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Inocencia, conhecimento e encan - Osho

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porta e dizia: “Mais um ano se passou e a pergunta ainda está aí”.<br />

Ele dizia: “Você não pode esperar?”.<br />

Eu dizia: “O senhor então me dê uma data! Quanto tempo eu vou ter de<br />

esperar?”.<br />

Mesmo quando me tornei professor na universidade, costumava nas férias ir<br />

de vez em quando ao meu povoado. Sua casa ficava entre a estação e a minha<br />

casa; então eu primeiro parava na casa dele, batia na porta e dizia: “Agora eu já<br />

me tornei um professor de filosofia na universidade. E quanto à sua declaração?<br />

Quanto tempo eu ainda vou ter de esperar?”.<br />

Então, um dia, quando eu estava no povoado, alguém veio à minha casa –<br />

porque meu pai era amigo dele – e nos informou: “Ele está morrendo”.<br />

Saí correndo. Meu pai perguntou: “Aonde você vai? A mensagem não foi para<br />

você!”.<br />

Eu disse: “Não se preocupe, leve o tempo que quiser. Vou indo na frente<br />

porque tenho de lhe perguntar uma coisa antes que ele morra”.<br />

Eu estava ali com o Bhagavad Gita diante dele. E lhe disse: “Agora eu cresci,<br />

o senhor não pode mais me enganar. Coloque sua mão sobre o Bhagavad Gita, e<br />

no momento de morrer não minta; do contrário, irá direto para o inferno”.<br />

Ele disse: “Você pode me perdoar?”.<br />

Eu disse: “O senhor esteve me enganando durante quase 20 anos. Isso era<br />

necessário? Poderia ter dito simplesmente ‘eu não sei’. A coisa teria terminado há<br />

muito tempo. O senhor não tem obrigação de saber tudo, mas fingia saber. O<br />

senhor queria ser conhecido como o homem mais sábio da redondeza, e esteve<br />

enganando não apenas a mim, esteve enganando todos que vinham procurá-lo.<br />

Agora, no último momento, reconheça o fato e diga: ‘Eu não sei’”.<br />

A essa altura meu pai já havia chegado à casa dele, assim como outras<br />

pessoas. Eles disseram: “Isso não é bom. O homem está morrendo e você o está<br />

colocando em um tribunal”.<br />

Eu disse: “Se ele morrer sem fazer o que eu estou dizendo, então eu serei<br />

responsável por lançá-lo no inferno! Este é o momento em que eu ainda posso<br />

salvá-lo”. E no momento da morte uma coisa acontece: agora você sabe que a<br />

morte está ali; você não pode mais prosseguir em suas viagens do ego.<br />

Ele colocou sua mão sobre o Gita e disse: “Sinto muito. Por favor, perdoe-me,<br />

e diga a todos para me perdoarem. Eu não sei nada. Estava explorando essas<br />

pessoas fingindo que eu sabia e elas não sabiam”.<br />

Essa é uma estratégia do ego. O ego pode encontrar maneiras muito sutis. Ele<br />

está sempre com medo da simplicidade, da inocência; por isso, todas as<br />

sociedades destroem sua simplicidade, desviam-no de sua inocência. Mas voltar<br />

para casa é uma coisa muito simples, porque na verdade você nunca a deixou.<br />

Você só a deixou na fantasia. Você realmente não pode ir a parte alguma fora do<br />

seu ser.<br />

Todo tornar-se é falso, imaginação. Ser é a verdade. E essa verdade só pode<br />

ser conhecida quando você simplesmente aceita sua ignorância.

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