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toda uma gama de arranjos e pressões – que vai de acordos impostos ou negociados a<br />
regulamentações administrativas coloniais, de mercados reservados a intervenções diretas –<br />
comprova uma intensa atividade ocidental que compreende dois aspectos contrastantes. Por<br />
um lado, um relativo retraimento, como, por exemplo, dos capitais, que demonstra que a partir<br />
de então o mercado interno é mais importante para as metrópoles; por outro lado, um “recuo<br />
imperial” muitas vezes amplificado (para aqueles que acreditam ter os meios para tanto), que<br />
consiste em privilegiar as colônias nas trocas externas, isto é, retomar sua valorização numa<br />
base mais ampla. O caso inglês vê a preeminência do retraimento, enquanto a França inaugura<br />
com estrondo a Exposição Colonial de 1931, ápice simbólico de sua atividade ultramarina, e<br />
retoma o financiamento público de trabalhos de infra-estrutura na África. Retrospectivamente,<br />
fica claro que o retraimento teve mais futuro, mas, apesar dos inegáveis esforços, o recuo do<br />
Império se revelou em grande parte mítico, repousando numa complementaridade ilusória<br />
entre produtos de base e manufaturados. O recuo do Império foi comercial e limitado; seus<br />
resultados continuam ambíguos.<br />
Quase em toda a periferia colonizada, os colonos brancos promoveram um impulso<br />
industrial local, cuja rápida expansão não deve mascarar seu acanhamento. A crise deixa vago<br />
um espaço nacional de transformação industrial, e, se o financiamento se revela difícil, fica<br />
claro que os países novos que se lançam na aventura não têm muito a perder. Assim, a Índia,<br />
apoiando-se em autóctones europeizados, vê um claro crescimento de suas atividades<br />
manufatureiras – bem como a Argentina e os “domínios” brancos, estando o Canadá à parte.<br />
A evolução da agricultura coloca em causa o destino de todas as populações indígenas e<br />
também faz surgir uma grande diversidade de situações. Duas evoluções parecem<br />
características: por um lado, a conservação de mundos agrícolas separados, com tendência a<br />
certa autarquia, numa esclerose pré-industrial ou, pelo contrário, com o desenvolvimento de<br />
“cistos” modernos sem laços aparentes com a sociedade na qual se inserem; por outro lado, e<br />
aqui a crise tem um papel indiscutível, tensões e influências recíprocas justapõem as<br />
desintegrações e as tentativas reformistas.<br />
Um exemplo importante dessas tensões aparece no recuo da economia de escambo na<br />
África negra e na monetarização de setores antes excluídos da zona das transações comerciais.<br />
A economia de escambo designa as permutas (bastante praticadas na colonização do século<br />
XIX) entre indígenas, que entregam o produto de suas culturas ou de suas caças, e sucursais<br />
que lhes fornecem diversos artigos manufaturados de baixo valor. Seu mecanismo básico<br />
parece ter sido fiscal. Diante da queda dos rendimentos decorrente das trocas internacionais,<br />
as administrações coloniais se remetem à base potencial da produção interna e dos<br />
rendimentos indígenas, obrigando esses últimos a um esforço de contribuição monetária e,<br />
portanto, a uma monetarização de suas atividades. <strong>De</strong>corre disso uma progressiva<br />
desagregação das estruturas tribais tradicionais e uma transferência de parte das dificuldades<br />
econômicas para populações incapazes de adaptação: no fim das contas, um quase trabalho<br />
forçado e uma grande pauperização dos campos, conforme apontado por inúmeros<br />
observadores.<br />
Algumas tentativas reformistas, minoritárias, exploram as vias para uma nova integração<br />
camponesa, sendo a mais notável a de Cardenas no México, que organiza nos anos 1930<br />
redistribuições de terras em larga escala (20 milhões de hectares a 1 milhão de famílias) e