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ambições reformistas procediam de outros princípios; alguns sublinharam que estes se<br />
opunham a boa parte do sonho americano, conduzindo à mediação federal autoritária nas<br />
relações privadas.<br />
3. As economias militares (Alemanha, Itália, Japão)<br />
Os elementos comuns aos três países são a cartelização industrial submetida ao mundo<br />
militar; a busca decidida de auto-suficiência, ou antes de autarquia, numa perspectiva<br />
expansionista; o centralismo bancário e as manipulações monetárias (no Extremo Oriente, a<br />
depreciação sistemática do yen; na Europa, os controles das trocas e depois a criação de<br />
canais paralelos para a circulação nacional e internacional) e o controle rigoroso das<br />
importações e das exportações.<br />
Enquanto a expansão japonesa avança sem modificação do estatuto dos trabalhadores, o<br />
mesmo não acontece na Alemanha e na Itália: ao corporativismo dos sindicatos italianos<br />
respondem as medidas alemãs que suprimem, em 10 de maio de 1933, todas as organizações<br />
operárias e patronais e criam a Frente do Trabalho, em que todos os participantes da vida<br />
econômica são enquadrados. Não podemos deixar de sublinhar o sucesso aparente, a curto e<br />
médio prazo, dessas medidas autoritárias ou totalitárias: a Alemanha rapidamente reabsorve<br />
seu imenso desemprego, o Japão vê sua indústria de bens de infra-estrutura, bastante<br />
incentivada, chegar às alturas, enquanto a Itália apresenta resultados mais variados – a moeda<br />
é levada à desvalorização em 1936 e cada vez mais o país se submete a seu aliado germânico.<br />
4. Do bloco-ouro às Frentes Populares<br />
Dissemos que certo número de países europeus havia ficado preso, durante a derrocada<br />
monetária, à manutenção da paridade-ouro de suas moedas. Nesse grupo, estavam França,<br />
Itália, Países Baixos, Bélgica, Suíça e algumas nações da Europa do Leste. Esses países<br />
pagaram caro por tal apego durante os anos de 1933 a 1936, pois as desvalorizações<br />
sucessivas da libra esterlina e do dólar de maneira intensa e repentina encareceram seus<br />
preços nas trocas mundiais – como recusam a desvalorização, são obrigados a abater seus<br />
preços e rendimentos limitando as despesas públicas e procedendo a baixas mais ou menos<br />
autoritárias, numa política de deflação interna. À medida que o tempo passa, as queixas se<br />
multiplicam em meio ao marasmo circundante; um pânico financeiro em março de 1935 impõe<br />
a desvalorização à Bélgica.<br />
A situação francesa não era muito melhor, e os acessos de desconfiança em relação ao<br />
franco levam a um último esforço deflacionista do governo Laval, que reduz autoritariamente<br />
10% dos pagamentos do Estado – dentre os quais os ordenados dos funcionários – e inúmeros<br />
preços. A inversão política da Frente Popular – precedida pela Frente Popular espanhola –<br />
pode ser caracterizada pela idéia de estimulação do poder de compra e um intervencionismo<br />
bastante moderado. Não fizera Léon Blum uma distinção entre o exercício e a conquista do<br />
poder? Segundo seu ponto de vista, o momento não era de socialismo, e a coligação da Frente