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Mas a primeira coisa que ele escreveu foi: “O Tao não pode ser dito. Uma vez<br />
dito, não é mais Tao”.<br />
Você pode entender o que ele quer dizer com isso. Ele está dizendo que, se<br />
você ler a primeira declaração, não há necessidade de ir adiante. “A verdade não<br />
pode ser dita. Uma vez dita, não é mais verdade” – esta é sua declaração. Então,<br />
se você entende, o livro está terminado. O que pode ser dito sobre a verdade?<br />
Sim, ela pode ser vivida, experienciada. Você pode amar, viver, ser – mas a<br />
definição não é possível. Se você quiser definições, terá de ir para uma<br />
universidade. Os professores definem o que é a verdade, e cada professor de<br />
filosofia a define à sua própria maneira, e há milhões de definições, e todas são<br />
falsas. Nenhuma definição pode jamais ser verdadeira.<br />
O que dizer sobre a verdade – nem mesmo as pequenas experiências da vida<br />
podem ser definidas. O que é o amor? Ou qual é o gosto do açúcar na sua língua?<br />
Como defini-lo? O que é a beleza quando você a vê em uma flor de lótus?<br />
G. E. Moore, um dos maiores filósofos modernos, escreveu um livro,<br />
Principia Ethica, em que ele tenta definir o que é o bem. É claro que esta é a<br />
primeira questão no mundo da ética: o que é o bem? E por 200 ou 250 páginas ele<br />
se esforça desta e daquela maneira e não consegue defini-lo. E ele foi uma das<br />
pessoas mais perceptivas que o século XX produziu.<br />
Derrotado, cansado, exausto, no fim ele diz que o bem é indefinível. É tão<br />
indefinível quanto a cor amarela. Se alguém pergunta “O que é o amarelo?” –<br />
existe uma flor, a calêndula, e alguém pergunta “Você diz que ela é amarela? O<br />
que é o amarelo?” – como você vai defini-lo? O que mais você pode dizer?<br />
Amarelo é amarelo, bem é bem, beleza é beleza. Mas isso é tautologia; você não<br />
está definindo nada, está simplesmente repetindo as palavras.<br />
O que é a verdade? Não há como defini-la.<br />
Não estou lhe ensinando filosofia; estou compartilhando com você minha<br />
verdade. Não me peça definições. Se você tiver coragem, mergulhe na<br />
experiência que é disponibilizada aqui: dê um salto para a meditação e você<br />
saberá. E, ainda assim, mesmo quando souber, não será capaz de defini-la.<br />
E você pergunta: “O que é Deus?”.<br />
Esse é outro nome para a verdade – o nome do amante. “Verdade” é o nome<br />
dado pelo meditador para a totalidade. “Deus” é o nome dado à totalidade, à<br />
verdade, por um amante, por um devoto. Ambas as setas apontam para o mesmo<br />
fenômeno, mas o amante não consegue pensar em termos de palavras abstratas.<br />
“Verdade” é muito abstrato: você não pode abraçar a verdade, pode? Você não<br />
pode beijar a verdade, ou pode? Você não pode dizer olá à verdade, você não<br />
pode andar de mãos dadas com a verdade. “Verdade” é impessoal; é a palavra<br />
dada pelo meditador que não quer atribuir qualquer personalidade a ela.<br />
“Deus” é o nome dado a partir do amor, a partir de um relacionamento<br />
pessoal com a existência. O amante quer dizer “Você”, o amante quer dizer<br />
“Olá”, o amante quer ter uma comunhão, um diálogo. É a mesma totalidade,<br />
mas o amante a torna pessoal. Então a verdade se torna Deus.<br />
E você pergunta: “O que é espiritual?”.