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medidas desesperadas de Von Papen 5 são tomadas; nos Estados Unidos, a produção industrial<br />
sobe 16% entre 1932 e 1933, apesar de metade da capacidade de produção continuar<br />
inutilizada. Esses dois exemplos, aos quais podemos acrescentar a recuperação paradoxal de<br />
1935 na França segundo A. Sauvy, que vê a produção voltar a crescer ao mesmo tempo em<br />
que são assinados os famosos e deflacionistas “decretos Laval”, bastam para mostrar que as<br />
ações governamentais podem favorecer ou entravar reviravoltas conjunturais que lhes são<br />
externas.<br />
Em toda economia de mercado existem forças de refreamento que desaceleram o processo<br />
de retração, capazes, ao lado de outras, de inverter a conjuntura. Ao lado das primeiras,<br />
encontramos mecanismos que aos poucos levam certos agentes econômicos a retomar uma<br />
atividade mais estável. Num primeiro momento, à medida que os preços e a atividade baixam,<br />
os detentores de dinheiro líquido vêem seu patrimônio crescer em valor, seu poder de compra<br />
se fortalecer, e o entesouramento se tornar menos interessante. A seguir, as falências e as<br />
liquidações de empresas oferecem àqueles que ainda tinham meios a ocasião de compras<br />
vantajosas, a um preço às vezes irrisório, de equipamentos em bom estado. O fracasso de um<br />
possibilita, portanto, a rentabilidade de outros. Esses mecanismos são controversos, mas basta<br />
constatar que as baixas de preços e de atividade sempre fazem beneficiários que, a qualquer<br />
momento, se tornam capazes de “reiniciar a máquina”.<br />
A inversão da conjuntura é preparada dessa maneira. Em termos técnicos, podemos dizer<br />
que a produção se torna cada vez mais elástica, isto é, capaz de reagir a estímulos, como, por<br />
exemplo, a uma retomada da demanda. <strong>De</strong> fato, esta não poderia deixar de recomeçar: as<br />
despesas de consumo são parcialmente irrefreáveis, e os agentes econômicos são obrigados<br />
pouco a pouco a utilizar suas reservas (poupança). Da mesma forma, nos níveis reduzidos da<br />
produção, uma certa necessidade de renovação dos equipamentos e das instalações acaba se<br />
fazendo sentir. Podemos ver surgir, ao mesmo tempo, oportunidades de escoamento e uma<br />
recuperação da rentabilidade, suscetíveis de pôr em marcha, após um período de pausa, um<br />
outro processo auto-alimentado: a volta da expansão.<br />
Esses mecanismos não deram muito certo em 1932-1933. As recuperações foram efêmeras,<br />
não trouxeram melhoras e, na maioria das vezes, passaram despercebidas pelo público. A<br />
crise, longe de se orientar em direção a uma reabsorção generalizada e cumulativa, isola as<br />
economias desunidas que recomeçam sobre bases precárias. Em 1937-1938, um novo recuo<br />
violento da atividade coloca a economia americana uma última vez em primeiro plano; a<br />
produção industrial cai 30%, enquanto o desemprego cresce de maneira espetacular.<br />
III. A crise financeira americana: <strong>1929</strong>-1933<br />
Diversos autores tentaram quantificar os efeitos da derrocada de Wall Street. Dois desses<br />
efeitos são claros: a baixa de valor do patrimônio e, portanto, do poder de compra para os<br />
especuladores arruinados, o que se reflete num enfraquecimento da demanda; e o esgotamento<br />
direto de uma fonte de financiamento para as empresas. Nenhum desses efeitos parece<br />
suficiente para explicar a retração geral da economia americana.<br />
A atividade industrial enfraquece a partir do verão de <strong>1929</strong>. O auge da produção<br />
automotiva fora atingido no mês de março, com 622 mil veículos; em setembro, o nível já não