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porta e dizia: “Mais um ano se passou e a pergunta ainda está aí”.<br />
Ele dizia: “Você não pode esperar?”.<br />
Eu dizia: “O senhor então me dê uma data! Quanto tempo eu vou ter de<br />
esperar?”.<br />
Mesmo quando me tornei professor na universidade, costumava nas férias ir<br />
de vez em quando ao meu povoado. Sua casa ficava entre a estação e a minha<br />
casa; então eu primeiro parava na casa dele, batia na porta e dizia: “Agora eu já<br />
me tornei um professor de filosofia na universidade. E quanto à sua declaração?<br />
Quanto tempo eu ainda vou ter de esperar?”.<br />
Então, um dia, quando eu estava no povoado, alguém veio à minha casa –<br />
porque meu pai era amigo dele – e nos informou: “Ele está morrendo”.<br />
Saí correndo. Meu pai perguntou: “Aonde você vai? A mensagem não foi para<br />
você!”.<br />
Eu disse: “Não se preocupe, leve o tempo que quiser. Vou indo na frente<br />
porque tenho de lhe perguntar uma coisa antes que ele morra”.<br />
Eu estava ali com o Bhagavad Gita diante dele. E lhe disse: “Agora eu cresci,<br />
o senhor não pode mais me enganar. Coloque sua mão sobre o Bhagavad Gita, e<br />
no momento de morrer não minta; do contrário, irá direto para o inferno”.<br />
Ele disse: “Você pode me perdoar?”.<br />
Eu disse: “O senhor esteve me enganando durante quase 20 anos. Isso era<br />
necessário? Poderia ter dito simplesmente ‘eu não sei’. A coisa teria terminado há<br />
muito tempo. O senhor não tem obrigação de saber tudo, mas fingia saber. O<br />
senhor queria ser conhecido como o homem mais sábio da redondeza, e esteve<br />
enganando não apenas a mim, esteve enganando todos que vinham procurá-lo.<br />
Agora, no último momento, reconheça o fato e diga: ‘Eu não sei’”.<br />
A essa altura meu pai já havia chegado à casa dele, assim como outras<br />
pessoas. Eles disseram: “Isso não é bom. O homem está morrendo e você o está<br />
colocando em um tribunal”.<br />
Eu disse: “Se ele morrer sem fazer o que eu estou dizendo, então eu serei<br />
responsável por lançá-lo no inferno! Este é o momento em que eu ainda posso<br />
salvá-lo”. E no momento da morte uma coisa acontece: agora você sabe que a<br />
morte está ali; você não pode mais prosseguir em suas viagens do ego.<br />
Ele colocou sua mão sobre o Gita e disse: “Sinto muito. Por favor, perdoe-me,<br />
e diga a todos para me perdoarem. Eu não sei nada. Estava explorando essas<br />
pessoas fingindo que eu sabia e elas não sabiam”.<br />
Essa é uma estratégia do ego. O ego pode encontrar maneiras muito sutis. Ele<br />
está sempre com medo da simplicidade, da inocência; por isso, todas as<br />
sociedades destroem sua simplicidade, desviam-no de sua inocência. Mas voltar<br />
para casa é uma coisa muito simples, porque na verdade você nunca a deixou.<br />
Você só a deixou na fantasia. Você realmente não pode ir a parte alguma fora do<br />
seu ser.<br />
Todo tornar-se é falso, imaginação. Ser é a verdade. E essa verdade só pode<br />
ser conhecida quando você simplesmente aceita sua ignorância.