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Estar em relacionamento com a verdade ou com Deus é ser espiritual.<br />
Lembre-se, estar em relacionamento – não falar sobre espiritualidade, não seguir<br />
determinado credo, dogma, igreja, mas estar em relacionamento direto e<br />
imediato com a existência é espiritualidade. Estar em sintonia com o todo, sentir<br />
a harmonia e a alegria e a pura celebração de estar aqui, isso é espiritualidade.<br />
Não tem nada a ver com ir à igreja ou ao templo, não tem nada a ver com<br />
recitar o Alcorão, a Bíblia ou o Gita. Não tem nada a ver com qualquer tipo de<br />
ritual de adoração; tem algo a ver com comunhão – comunhão com as árvores,<br />
comunhão com as estrelas, comunhão com os rios, comunhão com tudo o que<br />
existe. É a comunhão com esta expressão multidimensional de Deus, é ter um<br />
diálogo com o todo. A qualidade do amor louco é necessária, então você é<br />
espiritual. A espiritualidade não é uma viagem da cabeça; é um diálogo de<br />
coração para coração e, fundamentalmente, um diálogo de ser para ser.<br />
Em quarto lugar, você pergunta: “O que é um fato?”.<br />
Um fato é a verdade vista com inconsciência, vista com cegueira, vista com<br />
os olhos fechados, vista sem inteligência, sem meditação. Então a verdade se<br />
torna um fato.<br />
Por exemplo, você se depara com um buda. Se você olhar para ele<br />
inconscientemente, ele é apenas um fato, um fato histórico; ele nasceu em um<br />
determinado dia e vai morrer em um determinado dia. Ele é o corpo que você<br />
consegue ver com seus olhos; ele é uma determinada pessoa, uma personalidade.<br />
A história pode registrá-lo, você pode ter uma foto dele.<br />
No entanto, se você olha, não com inconsciência, mas com grande<br />
consciência, com percepção, com grande luz, silêncio, então o fato não está mais<br />
ali – ali está a verdade. Então Buda não é alguém que nasceu em uma<br />
determinada data, ele é alguém que nunca nasceu e nunca vai morrer. Então<br />
Buda não é o corpo, o corpo é apenas uma morada. Então Buda não é o ser<br />
confinado que aparece para você; ele representa a totalidade, o todo. Então Buda<br />
é um raio do infinito, um presente do que está além da terra. Então, de repente, o<br />
fato desapareceu: o que existe agora é a verdade.<br />
Mas a história pode não registrar a verdade; a história consiste de fatos. Na<br />
Índia temos dois sistemas diferentes. Um, chamamos de história; a história<br />
registra os fatos. Outro, chamamos de purana, mitologia; ela registra a verdade.<br />
Não temos histórias escritas sobre Buda, Mahavira ou Krishna. Isso teria sido<br />
arrastar algo imensamente belo para a inconsciência lamacenta da humanidade.<br />
Não temos histórias escritas sobre essas pessoas, temos mitos escritos. O que é<br />
um mito? Um mito é uma parábola, uma parábola que só aponta para a lua, mas<br />
nada diz sobre ela – um dedo apontando para a luz, uma indicação, uma seta, não<br />
diz nada.<br />
Vá a um templo jainista e ficará surpreso. Você vai encontrar 24 estátuas de<br />
24 grandes mestres iluminados, os 24 tirthankaras. E a coisa mais notável será a<br />
seguinte: eles todos parecem absolutamente iguais. Isso é impossível – não há<br />
duas pessoas absolutamente iguais no mundo, nem mesmo gêmeos são<br />
absolutamente iguais. Então como foi possível – e a extensão de tempo é grande,<br />
milhares de anos – 24 tirthankaras serem exatamente iguais?