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A Crise De 1929 - Bernard Gazier

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Figura 7 – Taxa de desemprego em alguns países de 1920 a 1938 em % da população ativa. Fonte: MADDISON, 1981, op. cit.<br />

Os números apresentados aqui são avaliações mínimas.<br />

O caso francês é quase caricatural sob esse ponto de vista: os dados são incertos e, de<br />

qualquer forma, muito baixos. Entre os dois recenseamentos de 1931 e 1936, levando-se em<br />

conta as variações da imigração e da demografia, o número de empregos oferecidos na<br />

economia baixou mais de 1 milhão, enquanto o número de desempregados só aumentou em 500<br />

mil! Uma explicação verossímil é que inúmeros jovens trabalhadores sem emprego ou, pelo<br />

contrário, com mais de 55 anos, foram excluídos da contagem da população ativa – e,<br />

portanto, do desemprego. A hipótese de uma “volta ao lar” feminina maciça parece, por outro<br />

lado, menos fundamentada. Dois elementos teriam conjugado seus efeitos para minimizar a<br />

avaliação do desemprego francês: a uma economia menos nitidamente industrializada do que<br />

nos outros grandes países do entre-guerras teriam respondido práticas estatísticas restritivas.<br />

O que surpreende no aumento do desemprego no período de <strong>1929</strong>-1932, além de sua<br />

amplitude, é que ele não é seguido por uma nova queda simétrica, com exceção da Alemanha.<br />

Nos Estados Unidos, principalmente, a onda leva tudo o que vê pela frente e não acaba de<br />

todo: o mínimo de 1936 continua no nível de 10% da população ativa, o que está na mesma<br />

ordem de grandeza que o máximo da crise de 1921! O mundo dos anos 1930 vive a<br />

manutenção de grandes taxas de desemprego: o triste privilégio inglês dos anos 1920 se<br />

generaliza.<br />

As médias nacionais compensam as grandes disparidades. Há uma geografia do<br />

desemprego. Bastará um exemplo aqui, o da Grã-Bretanha, cujo norte, de longa data<br />

industrializado (Manchester, Newcastle...), é muito mais atingido do que o sul,<br />

predominantemente rural.<br />

Um exemplo das diferenças por profissão é encontrado nos números de W. Woytinski,<br />

sindicalista alemão e perito da Organização Internacional do Trabalho: em junho de 1932,<br />

segundo as avaliações dos sindicatos alemães, 47% de seus associados estavam<br />

desempregados no setor metalúrgico, 77% dos carpinteiros, 50% dos vidraceiros, 33% dos<br />

químicos 2 ...<br />

Uma última série de considerações se faz necessária: da redução autoritária de horas, com

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