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edição de 13 de março de 2017

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mArketing & negócios<br />

A publicida<strong>de</strong><br />

constrói e<br />

salva marcas<br />

A boa comunicação funciona como catalisadora<br />

e potencializadora das <strong>de</strong>mais ações<br />

stock_colors/iStock<br />

Rafael Sampaio<br />

Há uma consciência comum que a publicida<strong>de</strong><br />

é a mais eficiente ferramenta<br />

para a construção <strong>de</strong> marcas <strong>de</strong> empresas,<br />

produtos e serviços. Mas nem todos se dão<br />

conta <strong>de</strong> que ela também po<strong>de</strong> ser o principal<br />

instrumento para sua salvação em momentos<br />

<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s.<br />

Quando a Volkswagen foi literalmente<br />

pega no flagra burlando a legislação americana<br />

sobre a emissão <strong>de</strong> poluentes pelo uso<br />

<strong>de</strong> combustíveis fósseis, não foram poucos<br />

os especialistas em marketing e branding<br />

que profetizaram que ela estava liquidada,<br />

apesar da gran<strong>de</strong> força <strong>de</strong> sua marca, construída<br />

por mais <strong>de</strong> meio século <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

e constantes investimentos em publicida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong>.<br />

Algumas vozes mais conscientes, porém,<br />

apostaram justamente no contrário,<br />

que esse fato <strong>de</strong> ser um dos maiores e melhores<br />

anunciantes do mundo, com <strong>de</strong>staque<br />

para os Estados Unidos, faria a VW<br />

superar com mais facilida<strong>de</strong> esse período<br />

complicado.<br />

É óbvio que não é suficiente apenas fazer<br />

anúncios e comerciais inteligentes e<br />

manter sua presença da mídia, seja para<br />

construir marcas, seja para recuperá-las. A<br />

qualida<strong>de</strong> do produto ou do serviço – ou a<br />

combinação dos dois – e a atitu<strong>de</strong> da empresa<br />

em relação a todos os públicos com os<br />

quais se relaciona são essenciais para esse<br />

processo <strong>de</strong> construção ou <strong>de</strong> recuperação.<br />

Mas a publicida<strong>de</strong> consegue alavancar<br />

como nenhuma outra ferramenta esses<br />

processos, seja em termos <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

seu impacto, seja em velocida<strong>de</strong>. Pois a boa<br />

publicida<strong>de</strong> sempre funciona como catalisadora<br />

e potencializadora das <strong>de</strong>mais ações<br />

<strong>de</strong> marketing e negócios, tornando-as factíveis<br />

e mais po<strong>de</strong>rosas.<br />

No caso dos processos <strong>de</strong> salvamento <strong>de</strong><br />

marcas comprometidas por alguma razão<br />

intrínseca ou extrínseca, os investimentos<br />

publicitários feitos ao longo dos anos funcionavam<br />

como um estoque <strong>de</strong> goodwill<br />

(boa vonta<strong>de</strong>), que é fundamental para dar<br />

a volta por cima. Em termos <strong>de</strong> imagem,<br />

isso equivale ao conceito jurídico <strong>de</strong> um<br />

habeas corpus preventivo, ou seja, aquele<br />

pedido feito à Justiça para evitar o pior em<br />

certas circunstâncias limite.<br />

Isso aconteceu no passado, no começo<br />

dos anos 1980, quando a sabotagem feita<br />

pela adição criminosa <strong>de</strong> cianeto em embalagens<br />

do Tylenol, o lí<strong>de</strong>r da imensa categoria<br />

<strong>de</strong> analgésicos nos EUA, resultou<br />

na morte <strong>de</strong> sete pessoas em Chicago. Diversas<br />

ações práticas, como a mudança da<br />

embalagem, esforços <strong>de</strong> RP e promocionais<br />

foram feitos, mas a pedra <strong>de</strong> toque da salvação<br />

foi o passado <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s investimentos<br />

em publicida<strong>de</strong> e a continuação <strong>de</strong>ssa<br />

prática nesse período <strong>de</strong> crise.<br />

Raríssimas marcas na história teriam<br />

sobrevivido a esse <strong>de</strong>sastre, mas o Tylenol<br />

conseguiu e, menos <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong>pois, recuperou<br />

e até superou seu marketshare.<br />

O caso mais recente, da Volkswagen, que<br />

nasceu <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão interna equivocada<br />

e contraria os próprios valores históricos<br />

da empresa, foi enfrentado com uma série<br />

<strong>de</strong> mudanças <strong>de</strong> postura e processos da organização<br />

e também se beneficiou <strong>de</strong> modo<br />

fundamental do seu goodwill histórico<br />

e dos investimentos publicitários, que se<br />

ampliaram no período <strong>de</strong> gestão da crise.<br />

Os resultados, <strong>de</strong>corridos 18 meses do<br />

escândalo, foram surpreen<strong>de</strong>ntes tanto para<br />

os que acreditam na força da publicida<strong>de</strong><br />

como para os que têm visto essa ferramenta<br />

com gran<strong>de</strong> ceticismo.<br />

Segundo matéria publicada no fim <strong>de</strong> fevereiro<br />

no The Wall Street Journal, <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r US$ 1,7 bilhão em 2015 a Volkswagen<br />

obteve um lucro líquido <strong>de</strong> US$ 5,4 bilhões<br />

em 2016, apesar <strong>de</strong> ter pago multas<br />

no valor <strong>de</strong> US$ 25 bilhões.<br />

E, mais surpreen<strong>de</strong>nte ainda, em 2016 a<br />

Volkswagen ultrapassou a Toyota como a<br />

maior empresa <strong>de</strong> automóveis do mundo<br />

(com a venda <strong>de</strong> 10,31 milhões <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s,<br />

contra 10,18 bilhões do grupo japonês).<br />

Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />

rafael.sampaio@uol.com.br<br />

34 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>março</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> - jornal propmark

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