<br />

loucos, tendem a cometer suicídio; eles são sempre conhecidos como um<br />

pouquinho malucos, estrangeiros. Algo neles permanece frenético, pela simples<br />

razão de eles não se acomodarem em lugar algum. Eles não estão no mundo dos<br />

fatos nem no mundo do existencial; eles estão em um limbo.<br />

O poeta pode ter certo gosto pelo misterioso, mas isso também apenas<br />

raramente; ele vem e vai. O místico vive ali, o poeta apenas salta ali de vez em<br />

quando e sente a alegria de saltar além da força da gravidade. Mas dentro de um<br />

minuto ou dentro de segundos ele está de volta, esmagado contra as forças da<br />

gravidade.<br />

A poesia é uma espécie de salto. De vez em quando você está no céu, por um<br />

momento se sente como se tivesse asas, mas apenas por um momento. Daí o<br />

desespero do poeta, porque ele cai repetidamente de seus picos. Ele capta alguns<br />

vislumbres… Os maiores poetas também só são capazes de captar apenas alguns<br />

vislumbres do além.<br />

Mas o místico vive no mundo do mistério. Sua abordagem é absolutamente<br />

transcendental à ciência. Ele não está na mente nem no coração, mas no além;<br />

ele transcendeu ambos.<br />

Se você realmente quer a experiência do misterioso, terá de abrir uma nova<br />

porta em seu ser. Não estou dizendo para você deixar de ser um cientista; estou<br />

simplesmente dizendo que a ciência pode permanecer uma atividade periférica<br />

para você. Quando estiver no laboratório, seja um cientista, mas, quando sair do<br />

laboratório, esqueça tudo sobre a ciência. Então ouça os passarinhos – mas não

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