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você pode analisá-las, você não é oprimido por elas, você pode tê-las em suas<br />
mãos, você pode dissecá-las, pode rotulá-las, pode ser absolutamente preciso<br />
sobre suas qualidades, quantidades, possibilidades – mas nesse próprio processo o<br />
mistério está sendo morto.<br />
A ciência é o assassinato do mistério.<br />
Se você quiser experienciar o misterioso, terá de entrar por outra porta, de<br />
uma dimensão totalmente diferente. A dimensão da mente é a dimensão da<br />
ciência; a dimensão da meditação é a dimensão do milagroso, do misterioso.<br />
A meditação torna tudo indefinido. A meditação o leva para o desconhecido,<br />
para o não mapeado. A meditação o leva lentamente para uma espécie de<br />
dissolução, onde o observador e o observado tornam-se um só. Ora, isso não é<br />
possível na ciência. O observador tem de ser o observador e o observado tem de<br />
ser o observado, e uma distinção nítida tem de ser continuamente mantida. Nem<br />
por um único momento você deve se esquecer de você, nem por um único<br />
momento você deve se tornar interessado, dissolvido, apaixonado, amoroso com<br />
relação ao objeto de sua investigação. Você tem de ficar separado, tem de ficar<br />
muito frio, absolutamente indiferente. E a indiferença mata o mistério.<br />
Entre o mundo da meditação e a mente há uma ponte; essa ponte chama-se<br />
coração. O coração está exatamente entre as duas. Em consequência disso, o<br />
poeta vive em uma terra de penumbra: algo dele pode ser científico e algo dele<br />
pode ser místico. Mas essa é também a ansiedade do poeta, porque ele vive em<br />
duas dimensões diametralmente opostas. Por isso os poetas tendem a ficar<br />
loucos, tendem a cometer suicídio; eles são sempre conhecidos como um<br />
pouquinho malucos, estrangeiros. Algo neles permanece frenético, pela simples<br />
razão de eles não se acomodarem em lugar algum. Eles não estão no mundo dos<br />
fatos nem no mundo do existencial; eles estão em um limbo.<br />
O poeta pode ter certo gosto pelo misterioso, mas isso também apenas<br />
raramente; ele vem e vai. O místico vive ali, o poeta apenas salta ali de vez em<br />
quando e sente a alegria de saltar além da força da gravidade. Mas dentro de um<br />
minuto ou dentro de segundos ele está de volta, esmagado contra as forças da<br />
gravidade.<br />
A poesia é uma espécie de salto. De vez em quando você está no céu, por um<br />
momento se sente como se tivesse asas, mas apenas por um momento. Daí o<br />
desespero do poeta, porque ele cai repetidamente de seus picos. Ele capta alguns<br />
vislumbres… Os maiores poetas também só são capazes de captar apenas alguns<br />
vislumbres do além.<br />
Mas o místico vive no mundo do mistério. Sua abordagem é absolutamente<br />
transcendental à ciência. Ele não está na mente nem no coração, mas no além;<br />
ele transcendeu ambos.<br />
Se você realmente quer a experiência do misterioso, terá de abrir uma nova<br />
porta em seu ser. Não estou dizendo para você deixar de ser um cientista; estou<br />
simplesmente dizendo que a ciência pode permanecer uma atividade periférica<br />
para você. Quando estiver no laboratório, seja um cientista, mas, quando sair do<br />
laboratório, esqueça tudo sobre a ciência. Então ouça os passarinhos – mas não